A história por trás da novela “A Dona do Pedaço”, sobre a mulher que ficou milionária vendendo bolos

A Dona do Pedaço nos deixou com água na boca e os olhos marejados com as aventuras da Maria da Paz, a boleira que deu uma guinada em sua vida. Com uma origem bastante simples, ela jamais poderia pensar que seu trabalho, vendendo bolo em um carrinho, pudesse ser o início de uma rede de lojas muito conceituada.

Por isso, hoje o Incrível.club conta a trajetória de Cleusa Maria da Silva, empresária brasileira que é uma mulher real. Sua vida inspirou a criação da personagem Maria da Paz, interpretada por Juliana Paes. Essa história pode ser tocante e nos fazer admirar os mais lindos e doces sonhos! Prepare-se!

Origem simples, personalidade sonhadora e muito trabalho fizeram dela A Dona do Pedaço

Além de duas boleiras com nomes semelhantes, ambas tiveram em sua trajetória a simplicidade em suas vidas. Trabalharam como empregada doméstica e Cleusa foi a terceira geração de boias-frias de sua família.

Na sua infância, na mesa da família de Cleusa havia somente pão, água e macarrão. Faltava o sal, por exemplo. Eles moravam em um sítio em Bandeirantes, no Paraná, mas quando o pai dela faleceu as coisas ficaram ainda mais duras, pois a mãe e os dez filhos pequenos foram despejados da residência. A partir disso toda a família trabalhou como boia-fria, inclusive as crianças. Viviam em uma casa de dois cômodos que abrigava dez pessoas, com apenas duas beliches.

Cleusa se via nessa época como alguém insatisfeita com aquela situação, mas sempre sonhadora. Trabalhou por alguns anos na lavoura, em várias funções: cortadora de cana, capinando soja, colhendo algodão, sempre andando em um pau de arara.

Dentro dela havia uma convicção de que a vida mudaria, algum dia. Após um telefonema do tio, oferecendo ajuda para cuidar de uma das crianças, Cleusa acabou se mudando para a casa de seu familiar, em São Paulo. Na nova cidade conseguiu trabalho em uma casa com muitos funcionários. Trabalhou como doméstica, na função de arrumadeira. A família que a contratou também tinha motorista, passadeira e governanta.

As diferenças sociais que observava no dia a dia alimentaram seu desejo de mudança, por isso, Cleusa conciliou o trabalho com a retomada dos estudos e decidiu se matricular no supletivo, no período noturno.

A trajetória de Cleusa é tão inspiradora, que a produção da Rede Globo a procurou em uma das lojas para saber mais sobre a história da menina pobre que mudou de vida trabalhando com a venda de bolos.

Seus primeiros caminhos deram origem a uma das maiores empresas de bolos do país

O início na confeitaria foi um pouquinho diferente para Maria da Paz e Cleusa Maria. Enquanto na ficção Maria da Paz cresceu batendo bolo com a avó Dulce, Cleusa entrou na profissão praticamente por acidente.

Após a fase em São Paulo, Cleusa mudou-se para o interior paulista, foi viver na cidade de Salto. Ela já concluíra o oitavo ano na escola e começou a trabalhar em uma empresa de alto-falantes. No trabalho, acabou fazendo amizade com o gerente e sua esposa, que fazia bolos para vender. Essa senhora acabou virando sua patroa, já que um dia ela quebrou a perna e pediu para Cleusa fazer um bolo de casamento de 35 quilos. A mulher lhe ensinou a fazer o bolo e, sentada em uma cadeira foi explicando toda a receita. Cleusa nunca havia feito um bolo antes, até porque em sua trajetória nunca teve uma festa, pois bolo, para ela e seus familiares, era um luxo. Nessa época, sua mãe e seus avós ainda trabalhavam como boias-frias.

Foi assim que começaram a fazer bolos juntas. Cleusa não tinha dinheiro para comprar uma batedeira, mas a patroa lhe deu uma. Após dois anos, ela fez um acordo e com o dinheiro da rescisão abriu sua primeira loja, com o nome de Sensações Doces. O espaço era de 20 metros quadrados e ela trabalhava de domingo a domingo, de manhã até a noite.

No primeiro ano, a empresa não tinha nenhum funcionário. Cleusa fazia tudo de tudo, desde a preparação dos bolos até as vendas. Ela nunca imaginou que pudesse ir tão longe, mas conquistou a marca de uma das 50 maiores franquias do país, em lista divulgada pela ABF (Associação Brasileira de Franchising).

Cleusa recebeu o apoio de várias pessoas, e Ana Maria Braga é sua fã

Mesmo sem talvez ter notado, um cliente surgiu com uma ideia que ela nunca ouvira falar antes: franquia. Ele foi tão convincente que Cleusa acabou fazendo um curso sobre o assunto, em São Paulo. Quinze dias depois, o mesmo cliente acabou comprando a primeira franquia. Nos primeiros dois anos da empresa, ela tinha mais de 50 lojas nesse modelo.

A apresentadora Ana Maria Braga também teve envolvimento na vida de Cleusa, que nessa época tinha sua loja, mas buscava de alguma maneira retirar sua mãe da vida de boia-fria. Ao assistir ao programa matinal, Cleusa anotou uma receita de bala de prestígio. Foi essa dica de Ana Maria que fez a mudança na vida de sua mãe: em menos de seis meses ela estava fazendo a receita para vender na loja da filha e não precisou mais chegar em casa da lavoura com o rosto sujo. A apresentadora já declarou ser admiradora do talento e da garra de Cleusa.

Outro fato curioso foi como surgiu o nome da empresa, que contou com apoio de uma gerente. Ao tentar fazer o registro de sua marca no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) notou que uma empresa havia pedido para indeferir. Só depois descobriu que a tal empresa era a Nestlé, que registrou o chocolate Sensação. Cleusa ficou assustada, mas precisava pensar em outro nome e chegou a passar noites em claro com essa inquietação.

A gerente de sua loja a chamou, mostrou um guardanapo escrito Sodiê e lhe perguntou se o nome não lhe dizia nada. A funcionária encontrou a solução e lhe disse que a palavra era a união das primeiras sílabas dos nomes dos filhos de Cleusa: Sofia e Diego. A empresária ficou bastante emocionada com a ideia.

O sucesso veio, a empresa expandiu e toda a família está envolvida no negócio

Cleusa é uma mulher de sucesso e pôde mudar a vida de toda a família. Sua atitude foi a de incluir os irmãos na administração da empresa. Também comprou uma casa confortável para a mãe. O empenho na administração do negócio a levou a números impressionantes: sua marca de franquia tem mais de 300 lojas no Brasil e duas em Orlando, na Flórida.

Após tantos anos de trabalho, sua empresa é reconhecida como uma das maiores do seu segmento, sendo a maior franquia especializada em bolos artesanais do país. Além da internacionalização, Cleusa iniciou uma expansão nos segmentos de delivery e nos salgados, com a criação da Sodiê Salgados Café, comandada por Diego Rabaneda, filho da empresária. O objetivo é também vender salgados integrais e veganos.

Sucesso consagrado e fonte de inspiração para outras mulheres que buscam realizar seus sonhos profissionais

Além de ter inspirado o sucesso global de Walcyr Carrasco, Cleusa foi convidada pelo SBT para participar do programa Bake Off Brasil e desafiou os participantes do reality culinário com uma prova que pudesse despertar nos confeiteiros a elaboração de bolos autorais que fossem sucesso de vendas, como as criações da empresária.

Com tanta experiência adquirida, Cleusa também foi convidada pela Nestlé para ser jurada do concurso que escolheu profissionais da área e os premiou pelo melhor bolo de aniversário do século.

Você conhece alguma mulher com uma história tão inspiradora quanto a de Cleusa, que deu origem à personagem de A Dona do Pedaço? Comente conosco! Quem sabe ela seja tema de um artigo nosso no futuro?!