10+ Tendências da era vitoriana que abalaram o século 19
A era vitoriana (1837-1901) foi um período de grandes mudanças sociais e inovações tecnológicas. Ela também produziu algumas das tendências de moda mais surpreendentes e desconcertantes da história. Aqui estão 15 exemplos mostrando por que esse período se destaca na evolução do estilo.
1. Para tingir tecidos, usava-se um pigmento mortal que continha arsênico
A mistura era conhecida como Paris Green e usada como pigmento para produzir tinta de parede e colorir vestidos. Embora os vitorianos estivessem cientes de que a exposição ao arsênico muitas vezes levava à morte, foi necessário um tempo surpreendentemente longo para que o produto químico fosse associado a esses trágicos resultados.
Era um tom de verde que ficava lindo nos vestidos, mas que, em contato com a água, liberava um produto químico fatal para as pessoas.
2. Era moda os costureiros enfeitarem as roupas com asas de besouro
Essas asas eram fáceis de coletar sem prejudicar os insetos, pois os bichos se reuniam naturalmente em grande número durante a época de acasalamento e depois morriam, deixando as asas para serem apanhadas sem grandes complicações.
Embora pareça esquisito em um primeiro momento, os vitorianos eram provavelmente atraídos pelas cores vibrantes, pelo brilho e pelo cintilar das asas. Essas partes dos insetos eram usadas como lantejoulas, acrescentando um toque único e atraente aos vestidos. Se não soubéssemos que eram asas de besouro, elas poderiam ser vistas simplesmente como um belo adorno.
3. Acessórios feitos de cabelo
Na era vitoriana, os acessórios de cabelo eram frequentemente associados ao luto. Geralmente, eram usados por pessoas que sofriam pela perda de um ente querido. No entanto, esses objetos também ganharam popularidade entre as pessoas comuns, servindo como lembranças sentimentais. Eles transmitiam mensagens de afeto ou de uma memória especial, homenageando um marido ou celebrando um filho que havia ido para a guerra, por exemplo.
As pessoas da era vitoriana criavam grande variedade de acessórios com cabelo humano, incluindo pulseiras de cabelo trançado, bolsas cobertas por cabelo e medalhões de vidro contendo mechas em seu interior. Tais criações combinavam sentimentos pessoais com um intrincado trabalho artesanal, refletindo a abordagem única da época em relação ao luto e à memória.
4. Pequenos pássaros empalhados em chapéus
Uma das tendências mais trágicas envolvia a decoração de chapéus com várias penas e até mesmo com pássaros inteiros empalhados. A crescente demanda por esses adornos levou a um declínio significativo nas populações de pássaros. Felizmente, foi uma moda que não durou muito. Os esforços de defesa dos animais empreendidos pela organização Audubon Society, assim como as campanhas publicadas na revista Harper’s Bazaar, ajudaram a aumentar a conscientização e a impulsionar medidas de preservação. Muitos desses movimentos foram liderados por mulheres que agiram como precursoras da PETA (entidade que luta contra os maus-tratos em animais) na era vitoriana, lutando para acabar com a exploração e proteger espécies de aves.
5. Espartilhos tão apertados que mudavam a anatomia das mulheres
Embora os espartilhos não causassem tantas mortes ou desmaios como até hoje se acredita, seu impacto sobre o corpo era mesmo considerável. Essas peças eram geralmente amarradas com tanta força que restringiam a respiração e levavam à atrofia muscular por limitarem os movimentos. Além disso, podiam alterar o formato da caixa torácica e a posição dos órgãos internos. Como resultado, o corpo de uma mulher do século 19 era significativamente diferente do corpo de uma mulher contemporânea.
Felizmente, tais alterações não necessariamente tornavam as mulheres mais suscetíveis a doenças ou encurtavam suas vidas. A imagem acima ilustra a maneira como os médicos acreditavam que os espartilhos deformavam o organismo. Embora as mudanças corporais não fossem tão extremas quanto eles pensavam, os espartilhos ainda produziam efeitos perceptíveis e incomuns no corpo.
6. Saias volumosas que causavam estragos por onde passavam
Após a era das silhuetas esguias vistas nos filmes de Jane Austen, as saias começaram a ganhar volume drasticamente nas últimas décadas do século 19. Elas ficaram tão grandes que nem mesmo várias camadas de tecido conseguiam obter o efeito desejado. Isso levou à introdução da crinolina, uma estrutura semelhante a uma “gaiola” feita de anéis de aço conectados por tecido. A crinolina proporcionava a forma esperada e dava o volume aos vestidos, criando o visual característico da época, marcada pelas amplas saias.
A crinolina daria às mulheres mais mobilidade nas pernas, mas isso apenas em teoria. As saias se tornaram tão excessivamente largas que passar por portas ou entrar em carruagens muitas vezes representava para as usuárias o risco de ficarem presas. Algumas fotografias da época até destacavam com humor o absurdo desses vestidos excessivamente volumosos, registrando as dificuldades e os contratempos causados por seu imenso tamanho.
7. Roupa íntima com aberturas
Roupas íntimas têm o objetivo de proteger uma das partes mais delicadas do corpo, mas as calcinhas da era vitoriana, que geralmente tinham aberturas, podem não ter cumprido esse objetivo se observadas a partir dos padrões atuais. No século 19, o ritual de vestir de uma mulher era longo e complexo, envolvendo várias camadas de saias sobre uma crinolina. Para facilitar o processo de aliviar as necessidades fisiológicas, a roupa íntima era projetada com uma conveniente abertura. Hoje, a prática seria vista como contrária aos conceitos de proteção e discrição.
8. Todas as crianças, independentemente do gênero, usavam vestidos até os 4 anos
Do nascimento até por volta dos 4 anos, as crianças usavam vestidos adornados com babados e rendas. A extensão desses detalhes geralmente sinalizavam a riqueza e o status social da família. Era costume demonstrar riqueza por meio das roupas das crianças. Tanto meninos quanto meninas usavam vestidos nesse período, o que pode parecer incomum hoje em dia, já que a moda infantil contemporânea tende a ser mais individualizada e prática.
9. “Uma mulher com uma anquinha nunca consegue se sentar em uma posição natural”
Depois da crinolina, a anquinha ganhou espaço nas décadas de 1870 e 1880. Essa roupa de baixo acolchoada criava uma silhueta exagerada na parte de trás do quadril, às vezes projetando-se em um ângulo de 90 graus em relação ao corpo.
10. A moda do luto
Durante a era vitoriana, a expectativa de vida da classe média era de cerca de 45 anos, com a morte frequentemente presente devido a guerras e epidemias como cólera, tuberculose, sífilis e varíola. Era comum que as pessoas ficassem de luto várias vezes ao longo de suas vidas, o que levou ao desenvolvimento de uma moda específica para tais momentos.
As mulheres de classe média geralmente não tinham condições de comprar vestidos pretos novos imediatamente após a morte de um parente, por isso tingiam de preto as roupas que já tinham. O traje de luto exigia botões e joias escuras. Além disso, se fosse financeiramente possível, as mulheres ainda usavam pérolas ou pedras pretas. As joias feitas com cabelo do falecido eram uma exceção à regra. Segundo as rigorosas regras de etiqueta, mesmo que uma mulher em luto desejasse se casar, seu vestido de noiva deveria ser preto, refletindo os costumes sombrios da época.
11. Elas usavam “calções”
Inicialmente divulgadas pela ativista Amelia Bloomer, essas peças eram usadas sob saias mais curtas e tinham o objetivo de libertar as mulheres dos restritivos vestidos. No entanto, elas foram amplamente ridicularizadas e nunca foram aceitas pelo público em geral.
Nem precisamos ir tão longe para encontrar modismos questionáveis, afinal, os anos 2000 foram um verdadeiro laboratório de experimentos ousados. Entre franjas incômodas e saias em camadas, muitas tendências daquela época nos fazem perguntar: o que estávamos pensando? Mas por trás de cada peça polêmica, há uma história curiosa e, às vezes, até nostálgica. E se você acha que já viu de tudo, espere até redescobrir algumas desses estilos icônicos que marcaram a década.