Consuelo de Saint-Exupéry, a salvadorenha que inspirou o livro “O Pequeno Príncipe”

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há 4 anos

O Pequeno Príncipe é uma das obras mais importantes da literatura universal. Com milhões de cópias vendidas e traduzida para mais de 170 idiomas, além de inúmeras adaptações para o teatro e cinema, é uma referência da cultura popular que conquistou o coração dos leitores. No entanto, por trás desta trama agradável há uma história de amor que poucos conhecem. Consuelo Suncín-Sandoval Zeceña foi a mulher que conquistou o escritor com tanta intensidade que se tornou sua “rosa”. No final deste post, um bônus sobre o mistério em torno do desaparecimento de Antoine de Saint-Exupéry espera por você.

O Incrível.club convida você a conhecer a vida da salvadorenha responsável por inspirar este maravilhoso trabalho literário e a relação de amor que viveu ao lado do escritor.

Consuelo de Saint-Exupéry

Nascida em 1901 sob o nome de Consuelo Suncín-Sandoval Zeceña, em Armênia, El Salvador, é proveniente de uma família de pessoas ricas que possuíam terras e plantações de café. Realizou seus estudos nos Estados Unidos, França e México. Nas horas vagas, dedicava-se à pintura e à poesia. Aos 19 anos, conheceu seu primeiro marido, Ricardo Cárdenas, enquanto estudava inglês em San Francisco.

Consuelo era dona de uma grande capacidade imaginativa, razão pela qual afirmava coisas em sua vida que não aconteceram na verdade. Ela inventou a morte de seu marido, pois pensava que se tornar viúva era mais bem aceito pela sociedade do que um divórcio. Mais tarde, ela manteria um relacionamento com José Vasconcelos, uma das figuras intelectuais mais importantes do México.

Na França, casou-se pela segunda vez com o diplomata, escritor e jornalista guatemalteco Enrique Gómez Carrillo, que morreu 11 meses depois, por causa de um derrame cerebral. Viúva aos 25 anos, viajou para a Argentina para viver a fortuna que seu falecido marido havia lhe deixado.

A alta sociedade francesa considerou-a amoral por ser uma mulher divorciada e viúva quando conheceu Saint-Exupéry, em 1930.

Casamento com Antoine

“Lembro-me dos olhos de minha esposa novamente. Nunca verei mais nada além desses olhos. Eles perguntam.”

Antoine e Consuelo se conheceram em Buenos Aires, graças a um amigo em comum que os apresentou. E foi uma flechada à primeira vista. Saint-Exupéry ficou encantado com ela e, no ano seguinte, eles se casaram. A união dos dois produziu rejeição pela família do escritor, especialmente da cunhada, que a descrevia como uma “vagabunda” e “uma condessa de cinema”.

Apesar da rejeição da família, Consuelo se tornou a musa e cúmplice de seu marido. Ela era uma mulher com senso artístico e muito sensível. Graças à sua personalidade encantadora, conseguiu contatos valiosos que ajudaram a recuperar a carreira de escritor de Antoine.

O casamento durou 15 anos, até a morte do autor. Foi um amor cheio de altos e baixos devido ao fato de que Antoine era piloto profissional e tinha constantes ausências. No entanto, Saint-Exupéry sempre voltava com sua esposa e eles passaram momentos de grande felicidade. Tal admiração foi incorporada em sua obra literária, especialmente em O Pequeno Príncipe, no qual seu grande amor está representado na figura da rosa.

Relação tumultuada

Consuelo morreu em 1979, em decorrência de um ataque de asma. Depois que seu marido desapareceu em 1944, ela começou a escrever sobre o relacionamento que viveu ao lado dele. A autobiografia intitulada Memórias de Uma Rosa conta que o escritor era infantil, egoísta e tinha inúmeras amantes. Essa confissão foi um choque para muitos, já que Antoine era considerado uma pessoa sem defeitos.

Após a publicação destas memórias, a percepção com que o Pequeno Príncipe é analisado mudou. Suas dúvidas e infidelidades seriam representadas no campo das flores em que o príncipe se encontra na Terra, no entanto sua rosa era especial e a única que ele queria.

“A rosa é Consuelo. Os três vulcões são os vulcões de El Salvador. Os baobás são os ceibas na entrada do povoado de Armênia, em El Salvador. A rosa que tosse é Consuelo, que sofre de asma, é frágil e está protegida sob uma redoma de vidro”, afirma Marie-Helene Carbonel, biógrafa francesa, autora de Consuelo Suncín Sandoval, comtesse Antoine de Saint-Exupéry: une mariée vêtue de noir (Consuelo de Saint-Exupéry, uma noiva vestida de preto).

Embora O Pequeno Príncipe seja considerado literatura infantojuvenil, é também um livro que Antoine de Saint-Exupéry escreveu para pedir desculpas à sua esposa.

Bônus: o mistério da morte de Antoine de Saint-Exupéry

Em 31 de julho de 1944, um avião pilotado por Antoine de Saint-Exupéry decolou de uma base de reconhecimento francesa e nunca mais voltou. Por muitos anos, ninguém sabia onde os restos mortais haviam caído, até que, em 1998, um pescador encontrou uma pulseira com o nome do escritor e sua esposa nos mares de Marselha, na França. Isso significaria que o avião afundado estava em algum lugar do Mediterrâneo.

Apesar da descoberta, nem a família do autor de O Pequeno Príncipe nem o governo francês acreditavam no pescador, uma vez que a pulseira fora encontrada longe da rota de voo de Antoine. A única pessoa que confiou nele foi o mergulhador Luc Vanrell, que investigou e resolveu o mistério anos depois.

Luc Vanrell conhecia os restos do avião onde a pulseira foi encontrada. Surpreso com a localização da descoberta, que não correspondia ao que foi dito pelos historiadores que afirmaram que a aeronave havia sido perdida a 200 quilômetros, ele decidiu investigar. Em 2000, depois de mergulhar várias vezes para examinar as partes do avião, algo lhe indicava que havia encontrado a aeronave correta.

A permissão oficial para examinar os restos foi concedida 19 meses depois. Foi então que Vanrell descobriu que o número de série pertencia ao avião desaparecido.

Com essa descoberta, em 2006 um colega alemão localizou Horst Rippert, um ex-piloto de caça. Acredita-se que o avião tenha sido visto pelos alemães e Rippert decolou para interceptá-lo, quando voltava de Marselha, o avistou e o derrubou. A ideia de ter sido responsável pela morte de Antoine Saint-Exupéry causou-lhe grande pesar, pois o considerava seu herói.

No entanto, o testemunho de Rippert foi recebido com descrença por alguns investigadores e não pôde ser verificado, o que faz com que o mistério sobre como o avião do escritor falecido alcançou as profundezas ainda permaneça.

O autor de O Pequeno Príncipe teve uma vida digna de uma lenda. Do seu romance com sua amada Consuelo ao seu misterioso desaparecimento. Sua grandeza será lembrada para sempre e ele viverá em todas as frases plasmadas em suas obras.

Você conhecia a história de amor por trás de O Pequeno Príncipe? O que acha do mistério que cercou o desaparecimento de Antoine de Saint-Exupéry? Compartilhe sua opinião nos comentários.

Imagem de capa EAST NEWS

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