A passageira não esperava por essa resposta a 10 mil metros de altitude

Histórias
3 horas atrás

Voar pode ser uma mistura curiosa de empolgação e estresse. Seja a caminho das férias ou voltando para casa, estar espremido em um “tubo de metal” com centenas de desconhecidos pode revelar o melhor — e o pior — das pessoas. E esta é uma dessas histórias: um insulto ousado, uma resposta inesperada e um voo que uma passageira certamente nunca vai esquecer.

Perdido sem entender uma palavra — ou assim ela pensou

No meu voo de volta para casa, me sentei na janela ao lado de uma senhora simpática e sua filha, que me olhou com desprezo. Me desculpei por fazê-las levantar para eu passar. A mãe sorriu, mas a filha me xingou em outra língua.

Não dei muita importância até perceber que ela estava me xingando em uma língua que eu, na verdade, conhecia. Não sou fluente em francês, mas entendo bastante. E ela estava me chamando de “altão idiota”. Fingi que não tinha ouvido nada, mas assim que o avião decolou, escutei a garota reclamando em francês.

Ela estava reclamando sobre o incômodo de ter me deixado passar. E não parava de remoer a história. A mãe até tentou acalmá-la, mas não adiantou. Pelo visto, as duas achavam que eu não entendia uma palavra do que diziam.

Uma lição de boas maneiras a 10 mil metros de altitude

Quando o avião atingiu altitude de cruzeiro, vi a filha se esticando toda para tentar olhar pela janela. Estava na cara que ela queria ver as nuvens e a cidade lá embaixo. Foi aí que decidi que ela não veria nada. Me inclinei para frente, só o suficiente para bloquear a visão dela. Ela se remexia, tentando espiar por cima do meu ombro, mas eu continuei imóvel.

Não fui ao banheiro nem aceitei lanche — queria me dedicar 100% a essa missão boba e mesquinha. Durante todo o voo, ela continuou reclamando, primeiro em francês, depois em inglês com a comissária de bordo que lhe trouxe água. Me chamou de “grosseiro” e “egoísta” (e outras coisas bem piores em francês).

A pobre mãe parecia desconfortável, mas não discutiu com a filha. E eu só pensava: “Se apenas você soubesse que eu entendo cada palavrinha que está dizendo”.

Nunca se sabe quem pode entender você

Quando começamos a descida, dava para ver que a filha estava cada vez mais irritada por não ter conseguido dar sequer uma espiada pela janela. Quando finalmente pousamos e o sinal do cinto de segurança apagou, me levantei e peguei minha mochila. Ela me lançou o olhar mais venenoso possível quando me virei. Foi nesse instante que decidi revelar meu segredo.

Em francês claro e direto, falei: “Espero que da próxima vez você consiga ter uma visão melhor”. A garota congelou. Ficou claro que ela sacou na hora: eu tinha entendido cada insulto que ela tinha soltado durante o voo. Os olhos dela arregalaram, e ela começou a gaguejar de surpresa. Apenas sorri com educação e agradeci à mãe — também em francês — por ter sido tão gentil e paciente.

As duas ficaram me encarando, completamente chocadas. Foi, provavelmente, uma das coisas mais mesquinhas que já fiz, mas confesso que senti uma certa satisfação. Talvez eu tenha descido ao nível dela, mas pelo menos a garota aprendeu uma lição: nunca se sabe quem pode entender você — mesmo quando acha que está falando sem que ninguém entenda sua língua. Para ser sincero, não me arrependo nem por um segundo de ter bloqueado aquela janela.

Agradecemos por compartilhar sua história conosco! E aqui vão algumas dicas que podem ajudar você a lidar melhor com situações parecidas no futuro:

O poder da elegância e do amor-próprio: lições de vida aprendidas em um voo desconfortável

Todos nós passamos por situações em que o comportamento alheio desafia nossa paciência. Mas a forma como reagimos a elas pode nos ensinar lições valiosas sobre respeito, elegância e o impacto da gentileza.

  • Defenda-se com classe: Você não precisa comprar uma briga, mas tem todo o direito de se posicionar quando for desrespeitado. Faça isso com firmeza e dignidade.
  • Mantenha a calma em situações desconfortáveis: Algumas pessoas podem ser rudes sem nem perceber, mas manter a compostura e não deixar que isso lhe afete pode evitar muito estresse desnecessário. Você não pode controlar as atitudes dos outros, mas pode controlar sua resposta a elas.
  • Deixe a gentileza falar mais alto: Às vezes, um pequeno ato de bondade pode fazer o dia de alguém, mesmo que essa pessoa não mereça. Às vezes, isso pode “desarmar” o outro e deixar uma marca mais duradoura do que qualquer confronto.
  • Manter a compostura: Reagir com raiva acaba entregando o seu controle emocional ao outro. A calma, por outro lado, permite que você fique no controle.
  • Você merece respeito: Não permita que ninguém diminua você, mesmo que pensem que você não está ouvindo ou entendendo. Sua presença e valor não dependem da aprovação de ninguém, mantenha-se firme em quem você é. O amor-próprio começa quando você age em sua própria defesa.

O avião é um daqueles lugares onde tudo pode acontecer — de situações inusitadas a pedidos completamente fora do comum. E quem melhor para compartilhar essas experiências do que os próprios comissários de bordo? Aqui você confere relatos surpreendentes, curiosos e até surreais de profissionais que já viram (e lidaram com) de tudo nas alturas.

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