Mãe de dois filhos escreve carta honesta para o marido e recebe apoio de muitas mulheres

Crianças
há 4 anos

De acordo com as estatísticas, 90% das mães sentem culpa constantemente. Na maior parte das vezes, isso ocorre porque elas acham que não estão dando conta de suas responsabilidades de maneira eficaz. E o mais triste disso é que têm medo de falar sobre o assunto. Só que esse não é o caso da mãe de dois filhos e blogueira Celeste Yvonne. Ela abriu seu coração ao escrever uma carta ao marido pedindo ajuda. De forma detalhada e pública, Celeste falou sobre aquilo que muitas mulheres preferem esconder até mesmo dos parentes mais próximos.

A seguir, o Incrível.club traz o texto da carta e sugere que você, leitor, reflita sobre as necessidades das mulheres e famílias atuais. Quais são as coisas mais relevantes para elas?

"Querido marido!

Preciso. De mais. Ajuda.

A última noite foi difícil para você. Pedi que cuidasse do nosso filho para que eu pudesse dormir mais cedo. O bebê chorava. Ou mais especificamente, gritava. Eu ouvia tudo lá de cima e, estremecendo com aquele som, me perguntava se deveria descer e te ajudar ou simplesmente fechar a porta e dormir. Escolhi o último.

Passados 20 minutos, você entrou no nosso quarto carregando o bebê, que continuava chorando desesperadamente. Você o colocou no berço, empurrando suavemente o móvel para meu lado da cama, deixando claro que já tinha acabado de cuidar do menino.

Naquele momento, minha vontade era de gritar com você e começar uma briga épica. Eu passei todo o maldito dia cuidando das crianças. Estava disposta a acordar no meio da noite para alimentar o bebê, quantas vezes fossem necessárias. O mínimo que você deveria ter feito era cuidar dele por algumas horas para que eu dormisse um pouco. Só algumas horas de um bom sono. É pedir demais?

Nós dois vimos como nossos pais desempenharam os típicos papéis de mãe e pai. Toda a carga do cuidado diário com as crianças ficava nos ombros da mãe, enquanto o pai ficava relativamente livre. Não que eles fossem pais ruins, mas não se viam obrigados a passar muito tempo trocando fraldas, dando comida e cuidando das crianças. Nossas mães eram super-mulheres, que davam conta da casa e da família. Cozinhavam, limpavam e criavam os filhos. Toda ajuda dos pais seria bem-vinda, mas não era esperada.

Vejo que estamos cada vez mais imersos na rotina familiar. Meu dever é alimentar minha família, manter a casa limpa e cuidar das crianças, mesmo depois de ter trabalhado fora. Na maior parte do tempo, me culpo por isso. Porque eu mesma criei a ilusão de poder dar conta de tudo. E, para ser sincera, gostaria de poder.

Vejo também que minhas amigas e outras mães conseguem fazer tudo, e bem demais até. Sei que você também vê isso. E se elas são capazes, e se nossas mães fizeram tanto por nós, por que eu não consigo fazer o mesmo? Não sei.

Talvez nossos amigos estejam só se gabando e brigando em segredo dentro de suas casas. Talvez nossas mães tenham sofrido em silêncio durante anos, mas hoje, 30 anos depois, apenas não se lembrem do quanto tudo foi difícil. Ou talvez, e é por isso que me reprovo diariamente, eu simplesmente não seja apta para esse papel. E não importa o quanto eu me estremeça só de pensar nisso, ainda assim quero dizer: preciso demais da sua ajuda.

De certa maneira, me sinto uma fracassada por pedir isso. Afinal de contas, você até me ajuda. É um pai maravilhoso, que faz um ótimo trabalho com as crianças. Além disso, tudo deveria ser mais fácil para mim, não é? Mas eu sou humana, durmo apenas 5 horas por dia e estou terrivelmente cansada. Preciso de você.

Preciso que, pela manhã, você cuide do nosso filho mais velho, para que eu possa ficar com o menor, preparar o café da manhã de todos e possa tomar uma xícara de café. E não, cuidar não significa deixar a criança na frente da TV. Significa fazer com que ela vá ao banheiro, coma, perguntar se quer tomar água e arrumar a mochila para a escola.

À noite, preciso relaxar na cama por uma hora, sabendo que nosso filho maior está dormindo no quarto e que você está cuidando do bebê. Sei que é difícil ficar ouvindo o choro de um bebê. Acredite, eu sei. Mas se eu sou capaz de cuidar do nosso filho e acalmá-lo durante todo o dia, você pode fazer o mesmo por uma ou duas horas por noite. Por favor. Preciso de você.

Nos fins de semana, preciso de mais descanso, um momento em que possa sair sozinha de casa e voltar a me sentir uma pessoa. Nem que seja simplesmente para andar pela rua ou fazer alguma compra. E às vezes, quando tudo parece estar sob controle, também preciso do seu apoio. Que você me diga que vai me dar carinho enquanto as crianças dormem. Ou que lave a louça sem eu precisar pedir. Preciso de você.

Por fim, quero escutar que você reconhece e é grato pelo que eu faço. Quero saber que você notou a roupa lavada e o delicioso jantar em cima da mesa. Quero saber que você valoriza o fato de eu estar amamentando e tirando leite várias vezes quando estou no trabalho, quando seria muito mais fácil dar leite em pó. Espero que perceba que eu nunca peço para que você fique em casa e deixe de ir aos seus compromissos profissionais e esportivos. Como toda mãe deve fazer, estarei sempre em casa com toda minha disposição para cuidar das crianças enquanto você está fora. E é justamente isso o que tenho feito.

Sei que tudo é diferente da época dos nossos pais. Eu realmente gostaria de dar conta de tudo, e de uma forma que parecesse fácil. E não preciso de elogios por fazer essas coisas esperadas de mim como mãe. Mas levanto a bandeira branca e admito que sou humana. Estou dizendo o quanto preciso de você, e que, se eu continuar assim, não aguentarei. E isso será péssimo para você, para as crianças e nossa família.

Até porque, sejamos sinceros: você também precisa de mim".

Milhares de internautas compartilharam a carta de Celeste, que provocou inúmeros comentários. Algumas mulheres aproveitaram para agradecer os maridos pela ajuda dada sem que seja preciso pedir. Muitas, por outro lado, agradeceram a autora por ter expressado pensamentos que muitas mães não admitem nem para si mesmas.

E você, o que achou do texto? Vive ou já viveu situação parecida? Conhece alguém que se encaixa nessa realidade? Em sua opinião, como é possível contornar o problema? Comente!

Comentários

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Arrasou! só quem vive nesse universo da maternidade pra saber

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o q me deixa triste é q esse marido ainda assim n vai compreender realmente o q ela está falando

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" E não, cuidar não significa deixar a criança na frente da TV. Significa fazer com que ela vá ao banheiro, coma, perguntar se quer tomar água e arrumar a mochila para a escola." Nossa, ela está de parabéns

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Eu fico muito revoltada pq o q a gente pede é o mínimo q qualquer ser humano normal deveria fazer, parece q fizemos sozinhas ou q estamos pedindo favor. NÃO É FAVOR, É SUA OBRIGAÇÃO TB
VC N ESTÁ ME AJUDANDO, ESTÁ CRIANDO SEU FILHO

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Por isso faço ouvido de mercador quando começa o blablablá de " devíamos ter um filho..."

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