Jovem autista de MT enfrenta preconceitos e se forma em Medicina

Gente
há 1 ano

Enã Resende tem 26 anos de Rondonópolis (MT) e que, no último 15 de janeiro, se formou em Medicina. A história poderia ser mais uma entra tantas de jovens que concluíram o curso, um dos mais concorridos em qualquer faculdade. Só que Enã é um cara especial. Quando criança, ele foi diagnosticado com autismo, o que, no entanto, não o impediu de lutar pelo seu sonho.

Incrível.club traz para você mais uma história de superação, que combina força de vontade e luta contra os preconceitos.

Após completar um ano de vida os pais de Enã começaram a perceber que havia algo de diferente na criança. Ele não olhava nos olhos, articulava as palavras com certa dificuldade e ainda demorava para compreender o que falavam. Por outro lado, tinha uma grande facilidade de aprender.

Enã demorou muito a ter um diagnóstico correto — o de autismo. Mas, mesmo assim, começou desde muito cedo a fazer tratamento psicológico e fonoaudiológico para melhorar a interação com as pessoas e desenvolver a fala. Aos sete anos, uma professora chegou a decretar que ele nunca poderia ser alfabetizado. Mas ela não se conformou com esse prognóstico e mudou o filho de escola. Com algum apoio, dentro de pouco tempo, Enã seria finalmente alfabetizado.

Aos sete anos ele ainda perdeu o pai num acidente de carro. Esse terrível trauma provocou nele a vontade de ser médico. A inspiração que o motivou a cursar medicina segue até hoje. Prova disso é que Eña deverá optar, no período de especialização, pela área de neurocirurgia, para salvar pessoas com sequelas neurológicas de acidentes, como aconteceu com o pai dele.

“Espero que eu possa salvar as vidas de outros pais. A do meu não pôde ser salva, mas quero impedir que outras crianças fiquem sem pai”

Em 2013 Enã passou no vestibular de medicina na Universidade de Cuiabá (UNIC). Já nas primeiras interações com pacientes, ficou claro que, embora houvesse alguma dificuldade (característica do autismo), tratava-se de algo facilmente superável. O desejo de conquistar seu sonho e de cuidar das pessoas era maior que esses pequenos obstáculos.

A princípio, morando em Cuiabá com uma tia, ele acabou decidindo viver sozinho e obteve habilitação para dirigir, indo frequentemente visitar a mãe em Rondonópolis.

Eña também nunca teve problemas de socialização com os colegas de classe. Ele chegou, inclusive, a ser monitor, ajudando outros alunos. O rapaz nunca foi reprovado em uma matéria sequer. E não tem o menor problema em assumir o autismo “sou nerd autista com orgulho”, postou recentemente em seu perfil no Facebook.

Enã possui a chamada Síndrome de Asperger, um tipo de autismo considerado mais leve.

Mas, como para os leigos isso pouco importa, Enã conta que sempre sofreu com os preconceitos em relação às doenças mentais e neurológicas. A falta de informação é uma outra dificuldade que os autistas enfrentam na escola e na sociedade como um todo.

Sabendo do valor e da representatividade de sua conquista, Enã decidiu servir como médico no Exercito por um ano.

A história de Enã se parece muito com a do personagem principal da série americana da ABC “The good doctor”, que ela conta a história de um médico recém-formado que é autista e salva vidas com sua inteligência fora do comum. Outra coincidência com a vida de Enã, o. Shaun Murphy (o personagem principal da série) também decidiu ser médico depois de uma grande perda na família, a morte do irmão. A única diferença é a de que Enã e o dr. Murphy possuem variações diferentes do transtorno — Enã é caracterizado como Asperger e o médico da série americana, como Savant.

Gostou da história de superação de Enã? Conhece algum caso parecido? Conte para nós.

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