O que realmente os “childfree” buscam e por que muita gente não quer ter filhos?

Psicologia
há 1 ano

Quase todo mundo já ouviu falar sobre o movimento childfree (sem filhos por opção). A ele pertencem pessoas que, conscientemente, renunciam a ter filhos. Mas, para uma uma pessoa que toma essa decisão, parte da sociedade ainda a trata como se fosse suspeita. Muitas delas protegem seus critérios de maneira muito agressiva, o que faz com que sua imagem seja ainda mais demonizada, criando mitos que estão fora do lugar.

Incrível.club decidiu refutar os equívocos mais comuns sobre os membros do movimento childfree.

Mito № 1: odeiam crianças

Na verdade, não. A maioria dos childfree trata as crianças com neutralidade e algumas até com simpatia. Muitos deles trabalham como professores, psicólogos infantis, escrevem livros para crianças... Naturalmente, há também membros radicais dentro desse movimento, mas como regra eles não se opõem às crianças em si, mas são contra pais que permitem demais aos filhos, ignorando os interesses da sociedade.

Mito № 2: tentam impor sua ideologia aos outros, então não é de surpreender que tenham seus próprios grupos e comunidades

A comunidade childfree não é uma seita, não anda por aí com objetivo de recrutar novos membros. Configura-se como uma espécie de clube uma junção de pessoas com ideias semelhantes, no qual falam sobre coisas como pet care, cosméticos, natureza, viagens e afins. Os integrantes desse movimento dos “sem filhos” não vão fazer uma chamada geral para promover o aborto ou organizar comícios contra o aumento da taxa de natalidade.

É claro que, como em qualquer movimento, encontramos uma porcentagem de ativistas fanáticos, mas seus números parecem insignificantes. Muitos do childfree nem revelam sua filosofia a amigos e familiares, simplesmente vivem da maneira que acham mais correta.

Mito № 3: adotam a filosofia childfree pessoas estéreis ou com problemas psicológicos

A função reprodutiva do corpo não é a principal a determinar a vida de uma pessoa moderna. Os childfree acreditam que ter filhos ou não responde a uma decisão pessoal de cada um. As razões podem ser completamente diferentes.

Pode ser alguém que quer viver apenas para si e está convencido de que criar um filho limitará sua liberdade. Outro pode não querer filhos porque é caro, e a aquisição de um novo gadget ou uma viagem para outro continente parece um investimento melhor. Alguns não têm certeza de que podem ser bons pais, e querem se realizar em outras esferas da vida. As regras de comportamento, que são diferentes daquelas geralmente aceitas, não são um desvio psíquico.

Mito № 4: são pessoas solitárias, que não conseguem encontrar um companheiro ideal

Muitos childfree são populares com o sexo oposto, têm relacionamentos, são casados. Além disso, nesse tipo de família, os dois cônjuges não planejam ter filhos e se sentem muito felizes.

Mito № 5: o significado da vida é deixar descendentes; uma pessoa sem filhos vive em vão

A resposta para a pergunta “qual é o significado da vida?” ainda não foi dada por qualquer corrente filosófica e, se uma pessoa acredita que sua missão não é dar à luz e criar seus próprios filhos, mas, por exemplo, ajudar os outros, sua vida não pode ser considerada “sem sentido”. Todo mundo tem o direito de escolher o que mais gosta: alguns podem ver o significado de sua existência em ter uma família, outros se realizam no trabalho ou em melhorar o mundo e assim por diante.

Mito № 6: querem que a humanidade seja extinta

A população da Terra abriga mais de 7,5 bilhões de pessoas. Sim, a cada ano a porcentagem de childfree também aumenta, mas ainda é um fato insignificante para representar uma ameaça à extinção do ser humano no planeta. Quase 90% dos habitantes do mundo acabam sendo pais.

Mito № 7: um homem pode ser childfree, mas a ausência de filhos em uma mulher é contrária à sua própria natureza

A mulher ainda está sob o jugo de estereótipos e a questão de saber se ela quer ter filhos não se discute: ela é forçada a querer ter pelo menos um. Se um homem ainda pode escolher carreira profissional, ciência ou política, uma mulher sem filhos não será percebida como bem-sucedida e completa aos olhos da sociedade. Mas dar à luz não é uma obrigação imposta pela natureza, apenas uma possibilidade. Aceitá-la ou não é uma questão individual.

Mito № 8: na velhice, os childfree parasitarão nossos filhos

Os childfree contribuem tanto quanto o resto dos cidadãos de um estado. Mas, ao mesmo tempo, não desfrutam dos programas de apoio social oferecidos às famílias com filhos, de modo que o montante de impostos pagos por quem resolve não ter filhos será maior e, além disso, têm direito a uma pensão ao atingir a idade de se aposentar. Por outro lado, a maioria dos childfree está entusiasmada com suas carreiras, então a oportunidade de economizar recursos suficientes para uma velhice feliz é muito maior neles do que nas pessoas que optaram por ter filhos.

Mito № 9: antes não havia pessoas com esse tipo de crença

Sim, o movimento “sem filhos por opção” é bastante jovem, surgiu no século XX. Mas não podemos supor que até aquele momento todas as pessoas recebiam com alegria e entusiasmo a ideia de ter filhos. Via de regra, a maioria dos homens e mulheres não tinha outra escolha: dogmas religiosos, falta de contraceptivos, modo de vida patriarcal... um mundo onde o desejo individual não tinha a menor importância.

No entanto, os casos de infanticídio imediatamente após o parto, os remédios populares para abortar, um grande número de babás e enfermeiras que quase não permitiam que a mãe entrasse em contato com seus filhos lançam dúvidas sobre o fato de que mulheres de épocas passadas, tendo a possibilidade de escolher dar à luz ou não, teriam se recusado a aproveitá-la.

Mito № 10: ser childfree é uma decisão tomada para sempre

Uma pessoa está propensa a mudar sob a influência de fatores externos, reconsiderando suas crenças do ponto de vista de uma nova experiência. Naturalmente, há uma porcentagem de pessoas com princípios que tomam decisões de uma vez por todas. Mas, no entanto, uma pessoa ao longo da vida pode mudar seus interesses, opiniões políticas, crenças religiosas e, portanto, não pode negar a possibilidade de reconsiderar suas ideias sobre a decisão de não ter filhos.

E o que você acha: todo mundo é obrigado a ter filhos ou isso deve ser uma escolha puramente pessoal? Deixe seus comentários abaixo.

Ilustradora Natalia Tylosova exclusivo para Incrível.club

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