Uma russa que mora na África compartilhou histórias incríveis sobre suas aventuras no continente

Curiosidades
há 3 anos

A russa Alina Titova e seu marido Vasily estavam juntando dinheiro para comprar um apartamento e um carro quando decidiram usar suas economias de outra forma e partir em uma expedição de quatro anos ao redor do planeta. O objetivo deles era mostrar o lado positivo de diversas cidades e países que geralmente são ignorados pela mídia, encontrar pessoas que sejam apaixonadas pelo seu trabalho (especialmente aquelas que se dedicam a projetos ambientais) e poder contar ao mundo sobre elas.

Incrível.club está pronto para compartilhar com você os relatos de viagem e fatos mais interessantes da jornada de Alina. Acompanhe!

  • Começamos nossa expedição na África. No Marrocos, visitamos a capital do país — Rabat — e as cidades de Fez, Casablanca, Marrakesh e, por último, Agadir. Fomos também a uma Incubadora de empresas local e lá conhecemos mulheres que produzem bolsas, carteiras e porta-cartões a partir de restos de peixe. Na foto, Vasily está segurando uma amostra do “couro” que é obtido a partir desses resíduos. Parece pele de cobra.
  • Também visitamos uma associação que está empenhada na “captura de vapor” e em sua transformação em água com a ajuda de uma rede. 1 metro quadrado dela pode produzir até 20 litros de água por dia. E é dessa forma que a água é obtida em vários pequenos vilarejos no país.
  • Este é um dos poucos micólogos do Marrocos. Ele cultiva cogumelos comestíveis para as lojas locais e é também um designer desses fungos — em outras palavras, fabrica peças de interior a partir do micélio deles. Ele mistura as bactérias que habitam no micélio com palha, deixa que o conjunto germine e faz vários itens legais a partir disso: abajures, cinzeiros, vasos (como o da foto acima) — e tudo isso é uma colônia viva! Ou seja, você pode comprar um lustre desse material para a sua casa e, se decidir borrifar água nele, cogumelos comestíveis começarão a crescer! E o mais interessante: a peça pode durar cerca de 10 anos.
  • Se por acaso você tiver vontade de viajar para Paris, então recomendo pela mesma quantia passar férias inesquecíveis em Fez. Só peço que, por favor, não se vista como turista — deixe os shorts em casa, senão sua jornada pela história e vida do país será bem mais difícil. Poucos usam óculos de sol por lá, as pessoas preferem olhar nos olhos umas das outras. Vasily comprou a vestimenta tradicional local, a jelaba, que para nós parece diferente, mas é usada por muitos locais: é muito confortável de ser usada durante o dia e, à noite, ajuda a deixar a pessoa quentinha. Será que essa foi a roupa que George Lucas usou como base para os mantos dos Jedi e para a vestimenta dos Jawa de Tatooine? Parece que sim.
  • Nosso amigo marroquino Hamide nos levou para fora da cidade até um vilarejo, para que conhecêssemos sua família. Essa foi a primeira vez na vida que vi 9 pessoas dentro de um carro comum. Esse senhor sentou-se tranquilamente no porta-malas. No Marrocos, é comum que depois de um aperto de mão as pessoas levem o membro até o coração, mas percebi que na vila de Hamide tanto homens quanto mulheres beijam as mãos depois desse cumprimento.
  • Nós passamos quase um mês no Saara. Viajamos de ônibus e transporte alternativo, inicialmente pelo Saara Ocidental, e depois pela Mauritânia, onde fizemos algumas paradas. O país, embora pobre, obtém 40% de sua energia elétrica através do sol e do vento. As turbinas eólicas no meio do deserto têm uma aparência surreal!

  • Para chegar à cidade mauritana de Atar é necessário pegar o trem mais longo do mundo. Com 2,5 km de comprimento, ele transporta carvão da capital econômica Nouadhibou deserto adentro até a cidade de Zuerate. São 200 vagões ao total, e apenas um para passageiros. Você pode passear pelos de carvão ou interagir com os moradores locais. As mulheres brigam e gritam o tempo todo. E se ninguém reclamar, então outra mulher vai entender que chegou a sua vez de começar a fazer uma cena, especialmente se o culpado pela sua reclamação for um homem.
  • Na Mauritânia, ganhei um belo presente — uma roupa tradicional. Ela é muito bonita, mas não tão confortável assim: você precisa ficar ajustando-a o tempo todo.
  • No Senegal, navegamos de balsa ao longo de um rio. Alguns dias depois, contudo, as fronteiras foram fechadas, e acabou que já estamos morando aqui há seis meses.
  • O Senegal é um país onde as pessoas mais pobres em vilarejos perto de manguezais comem ostras e frutos do mar frescos no almoço, junto com mangas tão suculentas que nos fazem pensar até que são de mentira. É um país que tem também o seu próprio Mar Morto, só que tem a cor rosa. É na verdade um lago, e extremamente salgado — suas águas têm uma concentração de aproximadamente 40% de sal, mas pelo menos você não afunda. E ele é rosa porque alguns micro-organismos resistentes ao sal habitam o local — as archaea halófilas.
  • No Senegal, eu me casei com Vasily. Se você também for casar no país, durante a cerimônia certifique-se de esclarecer se terá uma relação monogâmica ou não (sei que algumas mulheres russas dão o direito da poligamia aos maridos senegaleses). Além disso, é preciso dizer “sim” três vezes para que suas palavras tenham efeito.
  • O custo de vida na capital do Senegal, Dacar, é muito alto. Para manter um padrão de vida médio por aqui, você precisa de cerda de 2.500 dólares por mês. Nas ruas geralmente só há carros bons, apenas alguns táxis são veículos mais velhos. E é quase impossível comprar um automóvel, por mais surrado que seja, por menos de 1.500 dólares. Mas você sempre pode comprar um cavalo, um burro ou um carneiro no mercado e andar montado neles pelas ruas em pé de igualdade com os veículos.
  • Aqui é seguro, se você seguir algumas medidas de precaução e se mantiver atento. No início, quando ainda não sabíamos falar no idioma local (francês e wolof), sempre nos sentíamos ameaçados com qualquer pergunta das pessoas na rua (tínhamos certeza de que estavam pedindo dinheiro ou nos mandando ir embora). No entanto, agora entendemos que os locais nos veem como pessoas interessantes e simplesmente querem conversar conosco. Às vezes, quando estamos na feira ou andando pela cidade, alguns vendedores até nos perguntam se não queremos ir almoçar com eles.
  • Uma vez, estávamos sentados em um bar na praia (lá vendem ostras muito baratas) e observando a vista linda de um farol. Então veio um senegalês, ficou em pé perto da praia entre nós e a visão do farol (de costas para a gente) e começou a urinar, aproveitando a bela paisagem. Eu e Vasily já estamos acostumados com essas pegadinhas do destino, por isso apenas continuamos a comer as nossas ostras (3 dólares a dúzia — isso é certamente mais legal e bonito que a vista do farol!).
  • Os senegaleses têm medo de espíritos e maldições. E para se manterem protegidos, usam essas pulseiras.
  • Os homens vestem as roupas tradicionais locais — o boubou, uma espécie de manto bem folgado, quase um vestido para homens. Parece estiloso.
  • No norte (onde o calor chega a 45 ºC às 22h!), moramos por um tempo em um vilarejo com o povo fulânis, que tem um sistema social de castas. Lá, visitamos a clínica médica local, e há apenas um médico proveniente de Dacar para toda a região. Ele nos mostrou o seu registro de vacinação, e, ao que tudo indica, os senegaleses são tão vacinados quanto os moscovitas.
  • Este jovem chamado Alon (que pertence à casta dos trabalhadores) é o responsável por fazer as sobrancelhas das mulheres e garotas jovens do vilarejo.
  • Visitamos também a região central do país. Lá passamos alguns dias plantando manguezais junto aos moradores locais no calor e com água na altura dos joelhos. No fim, juntos plantamos cerca de 1 milhão de árvores (150 hectares). E enquanto você lê este post, mais delas continuam a ser plantadas lá. É uma atividade bastante puxada, mas as pessoas não a fazem por dinheiro, e sim pela vida — elas entendem que isso provê mais peixes, ostras e outros alimentos para toda a comunidade.
  • Em um dos vilarejos nos deparamos com uma igreja católica: ela fica na orla marítima e tem uma arquitetura bioclimática. Está vendo esta escada? Por um lado é protegida do vento quente do deserto chamado harmatão, já do outro, o lado aberto, permite a entrada da brisa fresca vinda do oceano, ventilando toda a igreja. Solução conveniente, gratuita e bonita.
  • Esta é a Joanna — filha do famoso ecologista senegalês Haïdar el Ali. Ela organiza uma sessão de mergulho autônomo semanal e coleta plásticos e pedaços de redes de pesca do fundo do mar. Claro, a ação por si só não é capaz de limpar todo o plástico do oceano, mas chama a atenção das pessoas para o problema. Joanna e sua associação também mantêm atividades de conscientização — por exemplo, espalharam diversos cartazes na cidade com a inscrição “O mar não é uma cesta de lixo”.
  • Genetas selvagens entram constantemente no nosso apartamento em Dacar. De início, elas tinham medo da gente, mas depois se acostumaram e passaram a se sentir em casa. O importante é não olhar para eles, senão fogem.
  • Na Federação de Xadrez do Senegal, me puseram para jogar simultaneamente contra três campeões, e eu, para a minha vergonha, perdi para os três. Me disseram que os senegaleses são bons jogadores de xadrez.
  • A garota na foto é a senegalesa Natasha. Ela está se preparando para um concurso musical internacional!
  • Em breve estaremos de volta à estrada! Compramos este carro de uma autoescola, por isso ele tem seis pedais. E já estamos quase acostumados com o fato de que o capô dele abre e começa a voar e que a caixa de câmbio falha no meio do caminho, mas pelo menos vamos conseguir chegar até Abidjã (na Costa do Marfim).

Você gostaria de fazer uma viagem de volta ao mundo? Por onde começaria? Que fato ou curiosidade sobre esses países africanos mais chamou sua atenção? Conte para a gente na seção de comentários.

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