10+ Modelos que jogaram os padrões estéticos pela janela e mesmo assim fizeram sucesso

Arte
há 1 ano

Antes famosa por apresentar sempre um mesmo padrão corporal, a indústria da moda tem buscado se tornar cada vez mais inclusiva. E não apenas no quesito racial: os novos tempos demandam representatividade para todas as formas de corpo, idades, gêneros e grupos culturais. Nós já podemos ver alguns bons exemplos de modelos que se desviam dos antigos padrões da moda, para mostrar uma beleza que muitos de nós não estamos habituados a ver. Vamos conhecer alguns deles!

1. Sabina Karlsson

Sabina nasceu e cresceu na Suécia, onde foi descoberta num salão de cabeleireiros aos 4 anos de idade. Quase que imediatamente ela começou a trabalhar como modelo e cresceu equilibrando os estudos com os desfiles — inclusive em Milão e Paris. Mas foi por volta dos 17 anos, com seu corpo se desenvolvendo, que ela começou a enfrentar problemas. Ela precisou perder peso para se manter no “padrão”. “Eu estava sempre lutando contra meu corpo. Não era natural para mim ser tão magra”.

A partir de 2010, Sabina começou a atuar como modelo plus size. Se antes ela precisava se manter no manequim 6, agora ela passou a ser muito bem aceita no manequim 12 ou 14. “Acabei percebendo que há muitas maneiras diferentes de ser bonita, mesmo que isso soe como um clichê”. Além do corpo, as marcas registradas de Sabina são as sardas e o cabelo volumoso e avermelhado. Sabina é casada e mãe de um filho, com quem, inclusive, já posou para a Vogue.

2. Alek Wek

Alek nasceu no Sudão, um país da África, em uma família muito pobre — sua casa não tinha eletricidade nem água encanada. Aos 14 anos, mudou-se com a família para Londres, onde estudou Moda. Seu primeiro trabalho de grande visibilidade foi no clipe musical GoldenEye, da Tina Turner, em 1995. Alek se destaca pela sua aparência que desafia os padrões: pele bem escura, cabelos curtos, olhos ovalados castanhos, ossos da bochecha sobressaltados e dentes muito brancos.

Mais do que se destacar pela sua aparência, Alek é uma inspiração para as pessoas pretas. A modelo já desfilou para estilistas como Chanel, Hermes, Donna Karan, Christian Lacroix e Zac Posen. Já foi capa das revistas Elle, Glamour, Cosmopolitan e Essence. E estrelou campanhas da Benetton, Kenzo e Saks Fifth Avenue. A apresentadora Oprah Winfrey certa vez afirmou que “se Wek estivesse na capa de uma revista quando eu estava crescendo, eu teria tido um conceito diferente de quem eu era”.

3. Marquita Pring

Marquita é uma modelo plus size americana que também teve sua luta contra o próprio corpo, tentando fazê-lo se encaixar nos manequins 14/16, o padrão do mundo da moda. Ela então percebeu que não estava sendo uma pessoa feliz mantendo aquela dieta e exercícios, e passou a buscar um estilo de vida mais saudável. “Eu realmente comecei a deixar meu corpo naturalmente se tornar o que ele queria se tornar de uma maneira que eu realmente, realmente gostei”, disse ela.

Assim, ela foi trocando os exercícios extenuantes por atividades físicas que lhe davam prazer: caminhar ao ar livre, andar de patins e bicicleta e jogar basquete. Aliás, esse foi o esporte que, quando jovem, a fez aceitar melhor seu corpo e vencer o bullying. O resultado do novo manequim foi estrelar a capa da revista Sports Illustrated Swimsuit Issue de 2020. “Quando você entra no seu eu mais verdadeiro e autêntico e faz coisas que você realmente, realmente ama, tudo se encaixa”.

4. Ericka Hart

Temos muita coisa para falar sobre a Ericka. Ela é uma mulher excêntrica, ativista das causas racial e queer, sobrevivente do câncer de mama, escritora, podcaster e, claro, modelo plus size. Uma de suas maiores bandeiras é posar para ensaios exibindo as cicatrizes da mastectomia como forma de conscientização. Dessa forma, ela busca desconstruir os padrões de beleza e chamar a atenção para as questões de saúde das pessoas pretas.

5. Blue Lindeberg

Blue é uma novaiorquina “da gema”, nascida e criada na cidade, mas com os pais da Suécia e da Itália — ambos estilistas. Ela é uma daquelas pessoas que simplesmente não conseguem ficar paradas. Ser modelo é a sua principal atividade, mas a Blue ainda divide o seu tempo sendo estilista, artista plástica, diretora criativa e até garçonete. “Eu gosto da estimulação... o nunca parar”, ela afirma. Assim como Georgia May Jagger e muitos outros modelos, ela exibe com naturalidade o espaço entre os dentes.

6. Iekeliene Stange

holandesa Iekeliene é mais uma que chama a atenção pelos dentes separados, mas não apenas isso. Ela tem uma aparência muito incomum para os padrões da moda, com os ossos da bochecha sobressaltados em contraste com a própria bochecha. A modelo ganhou manchetes em 2007, quando desfilava para o estilista Marc Jacobs. Seus sapatos estavam escorregadios demais, então ela simplesmente os tirou e continuou o desfile descalça e sob aplausos pela atitude.

7. Kelly Mittendorf

Tal como a Iekeliene, a ex-modelo americana Kelly tem uma beleza singular e quase andrógina. Os ossos da bochecha e da sobrancelha sobressaltados dão ainda mais destaque aos olhos puxados para cima. Kelly foi descoberta aos 11 anos, começou a modelar com 16 e passou por algumas dificuldades para se encaixar nos padrões da indústria. Depois de um tempo no mundo da moda, se aposentou, estudou Comunicação e Mídia e é uma lutadora pelos direitos das modelos.

8. Rain Dove

Já falamos sobre a Lea T, brasileira que foi a primeira modelo transgênero de sucesso. Já Rain Dove é uma pessoa não-binária, ou seja, não se identifica com nenhum dos gêneros, masculino ou feminino. Dove cresceu se sentindo deslocado na escola, onde ganhou um apelido ofensivo pela sua aparência masculina. Na idade adulta, ao perder uma aposta com uma amiga, começou a atuar como modelo. Mas as agências só chamavam Dove para participar de ensaios masculinos, o que era um incômodo.

Não demorou muito para que Dove conseguisse uma agência que lhe desse ensaios masculinos e femininos. O corpo de Dove quebra as expectativas da sociedade, fazendo-o caber perfeitamente em roupas de ambos os gêneros. “Não importa o que eu vestir, se foi minha escolha ou não, eu garanto que eu ainda serei eu”, afirma Dove. “Somos mais fortes que um tecido”.

9. Ísold Halldórudóttir

A islandesa Ísold conta que, por volta dos 12 anos, mantinha um cobertor cobrindo o espelho do seu quarto. Ela nunca havia se importado com as estrias na sua barriga, mas nessa época seu corpo passou a incomodar e causar vergonha do próprio reflexo. Ísold sentia vergonha em todos os lugares por quais passava, sentia-se olhada e julgada. E sentia falta de ver pessoas que se parecessem com ela na TV, na moda, em qualquer lugar.

As coisas começaram a mudar quando ela chegou aos 17 anos, começou a postar muitas fotos no seu Instagram e posar para amigos fotógrafos. Até que ela passou numa seleção para ser destaque em uma revista de moda, em 2016. A diretora e estilista Katie Grand a recebeu e a fez se sentir merecedora e pertencente àquele lugar. Desde então, Ísold tem feito trabalhos como modelo para várias marcas e sido um ícone do movimento body positive. Ela já não tem mais vergonha do espelho.

10. Kiker Chan

Modelo e estudante de Direito em Moscou, onde mora, Kiker exibe uma beleza incomum. Ela é uma pessoa com albinismo, por isso, tem a pele muito pálida, cabelos, sobrancelhas e cílios platinados, além de uma aparência muito carismática. Ela adora a cultura oriental, como animes, e até ensina japonês. Por sua condição, ela tem a visão muito fraca e precisa usar lentes, e também muito protetor solar para a pele extremamente sensível ao sol.

Kiker tem muitos fãs e admiradores, mas sua aparência excêntrica já foi motivo de incômodo para ela. Durante a adolescência, costumava pintar os cabelos e até mesmo os cílios para esconder suas características. Mas isso faz parte do passado, já que ela abraçou sua aparência e passou a viver com mais positividade. “Eu sou como uma tocha humana. Quando eu acendo, brilho tanto que ninguém pode me apagar. E não importa onde eu estou, em que época ou quem está ao meu lado”.

11. Souffrant Ralph

Nascido no Haiti, Souffrant mudou-se para Nova York aos 9 anos de idade. As sardas pelo seu corpo vêm de uma condição médica semelhante ao vitiligo, e fizeram com que o rapaz precisasse conviver com constantes olhares julgadores de estranhos. Devido a elas, sofreu muito com a zombaria das pessoas na infância, mas deu a volta por cima no ensino médio. Foi quando se apaixonou pelos exercícios físicos e passou a entender seu próprio corpo como uma obra de arte.

Ele conta que estava malhando num parque aos 13 anos quando o fotógrafo Aaron Taylor o viu e pediu para tirar fotos dele. Eles acabaram se tornando amigos e Souffrant se deixava fotografar gratuitamente à medida que ia aprendendo a ser modelo. Então Aaron criou um Instagram para Souffrant e assim começou a sua carreira.

“Agora sou grato pelas minhas sardas. No entanto, quando criança eu as odiava. Eu era provocado, encarado por estranhos e extremamente autoconsciente. Agora, as pessoas me abraçam e eu amo minha singularidade. Graças às minhas sardas eu posso sustentar minha família e tirar minha família da pobreza”.

12. Caitin Stickels

Caitin nasceu com uma condição médica raríssima chamada Síndrome de Schmid Fraccaro, ou Síndrome do Olho de Gato. Ela leva esse nome porque pode causar uma malformação na íris que a deixa parecida com a do felino — porém não afeta a visão. As malformações também podem ocorrer nas orelhas, coração, rins e quase todos os órgãos. As alterações no corpo são muito variadas, em algumas pessoas podem nem aparecer.

primeira pessoa com Síndrome do Olho de Gato a aparecer numa revista de moda de alta circulação foi a Caitin Stickels. Ela contou que sempre gostou de artes, mas não planejava especificamente ser modelo ou atriz. Um famoso fotógrafo, Nick Knight, descobriu o Instagram de Caitin e a convidou para uma sessão. Não demorou muito e ele lhe informou que conseguiram um editorial na V Magazine. A publicação despertou saudáveis discussões sobre os estereótipos da moda.

Nas palavras de Caitin: “É por isso que faço o que faço, porque, por um lado, acho que somos todos diferentes. Ninguém é o mesmo que o outro e ninguém é perfeito. Isso é o que nos torna tão incríveis de maneiras realmente diferentes”.

Se há algo que podemos concordar é que ninguém é perfeito. E se nossas imperfeições nos fazem tão especiais, que tal celebrá-las? Conte-nos qual é a imperfeição que te faz ser uma pessoa maravilhosa!

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