9 autores que ficaram famosos no mundo inteiro com um único livro
Não é tão fácil encontrar, entre vários escritores mundialmente famosos, aqueles que acertaram o alvo de primeira e, mais ainda, por uma única vez. Mas nós decidimos fazer uma pesquisa, exercitando um pouco, também, nosso conhecimento. A princípio, não se suspeitava que o autor do romance Shantaram teve seu manuscrito rasgado em pedaços duas vezes, assim como não sabíamos que Anna Sewell, 150 anos atrás, chamava a atenção para os maus-tratos com os animais.
Nós do Incrível.club achamos que muitas dessas histórias têm a capacidade de inspirar aqueles que pensam em escrever livros há algum tempo, mas por algum motivo ainda não o fizeram. Porém, como diz o ditado, por que não?
1. Margaret Mitchell e E o Vento Levou (1936)
Margaret Mitchell decidiu escrever o romance E o Vento Levou por acaso. Devido à uma lesão no tornozelo, ela se viu presa à cama por tempo indeterminado e, sem muitas opções, foi lendo livro atrás de livro. John, seu marido, ia à biblioteca mais próxima encontrar novos romances para ela. Quando se cansou de carregar para lá e para cá pilhas de literatura, ele sugeriu que a esposa escrevesse a própria obra em vez de ler centenas de outros autores.
Margaret não tinha certeza se valeria a pena datilografar todo aquele trabalho. Conforme uma das versões, uma jovem escritora a incentivou a publicar o manuscrito. Ela foi convidada para a casa de Mitchell e, durante a conversa, alfinetou a dona da casa, dizendo: “ah, essa daí nunca vai escrever um livro”. O romance, no entanto, se tornou um bestseller no segundo dia logo após sua publicação e, em 1937, a escritora recebeu o prêmio Pulitzer.
2. Mary Shelley e Frankenstein: ou o Moderno Prometeu (1818)
1816 é conhecido como o ano sem verão. Mary Shelley e seu famoso marido (o poeta Percy Shelley) aceitaram o convite do Lorde George Byron para visitar sua vila que havia sido alugada.
“O verão foi úmido e gelado”, recordava Mary, “a chuva constante nos mantinha em casa o dia inteiro”.
Os involuntários reféns do clima passavam dias lendo textos em voz alta e depois abriam uma discussão sobre a leitura. Um belo dia falavam sobre os experimentos de Luigi Galvani, que eletrocutava organismos mortos, forçando-os a “reviver”. E foi então que Lord Byron propôs a cada um de seus convidados um pequeno entretenimento, o de escrever uma “história sobrenatural”, e depois lê-la em voz alta. Mary começou a pensar na história e a ideia do “Frankenstein” apareceu em um de seus sonhos.
3. Gregory David Roberts e Shantaram (2003)
Em 1978, quando ainda estava longe de ser um escritor, Gregory Roberts foi preso por cometer uma série de assaltos. Dois anos depois da sentença, ele fugiu para Bombaim onde viveu 10 anos de sua vida. E foi preso novamente ao desembarcar em Frankfurt. Dessa vez, Robert decidiu começar a vida do zero.
Foi na prisão que ele começou a escrever Shantaram, mas por duas vezes teve seu manuscrito destruído em pedaços pelos carcereiros. Na segunda, Gregory disse: “A única coisa capaz de ser feita é perdoar aquele que destruiu o trabalho da minha vida”.
Em 1997, Robert foi libertado e, depois de alguns anos, o livro foi finalmente publicado. Hoje em dia, a obra já foi traduzida em mais de 40 línguas. Apesar de sua fama e reconhecimento, o escritor não procura exposição com jornalistas, e explica sua posição dizendo que seu romance já fala mais do que o suficiente.
4. Arthur Golden e Memórias de Uma Gueixa (1997)
O escritor norte-americano publicou seu romance em 1997. No prefácio, escreveu seus agradecimentos: “Eu devo isso a uma pessoa específica mais do que outras. Mineko Iwasaki foi quem corrigiu meus equívocos sobre a vida das gueixas. Obrigado por tudo”.
Quando Memórias de Uma Gueixa foi traduzido para o Japonês, Mineko Iwasaki entrou com um processo contra Golden. De acordo com o inquérito, o escritor violou o acordo de confidencialidade, mencionando seu nome e causando danos à sua reputação. Descobriu-se que a senhora Iwasaki foi uma gueixa em Kyoto, e ainda em 1992 participou de uma grande entrevista com Arthur Golden.
Mineko exigiu que ele removesse seu nome do prefácio e escreveu em resposta a autobiografia Minha Vida como Gueixa.
5. Zelda Fitzgerald e Esta Valsa é Minha (1934)
Em 1932, Zelda estava no hospital psiquiátrico Henry Phipps, em Baltimore, e durante um sopro criativo escreveu em apenas 6 semanas seu romance inteiro. Quando Francis Scott Fitzgerald (escritor e marido) soube que sua esposa havia enviado o manuscrito para a editora, ficou furioso.
O que acontece é que o livro foi escrito baseando-se nos registros pessoais do diário de Zelda, os quais o escritor já pensava em usar em seu novo romance Suave é a Noite. Ele já havia feito isso antes, e não só uma vez, mas mudando os nomes reais das pessoas listadas para fictícios. Depois da publicação de Esta Valsa é Minha, Scott chamou a obra de plágio e a mulher de “escritora de terceiro grau”.
6. Anna Sewell e Diamante Negro (1877)
Quando Anna ainda estava na escola, sofreu um acidente e feriu o tornozelo gravemente. Durante sua vida inteira, ela não conseguia ficar de pé ou andar sem muletas. A fim de ter mais conforto em sua vida, andava de carruagem puxada a cavalo. E foi assim que começou seu amor por esses animais.
Ela começou a escrever Diamante Negro depois de completar 50 anos de idade. Nesse momento, sua saúde estava muito prejudicada e, por isso, tinha dificuldade para escrever. Assim, ditava o texto à sua mãe. Graças a publicação do romance, o público voltou sua atenção para o problema recorrente dos maus-tratos aos cavalos.
7. François Rabelais e Gargântua e Pantagruel (1532 — 1564)
Em 1532, o licenciado em Medicina François Rabelais, de 39 anos, publicou um livro sobre o bom gigante comilão, Pantagruel, e suas ações e façanhas “pavorosas e assustadoras”. Logo em seguida, saiu o segundo livro Gargântua.
Representantes da igreja católica condenaram o romance pelo teor satírico e proibiram sua impressão, distribuição e leitura. Rabelais, que havia escrito ambas as partes sob o pseudônimo de “Alcofribas Nasier” (em Francês, Alcofribas Nasier é um anagrama do nome François Rabelais), começou abertamente a escrever a terceira, e depois as duas últimas. Aparentemente, ele deve ter seguido o princípio de que “A melhor publicidade é a própria propaganda”.
8. Harper Lee e O Sol é Para Todos (1960)
Harper Lee chegou a Nova York com o sonho de se tornar uma grande escritora. Em dezembro de 1956 ela recebeu uma carta de amigos, a qual continha um belo presente, que era um salário para um ano inteiro. No envelope havia uma mensagem: “Você tem um ano de férias pagas para fazer aquilo que quiser. Feliz Natal”. No prazo acordado, o rascunho do manuscrito estava pronto.
O reconhecimento do romance foi uma grande surpresa para a autora: “Nunca pude imaginar um sucesso tão grandioso. Na verdade eu estava mais esperando por sua morte rápida e misericordiosa nas mãos dos críticos, mas ao mesmo tempo pensava: pode ser que alguém vá gostar dessa obra o suficiente para me dar coragem de escrever outras”.
9. Catherine Stockett e Histórias Cruzadas (2009)
Romance sobre as empregadas domésticas afro-americanas, que trabalhavam nas casas de pessoas brancas no início da década de 1960, e que por muito tempo foi rejeitado por editoras. Stockett o escreveu durante longos 5 anos, e depois foi recusada por inúmeras editoras (aproximadamente 60) por 3 anos consecutivos. Mas, como a própria Kathryn disse em uma entrevista para o The Guardian, ela deve ser uma pessoa muito teimosa mesmo, pois ao escutar “não” tantas vezes só decidiu insistir mais.
Na época em que Kathryn morava no estado do Mississippi, contrataram uma afro-americana, chamada Demetria, para educá-la. Isto a ajudou, mais tarde, a criar o tom e o humor certos nas páginas de seu livro, bem como a transmitir o estilo apropriado de discurso às heroínas do romance.
Se você tiver algum escritor para adicionar a essa lista, ficaremos felizes em acrescentar esse conhecimento à nosso seleção. E aproveite e nos diga: você tem algum livro não publicado no baú? Tem o sonho de mostrá-lo para o mundo?