Para superar o medo do escuro e da solidão, me tranquei no banheiro durante 3 dias

Psicologia
há 4 anos

Há pouco mais de 6 meses, decidi lutar contra meus medos. E eu tinha muitos: o medo da altura foi superado praticando bungee-jump. O medo de dirigir um carro também está no passado. E agora chegou o momento de enfrentar os seguintes inimigos: escuridão e solidão.

Como parte da luta, me fechei no banheiro sem luz durante alguns dias e agora quero compartilhar minha experiência com os leitores do Incrível.club.

Preparação

Talvez você pergunte: “Mas como isso ajudaria?”. Conheça seu inimigo e você vencerá! Várias vezes me convenci de que somente enfrentando o medo cara a cara é possível compreender como evitar seu impacto negativo. Portanto, planejei me fechar durante 72 horas sem nada de luz e comunicação para acabar com esses problemas.

Desde o início, tomei a decisão de concretizar meu experimento em um cômodo de casa. A escolha pode parecer estranha, mas outras opções exigiriam a ajuda de amigos. Entretanto, minha ideia não lhes pareceu nada boa.

Decidi usar um gravador de voz para registrar minhas “aventuras”. Não queria usar o telefone, porque afetaria a atmosfera de escuridão completa. Encontrei então o dispositivo da foto abaixo. Tinha uma pequena luz, mas não iluminava nada ao redor. E não me custou muito aprender a lidar com ele no escuro.

Queria que o menu fosse escasso para fazer com que a aventura ficasse ainda mais difícil. Então, toda minha alimentação consistia em uma vasilha de cereais e 2 litros de água. Horário de comidas: 2 vezes ao dia, às 10h e às 18h.

Vale a pena lembrar que faço esporte e, portanto, comer 2 vezes ao dia para mim era uma perspectiva bastante assustadora, da mesma maneira que beber tal quantidade de água. Mas também houve aspectos positivos: o horário de comida claramente marcado me deu pelo menos algum tipo de ponto de referência no tempo.

E aqui está o prato. Parece apetitoso, não?

A questão mais difícil foi meu assistente, a pessoa que precisaria me alimentar e ficaria no apartamento para qualquer urgência. As condições do assistente também eram bastante limitantes: viver alguns dias em modo silencioso e ir ao banheiro em uma cafeteria próxima. Mas, por fim, o valente “apoio” foi encontrado, e, na minha história, recebeu o apelido de Guardião.

Mesmo antes do início do experimento, comecei a sentir falta do sol e da comunicação com as pessoas. No dia anterior passeava pela cidade, falava com meus familiares. Não voltei para casa desde a manhã até a tarde.

O início do experimento estava programado para as 7h da manhã.

Dia um: no país dos sonhos

  • Entrei na minha “caverna”. Imediatamente tentei dormir, mas com minha estatura de quase 2 metros foi difícil por estar em uma banheira pequena. Depois de um tempo, acabei dormindo. O sono era inquieto e intermitente. Várias vezes sonhei que me negava a participar do experimento antes de começar.
  • Decidi meditar. O ruído constante da descarga se transformou em uma cascata, e o banheiro frio ganhou um clima de caverna. Dormi. O sono acabou sendo mais forte que meu estado de espírito.
  • O cérebro experimenta fome de informação e tira de seus esconderijos tudo o que precisa: canções velhas, pensamentos sobre pessoas esquecidas há muito tempo, trava-línguas. Decidi trabalhar no palácio da memória quando saísse.
  • Meu ouvido se tornou muito sensível, e comecei a sentir a casa como um organismo vivo. Os barulhos dos portões, a máquina de lavar, as conversas dos vizinhos. É pouco provável que nos templos budistas haja tanto ruído.
  • Lembrei-me de que costumava manter fechadas as cortinas do apartamento. Foi um grande erro. Nada pode ser comparado à luz natural. Assim que saísse, tiraria as cortinas.
  • Veio o guardião, então deduzi que fossem 18h. Bateram na porta, me cobri para que meus olhos não vissem a luz. Substitui os pratos com comida, mas de qualquer forma não comi nada. Não tive vontade de comer. Se você está tentando emagrecer, tome nota disso (brincadeira!).
  • Tive o primeiro ataque de pânico e muita vontade de sair. Decidi que era hora de comer, mesmo com minha constante falta de apetite. A comida, mesmo que sem sal, conseguiu resolver o problema. Acabei dormindo de novo.

Dia 2: sofrimento e verdades simples

  • O cansaço alcançou seu apogeu. Inclusive busquei boas razões para me levantar um pouco. No entanto, preferi permanecer deitado de barriga para cima. Uma batida na porta: 10h da manhã.
  • Já não aguentava permanecer inativo. Agora sei que há 186 azulejos no meu banheiro, contei todos no tato. E posso presumir que contei quantos segundos têm 30 minutos.
  • Na minha cabeça começou a tocar a música do Rocky. Decidi fazer algumas abdominais com torsão. Cansei depois de fazer 10 repetições. Fiquei dormindo, justificando que o Rocky tinha melhores condições para seus treinos...
  • E aqui estão as primeiras visões estranhas. Uma vez, abrindo os olhos, vi algo parecido com as ondas na água e, depois, gotas caindo. E focos de luz brilhantes. De repente, senti medo.
  • Surgiu a ideia de que, se o guardião se fosse e eu dormisse, eu sequer notaria se algo inesperado acontecesse. Por exemplo, um incêndio. Tentei me convencer de que o guardião é uma pessoa responsável e que eu sentiria o cheiro da fumaça, mas o pânico não foi embora.
  • Tive muita vontade de sair. Me conectar com as pessoas, trabalhar, sentir-me vivo e, além de tudo, dormir bem. E abrir as malditas cortinas. Tudo isso parecia inalcançável e, portanto, verdadeiramente valioso.
  • Fiquei um tempo sem dormir. Pensei no estranho que é o fato de um banheiro qualquer se transformar em um pequeno mundo. Entediante, até incômodo. Mas, de todas as formas, novo.
  • Achei que o guardião tivesse se atrasado. Fiquei muito chateado. Mas, é claro, também entendo que o tempo é relativo e poderia estar me enganando. Finalmente, ouvi a batida da salvação na porta. Até comi com alegria, mesmo que pouco.
  • Sonhei que era enterrado vivo. Escutei o som terrivelmente natural da terra caindo sobre a tampa do caixão. Despertei ofegante. Era verdadeiramente aterrorizante. E o fato de ter aberto os olhos e ainda assim ver só a escuridão me deprimiu ainda mais.

Dia 3: a liberdade tão esperada e conclusões

Recém havia dormido, pela noite, quando fui atormentado por pesadelos. Havia dormido de modo extremamente desconfortável. Fui afetado por um longo tempo na mesma posição. Além disso, tinha dor de cabeça, sede e coceira persistente nos olhos. Mas, sobretudo, tinha o desejo de ver pelo menos uma pessoa e fazer algo útil. Todo o resto poderia ser suportado.

Quando às 10h o guardião bateu na porta, levantei-me em um pulo e, sem hesitar, saí do banheiro, o que surpreendeu o guardião, mas também a mim mesmo. Naquele mesmo momento, fiquei cego e comecei a tremer. Quando me acostumei com a luz, precisei forçar meus olhos para poder ver algo, já que, do contrário, não via nada. Passei 51 horas no banheiro.

Esperava mudanças mais significativas no rosto, mas, com exceção do aspecto cansado, não encontrei nada.

Assim que recuperei os sentidos, abri todas as cortinas e janelas, tomei banho, liguei para alguns colegas e, mesmo com o terrível cansaço, não voltei para casa aquele dia. Posso assegurar que não sentia tanto prazer nos passeios simples há muito tempo.

Como minha vida mudou depois dessa aventura?

O experimento me permitiu revisar e agregar algo ao meu sistema de valores.

  • A fonte de desejo de trabalhar se fortaleceu ainda mais;
  • Agora dou um passeio obrigatório e ligo para meus familiares diariamente. Decidi que é necessário sair mais frequentemente com as pessoas, enquanto a escuridão ao entorno não chega definitivamente;
  • Abro as janelas do meu apartamento com mais frequência e mantenho as cortinas abertas.

Apesar dos óbvios incômodos psicológicos e físicos do experimento, apenas não tendo acesso à luz e perdendo a comunicação com as pessoas, pude perceber o verdadeiro valor delas. Quanto aos medos, me desliguei deles. Já não tenho o medo do escuro nem da solidão. Esses são fenômenos inevitáveis na vida de cada pessoa, e eu precisei encará-los. Mas enquanto puder escolher, haverá suficiente luz e comunicação pessoal em minha vida.

Aqui, o Incrível.club narra apenas a história desse rapaz. Não incentivamos que tente algo desse tipo em casa.

E você, como luta para encarar seus medos? Já cogitou tomar uma medida radical como a que acabamos de mostrar? Comente!

Comentários

Receber notificações

Achei corajoso. Acho q eu talvez eu n tivesse essa determinação e força de vontade. Muitas pessoas podem achar q o q ele fez foi uma coisa boba, mas sao pequenas conquistas q nos dao força p sermos melhores

1
-
Resposta

BOM EU N FARIA PQ N AGUENTO FICAR PRESO NUM LUGAR MT TEMPO OU TALVEZ DEVESSE FAZER P APRENDER A FICAR PRESO KKK

-
-
Resposta

Artigos relacionados