9 Maneiras de lidar com os filhos durante uma separação

Psicologia
há 5 anos

De acordo com as estatísticas do IBGE, cerca de um terço dos casais acabam se divorciando. Muitos deles têm filhos com menos de 18 anos que sofrem a separação com a mesma intensidade que os pais. Ainda que um filho não tenha alcançado uma idade em que tenha plena consciência do que está acontecendo, as mudanças trazidas pela separação influenciam muito a sua cabeça.

Incrível.club sabe como essas situações podem ser complicadas. Por isso, decidimos compartilhar alguns conselhos para a manter a paz e a tranquilidade na alma da criança durante este período.

1. Fale para o seu filho que ele não tem culpa de nada

A percepção de mundo segundo uma criança que é surpreendida pela separação dos pais muda consideravelmente. Até aquele momento, elas acham que tudo gira em torno delas; agora, passam a entender que muitas coisas acontecem independentemente de seus desejos pessoais, e isso é um golpe muito forte para o seu ’egocentrismo’ infantil.

Até mesmo os adultos precisam aprender a lidar com este sentimento de autopunição que aparece quando uma pessoa querida vai embora. O mesmo acontece com as crianças. É importante ficarmos muito atentos em relação à maneira como as crianças expressam as suas emoções. Se elas choram, gritam ou brigam. Agora, se ficarem caladas e se mostrarem indiferentes, é importante manter um diálogo e explicar objetivamente que não são a razão da separação.

2. Explique como será a vida a partir daquele momento

Todas as crianças, sem exceção, vivem nessa etapa uma grande inquietação, já que o divórcio dos pais pode ser a primeira grande mudança pela qual terão que passar. Portanto, muitas perguntas aparecem, e elas não devem ser tratadas como besteiras pelos pais. Por exemplo:

  • Eu vou ver o meu pai?
  • Com quem a nossa gata vai morar?
  • Se nos mudarmos, onde eu vou estudar?

Para a criança, esses problemas são realmente grandes e podem deixá-la muito aflita. Ao fazer essas perguntas, a criança procura entender o que vai acontecer a partir daquele momento; por isso é importante que os pais respondam com atenção e sem agressividade. O ideal, portanto, é conversar abertamente sobre como será a vida a partir daquele momento.

3. Explique o motivo da separação de maneira objetiva

Pode ser difícil, mas é importante que os pais encontrem as forças necessárias para explicar para a criança os motivos que levaram à separação, sempre de maneira objetiva. O principal objetivo dessa conversa é mostrar que os sentimentos dos filhos são compreensíveis e tudo será feito para que as dificuldades sejam superadas.

É preciso haver diálogo, ou seja, nada deve ser explicado como uma piada, e frases como “Isso é coisa de adulto, você não vai entender” devem ser evitadas. Talvez uma conversa seja pouco para a criança entender o que está acontecendo, mas é fundamental que as razões que levaram à separação sejam abertamente explicadas, inclusive aspectos que os filhos talvez ainda não entendam.

4. Fique com elas o quanto for necessário

É muito comum o estado psicológico dos filhos ficar frágil após a notícia do divórcio. Muitas vezes, uma criança mais velha pode se comportar como uma de três anos, pedindo atenção da mãe ou do pai o tempo todo. Além disso, a criança pode chorar quando ficar sozinha. Se isso acontecer, peça alguns dias de folga no trabalho para ficar ao lado dos filhos.

Muitas vezes acontece de a criança pensar que, se o pai já não gosta da mãe, talvez também pare de gostar dela. O objetivo dos adultos é explicar para os filhos que nada vai mudar em relação ao amor que eles sentem por eles. E é muito importante que isso seja mostrado por meio de ações: passar tempo juntos e conversar durante horas e horas.

5. Não esconder a verdade

Isso acontece com frequência quando a criança fica com a pessoa que mais está sofrendo pela separação. Para não precisar pensar no que realmente aconteceu, a pessoa parece esquecer o ocorrido. Como consequência, todas as tentativas de falar sobre o tema serão percebidas como uma agressão. Muitas vezes isso faz com que os pais passem a mentir para os filhos.

Neste caso, a criança sofrerá muito mais, podendo causar outros problemas, como timidez ou até mesmo melancolia.

6. Não exija que a criança aceite a situação

Muitas vezes os pais param de pensar em suas necessidades, param de falar com seus amigos, não cuidam de sua saúde, esquecem a vida profissional ou até jogam a vida pessoal para escanteio. Essas necessidades esquecidas acabam refletidas em seu estado de ânimo e podem levar a uma atitude abusiva consigo mesmas e com as pessoas ao seu redor.

Normalmente, é a mulher que acaba nessa situação. Frequentemente, o casal passa a exigir do filho uma espécie de recompensa, ou seja, os dois ex não deixam a criança sofrer e nem mesmo mostrar insatisfação. Nesses casos, os psicólogos recomendam que as pessoas passem a viver as suas vidas sem exigir que outros membros da família aceitem a situação imediatamente.

7. Sem manipulações

O sentimento de culpa pela ’destruição’ familiar não aparece apenas nas crianças, mas também nos adultos. Uma reação saudável: aceitar e ser consciente de seu papel no divórcio. Uma reação errada e muito frequente: punição. Muitas vezes é o homem que vive essa situação, e o pior é quando ele transfere para a criança essa responsabilidade.

Frases como “Você quer que o seu pai fique? Fale pra ele que ele fica” deixam as crianças desesperadas. Elas podem pedir mais de uma vez e nada vai acontecer. Quando a culpa acaba caindo sobre os ombros da criança todos passam a sofrer mais, principalmente os filhos.

8. Não faça um ’complô’

A formação de ’complôs’ é comum em casos de separação. A mãe joga o filho contra o pai e contra a sogra e o pai joga o filho contra a mãe e contra a sua sogra. Imagine o que isso causa na mente de uma criança. Ela se sente sozinha e cansada de tentar resolver um conflito em que não tem culpa.

Além disso, os filhos sempre amam os pais. Se algum obstáculo é colocado, é provável que apareça um efeito contrário. O amor, em casos assim, se vê afetado e todos saem perdendo.

9. Aliviar o próprio estresse

A sobrecarga mental leva a frequentes mudanças no estado de humor e a uma avaliação incorreta sobre as ações das pessoas ao nosso redor. Por exemplo, se a criança demora para trocar de roupa a mãe começa a gritar, mesmo quando nada mudou em relação a antes.

A situação pode piorar quando a criança se parece com o pai, que foi embora. A mãe sente uma espécie de ódio do ex e projeta no filho o mesmo sentimento, ainda que de maneira inconsciente. Neste caso, os psicólogos recomendam a busca por métodos alternativos para controlar o estresse e reprimir as emoções negativas.

Bônus

É importante não esquecer os estereótipos. Para muitas pessoas uma mulher divorciada é considerada menos importante do que uma mulher casada. O mesmo acontece com as crianças, que podem a sofrer bullying. É importante conversar com os filhos sobre como reagir nesses casos.

O ideal é mostrar para a criança que ninguém tem o direito de se meter na vida dela. Ajude o seu filho a encontrar respostas para indagações como a que vemos na imagem. Mostre para a ele que tem pai e tem mãe, como qualquer outra criança.

Se você viveu uma situação como essa, compartilhe nos comentários como você lidou com seus filhos durante o processo.

Ilustrador Igor Polushin exclusivo para Incrível.club

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