“Eu amo a minha filha, mas odeio ser mãe”. O sincero depoimento de uma mulher e o debate sobre o arrependimento da maternidade

Mulher
há 2 anos

Karla Tenório é atriz, escritora e mãe da Flor, uma menina de 10 anos. Karla sempre quis ter filhos e nunca imaginou que a decisão de ser mãe seria um motivo de tanto arrependimento.

Ser mãe é um trabalho difícil e que exige dedicação 24 horas por dia, 7 dias por semana. O Incrível.club sabe que cuidar de um filho não é uma tarefa fácil e, por isso, defende a liberdade das pessoas de decidirem se querem ou não passar por essa experiência. O artigo de hoje traz uma perspectiva muito interessante sobre esse tema. Confira e não deixe de compartilhar a sua opinião nos comentários.

Karla começou a se arrepender da maternidade no momento em que deu à luz

Karla ama muito sua filha, mas nunca gostou das responsabilidades que apareceram em sua vida quando precisou assumir o papel de mãe. Antes do parto, Karla passou dois anos planejando e se preparando para isso, mas ficou completamente perdida quando percebeu que nada do que havia lido antes de ser mãe refletia a realidade que ela passou a encarar.

“Eu odeio ser mãe desde o momento em que vi a cabeça da minha filha durante o parto.” Karla teve algumas complicações durante o parto e, por isso, todo o processo foi muito delicado. Naquele momento, ela foi tomada por um sentimento de tristeza e percebeu que já estava em um ponto sem volta. Ao longo dos anos, sofreu de psicose pós-parto, ou psicose puerperal, mas ainda assim fez o possível para ser uma mãe perfeita.

Ela sentia que era a única que se arrependia de ser mãe

Karla parou de fazer muitas coisas que fazia antes, porque constantemente se sentia culpada. Ou seja, ela queria ser uma mãe perfeita. Com o passar dos anos, começou a ler mais sobre o assunto e, pouco a pouco, foi se sentindo mais livre para falar sobre seus sentimentos. Foi então que ela percebeu que havia outras mulheres que sentiam o mesmo que ela.

Mais ou menos 10 anos depois, Karla contou a verdade e disse que se sentia uma mãe arrependida. Em uma de suas postagens no Instagram, ela escreveu: “Entender meu sentimento, acolher meu arrependimento, pensar sobre isso e falar em voz alta que ’Eu sou uma mãe arrependida’ liberou espaço dentro de mim para que outros sentimentos surgissem. A falta de espaço para a culpa fez o amor e a felicidade crescerem, e eu entendi que tenho algo a oferecer ao mundo. Pode não ser perfeito, pode não ser completo, mas é o que eu tenho! E eu acho isso lindo”.

Quando as pessoas perceberam que Karla era uma mãe arrependida, ficaram preocupadas com a filha dela

“Por que ela não gosta de ser mãe?”, “Como ela pode ser uma boa mãe se ela não gosta de ser uma?” Com o passar do tempo, todo tipo de pergunta começou a aparecer, mas Karla tentou explicar que ter um filho e ser mãe são coisas diferentes, e que é possível odiar a maternidade e ao mesmo tempo amar os filhos.

“Eu não gosto de ser mãe, definitivamente não gosto. Mas eu amo minha filha. Eu a amo de uma maneira que não posso explicar. E sempre tento dar o meu melhor a ela. Nós nos amamos muito. Somos mãe e filha, mas também somos amigas, parceiras. Nosso relacionamento é forte e funciona para nós. E ele é baseado no amor, na verdade e no respeito.”

Quem lê a história de Karla passa a acreditar na possibilidade de odiar a maternidade e, ao mesmo tempo, amar os filhos

  • “Ser mãe é muito complicado e muda a vida da mulher. Além de muita satisfação, traz também muitas complicações. Tenho certeza de que muitas pessoas pensam da mesma forma, porém poucas falam a respeito. Ela diz que ama sua filha, o que eu acho muito importante, porque tem gente que adora ser mãe, mas na verdade não age como uma. É muito importante reconhecer o que sentimos em relação à maternidade e fazer o melhor que podemos pelos nossos filhos.” © Isabel Suta
  • “Há mulheres que nascem para ser mães; há outras que não — mas isso não significa que não poderão ser boas mães e amar os seus filhos. O problema é quando elas não se sentem completas, já que a mulher vem depois da mãe; ou seja, o papel de mulher fica em segundo plano, porque ter um filho significa viver em função dele.” © Maria Victoria Ruiz Osorio

Karla acha que é necessário mostrar não apenas o lado romântico da maternidade

Karla acha que romantizar a maternidade pode ser muito prejudicial e pode causar tristeza, depressão e até morte. Além disso, ela acredita que é muito importante preparar as mulheres que ainda não tiveram filhos, e que planejam ter, e explicar de maneira realista o que envolve a maternidade.

Karla criou um movimento chamado “Mãe Arrependida”, que apoia mulheres que não gostam da maternidade. “Quero ouvir as histórias de outras mães. Essa iniciativa é sobre o amor. É para que, quando minha filha crescer, ela possa fazer uma escolha real e consciente sobre a maternidade”. O principal objetivo da iniciativa é libertar a voz de mulheres que não são felizes como mães e sentem culpa e sofrem por isso.

Bônus: o que outras mães que se arrependeram da maternidade têm a dizer

  • “Eu sinto que joguei a minha vida fora quando decidi ter filhos; sim, eu entendia o compromisso, mas se eu soubesse que as coisas aconteceriam da maneira como aconteceram, teria desistido. Tenho muita inveja das mulheres que não têm filhos. Sempre penso em como minha vida teria sido sem meu filho por perto. Eu sei que o amo muito, mas não consigo me lembrar da última vez em que fui realmente feliz.” © Rio102010
  • “Era para ser uma experiência mágica, mas 95% do trabalho é chato, com vômito e choro que não acabam mais. Deveria ser uma experiência que vale muito a pena, mas isso não acontece. Sinto que minha antiga vida era muito melhor e a quero de volta desesperadamente.” © soldalie_stucknow
  • “Ninguém me disse que a maternidade era solitária, ou que eu iria me sentir isolada e sozinha em minha própria família. Meus sentimentos e esforços são invisíveis; é inútil explicar meus sentimentos e por que eles são importantes; além disso, tanto o cuidado dos filhos como o próprio casamento (que sofre após a chegada dos filhos) desgastam emocionalmente.” © bump12e

Qual é a sua opinião em relação à maternidade, e quanto ao debate aberto sobre as opiniões de Karla? Você acha que é possível amar os filhos e odiar ser mãe?

Comentários

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Acho importante esse tema ser discutido.
Se criou um glamour tão grande a respeito da maternidade, que mulheres que decidem não ter filhos são vistas como monstros sem coração. E não é assim!
Ser mãe é uma responsabilidade muito grande e que não tem volta. É diferente de escolher uma profissão ou curso e se arrepender. Tentar outra coisa. É uma vida sob a nossa responsabilidade.
Posso não ter conseguido me explicar direito, mas respeito essa mulher, pela coragem.

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EU NAO SOU MAE MAS SEI QUE TEM QUE TA BEM PREPARADO PARA SER UM PAI OU MAE RESPONSAVEL

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eu entendo perfeitamente, é muita responsabilidade que a maioria nao saberia o que fazer e nao ter, nesse caso, é a melhor coisa a fazer

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