10 Exemplos da influência brasileira na música e no cinema mundial
Você sabe o que representa mais o Brasil do que futebol e samba? Muita coisa, já que a cultura brasileira é muito rica e não se limita a apenas esses dois ícones. Aliás, a arte brasileira conquistou o mundo e influenciou diversas produções gringas de sucesso. Neste artigo, exploramos algumas produções internacionais de sucesso que se inspiraram em artistas brasileiros de diversas áreas e até ganharam prêmios. Tem até casos de plágio, confira!
1. Juice WRLD misturou rap com bossa nova
Ouvir as palavras “rap” e “bossa nova” na mesma frase é como ver um vovozinho andando de skate e com dreadlocks no cabelo. Entretanto, isso é possível atualmente, porque vários artistas de hip-hop nos EUA estão usando samples de músicas brasileiras da bossa nova como base para as suas gravações. No caso, sample é um trecho de uma música reutilizado em outra, como Emicida fez quando colocou versos de uma canção de Belchior na sua música AmarElo.
Mas voltemos a falar dos EUA. Em 2019, o rapper Juice WRLD lançou a música Make Believe, que fez bastante sucesso por lá. Essa música tem um sample de um samba de 1963, Saudade Vem Correndo, por Luiz Bonfá. O fundador da gravadora de Juice WRLD, David Buttle, diz que é uma tendência atual. Para ele, “o balanço da bossa nova é totalmente diferente, você não consegue essa batida em nenhum outro lugar. A bossa e o samba-jazz são muito bem harmonizados, especialmente os vocais”.
Este vídeo mostra como o samba de Luiz Bonfá foi alterado para entrar em Make Believe. O mesmo recurso também foi usado por outros artistas, como Cuco, Kota the Friend e Hope Tala, para provar que a música brasileira, em especial a bossa nova, realmente virou moda lá fora.
2. A Vida de Pi foi inspirado em Max e os Felinos, livro brasileiro de 1981
Isso mesmo, a história do filme A Vida de Pi, de 2012, veio de um livro brasileiro, escrito por Moacyr Scliar, em 1981. Max e os Felinos conta as aventuras de um rapaz judeu que foge da Alemanha em direção ao Brasil e fica preso em um bote com uma onça. As semelhanças com o filme são inegáveis e o escritor Yann Martel, autor do livro adaptado para o cinema, confessou que se inspirou na obra de Moacyr. Ele apenas trocou o oceano Atlântico pelo Pacífico e a onça por um tigre.
3. Rebecca, A Mulher Inesquecível foi acusada de plágio de um livro brasileiro
Rebecca, A Mulher Inesquecível é um filme dirigido pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock e que até ganhou o Oscar de Melhor Filme de 1940. O longa, por sua vez, foi inspirado em um livro de mesmo nome, escrito por Daphne du Maurier, em 1938. Quando esse livro chegou ao Brasil, um crítico literário apontou que a história tinha muitas semelhanças com o livro A Sucessora, escrito por Carolina Nabuco quatro anos antes e que até virou novela em 1978, com Susana Vieira no papel principal.
Aliás, a semelhança mais marcante é a própria trama principal: uma jovem que se casa com um viúvo e a estranha presença da primeira esposa. Até mesmo o jornal The New York Times publicou um artigo apontando todas as similaridades entre os livros. Para encerrar a história, Daphne enviou representantes ao Brasil para negociar um acordo com Carolina (na foto acima), mas ela se recusou, justificando ser tudo apenas uma coincidência. Na verdade, ela estava satisfeita com a admissão de plágio pela autora.
4. Currency foi copiado de O Homem que Copiava
Jorge Furtado, diretor de O Homem que Copiava, estrelado por Lázaro Ramos, Leandra Leal e Luana Piovani descobriu um filme indiano que copiou o seu roteiro. O filme plagiador é Currency, dirigido por Swathi Bhaskar, que negou conhecer o filme brasileiro. No entanto, Jorge conta que, após receber vários prêmios, foi procurado por produtores indianos para vender os direitos da sua produção. Ele não aceitou as ofertas, por serem muito baixas, mas os gringos fizeram mesmo assim.
“Não é inspirado nem nada, eles copiaram o roteiro”, afirmou Furtado em uma entrevista. “Não é tudo igual, porque tem uns musicais no meio, como todo filme indiano tem”. Ele descobriu a cópia quando explorava o site IMDB e um amigo encontrou uma cópia na internet. Contudo, o diretor optou por não os processar porque o judiciário indiano é bem complicado. No fim, ele acabou brincando com a situação, dizendo que a cópia é bem careta e que ele não seria processado por baixar o filme pirata.
5. No Tomorrow é uma adaptação da série brasileira Como Aproveitar o Fim do Mundo
Muito diferente do caso O Homem que Copiava foi o que aconteceu com a série Como Aproveitar o Fim do Mundo, exibida pela Globo em 2012. Escrita por Fernanda Young e Alexandre Machado, a trama tem como protagonista Kátia (Alinne Moraes), que acredita em uma profecia que o mundo acabaria em 2012 e decide aproveitar para fazer tudo o que sempre quis. Por outro lado, Ernani (Danton Mello) é um cético que marca as férias para um dia antes do dito fim do mundo.
O canal americano CW foi pelo caminho correto: comprou os direitos da série brasileira para produzir No Tomorrow, com roteiro levemente diferente. A nova versão conta a história de Evie, que se apaixona por Xavier. Ele acredita que o mundo vai acabar em oito meses e doze dias, por causa de um asteroide. Então, eles decidem realizar juntos uma lista de desejos antes do apocalipse. É mais um ótimo exemplo de como a criatividade brasileira pode ser inspiradora para o mundo todo!
6. Pantera Negra teve Cidade de Deus como uma das inspirações
Agora, prepare-se, porque falaremos bastante de Cidade de Deus, um dos filmes mais premiados e respeitados no Brasil e no exterior. Começando por Ryan Coogler, diretor de Pantera Negra, que é um grande fã do filme brasileiro. Durante o Festival de Cannes em 2018, o cineasta afirmou que essa foi a primeira produção estrangeira que ele viu e quanto isso o impactou: “Fiquei impressionado com o filme ao ver rostos como o meu, que falavam como eu, mesmo sendo brasileiros”.
Aliás, o diretor deu como “tarefa de casa” para o ator Michael B. Jordan assistir Cidade de Deus, para a construção de seu personagem em Fruitvale Station: A Última Parada. Depois, quando o escalou para viver Killmonger, em Pantera Negra, Ryan disse ao ator querer que os meninos da Cidade de Deus se vissem representados na tela. O filme acabou se tornando um dos preferidos da vida dele também.
Para Michael, a história de seu vilão e dos personagens brasileiros são semelhantes: “Killmonger é um vilão com um passado, ele tem motivos para a revolta social e política que acaba sendo o centro da história. Creio que a trajetória dele é similar à de pessoas oprimidas em outras realidades, como o Brasil”.
7. Luke Cage também teve inspiração em Cidade de Deus
Contudo, antes mesmo da estreia de Pantera Negra, a Marvel lançou outro projeto que teve o seu primeiro super-herói negro: Luke Cage, que estreou na Netflix e migrou para a Disney+. Cheo Hodari Coker foi o diretor responsável por “convencer” os executivos do streaming a produzir a série e, para isso, ele usou um argumento muito interessante. “É como uma mistura do filme Barra Pesada com Cidade de Deus”, ele afirmou na reunião, de acordo com uma entrevista a Vulture.
Inclusive, Coker explicou que a inspiração de Luke Cage em Cidade de Deus está na ambientação da história. Ambas se passam inteiramente em uma região específica de uma grande cidade e as várias narrativas que acontecem na história se conectam entre si por meio da música.
8. DJ Chubby Chub fez um clipe com referência a Cidade de Deus
Falando em música, voltamos a mencionar as referências brasileiras no hip-hop dos EUA. Em 2018, o DJ Chubby Chub lançou, em parceria com Dynasty, o single Come This Way, parte do projeto We ❤ Baile Funk Vol.1. Foi um sucesso nas rádios americanas, mas também aqui no Brasil, já que eles vieram ao Rio de Janeiro para gravar o clipe. Além disso, os cantores chamaram Leandro Firmino, que interpretou Zé Pequeno em Cidade de Deus, para repetir seu papel no clipe. Uma bela referência.
9. Anime japonês se inspirou na história e estética de Cidade de Deus
Ok, prometemos que esse é o último tópico sobre Cidade de Deus. Dessa vez, as referências aparecem no anime Tekkonkinkreet, de 2006, baseado em um mangá. Nele, dois garotos órfãos lutam para afastar a sua cidade do controle da máfia japonesa. O diretor da animação, Michael Arias, detalhou em seu próprio site as referências que usou para o filme, incluindo o brasileiro Cidade de Deus.
A influência mais clara está no uso de imagens frenéticas, instáveis, como se alguém filmasse a história segurando a câmera na mão, como foi feito no filme brasileiro. Para Michael, imagens assim refletem o caos da cidade. Além disso, a estética das cores do cenário também foi inspirada nessa produção. O cineasta ainda falou da sua admiração por Fernando Meirelles, que dirigiu Cidade de Deus, e César Charlone, o responsável pela fotografia.
10. Y-no é o grupo japonês que canta pagode
É isso mesmo que você leu. Um grupo musical do Japão que toca e canta pagode. E tem mais: eles cantam em português! O Y-no se formou em 2006, com os seus seis integrantes vindos da mesma universidade e compartilhando uma paixão em comum, o pagode. Eles diziam que o ritmo é muito envolvente e até citam suas maiores influências: Fundo de Quintal, Beth Carvalho e, claro, Zeca Pagodinho.
O grupo começou cantando covers desses artistas, além de Art Popular e Revelação, mas logo lançaram seus originais. O primeiro deles foi Não Tem a Vontade de Perder, mas o que fez mesmo sucesso na internet brasileira foi o Querido Meu Amor. A primeira impressão é de estranhamento, pelo sotaque dos integrantes e alguns erros de português. Mas logo deixamos isso de lado para notar que eles realmente tocam bem! Agora, se eles sabem sambar como nós, deixamos para você julgar.