Mudamos um pouco as regras da família, o que ajudou a acabar com brigas desnecessárias

Gente
há 2 anos

No sábado, alguns amigos do meu filho vieram visitá-lo. Rapidamente lhes preparei um lanche, ouvi as últimas notícias, deixei que destruíssem a sala e me refugiei covardemente no nosso pequeno escritório, para tentar fazer meu trabalho no computador. Sim, transformei meu marido na vítima principal quando disse às crianças: “Se quiserem saber alguma coisa, perguntem ao papai”. Ele apenas concordou com a cabeça. Algumas horas depois, tudo parecia em paz, mas algo começou a dar errado. O barulho ficou tão intenso que a impressão era a de que o vidro da janela fosse quebrar, os meninos rosnavam e gritavam como bichos selvagens em plena fúria. Corri para ver o que acontecia e um drama havia se instalado entre eles: durante uma disputa pelo controle do videogame, eles conseguiram arrebentar o fio e agora queriam que um adulto encontrasse uma solução. Ficaram tristes por quebrarem o objeto de diversão e recorreram aos pais. Meu marido não estava mais na sala, fui até nosso quarto e lá estava ele, todo confortável. Parecia adormecido e com o fone de ouvido. Nem estremeceu com a “revolução” ocorrida em nossa sala. Meus nervos começaram a ferver lentamente. Meu trabalho estava “pegando fogo”, ele prometeu ficar de olho nas crianças e se retirou sem cerimônias.

Meu nome é Maria, e acredito que as rixas familiares não sejam um problema exclusivo nosso. Às vezes, todos nos cansamos e trincamos os dentes de desespero em casa, pois, não conseguimos ter tempo para nós mesmos. Especialmente para o Incrível.club, decidi fazer um pequeno experimento em casa e ver se isso nos ajudaria a ficar mais calmos.

À noite, quando a invasão dos bárbaros terminou e meu filho já suspirava docemente em sua cama, sentei-me com meu esposo para uma conversa séria. Fui eu a falar a maior parte do tempo. Meu marido apenas me olhava pensativo. A capacidade que ele tem de dormir em momentos inapropriados simplesmente me enfurecia. Eu fazia escândalos: “Também estou cansada! Não tenho mais forças!” E uma vez ele me perguntou: “O que está te impedindo? Deite-se e descanse”. Fiquei surpresa com essa proposta. Na verdade, o que está me impedindo? Discutimos um pouco mais sobre meu sofrimento e, então, me lembrei ter lido recentemente sobre uma experiência em um blog. E se cada membro da família tivesse uma hora livre todos os dias? E se fosse permitido fazer o que quisesse nesses momentos e estritamente proibido exigir qualquer coisa da pessoa durante essa uma hora?

Nosso experimento

Após longas conversas e reflexões, estabelecemos três regras:

  1. Cada um de nós — eu, meu marido e meu filho — temos, diariamente, uma hora livre, na qual podemos fazer o que quisermos. Outros eventos do dia a dia não estão incluídos nesses 60 minutos. Ou seja, momentos como ir a uma loja ou ao cabeleireiro não são contabilizados.
  2. Outra hora diária é reservada para uma comunicação cuidadosa entre mãe e pai. Sem celulares, apenas nos sentamos e conversamos. Você pode agendar esse horário para o final da semana, se quiser.
  3. Uma hora por dia é para a diversão em família. Vale qualquer coisa, menos assistir à TV. Ou seja, os filmes e programas televisivos que assistimos juntos não são contabilizados. Resolvemos não excluir o computador e o efeito foi interessante.

Os primeiros passos

No dia seguinte deixamos nosso filho feliz — ele gostou da ideia: todo dia, por uma hora, ninguém reclama que ele assiste a vídeos inúteis no YouTube, ou cobra as tarefas da escola e confere se leu o livro que a professora recomendou. Para ele, é um verdadeiro deleite. Mesmo assim, imediatamente tentou negociar e pleitear duas horas, em vez de uma. Negociamos a manhã toda. Como resultado, lembramos da segunda parte — o tempo que passamos juntos. E essa ideia o inspirou tanto que ele se esqueceu das suas exigências e foi para o quarto escolher um jogo de tabuleiro para a noite. Essa inspiração nos surpreendeu muito. Meu marido e eu nos entreolhamos timidamente, porque nem sabíamos que nosso filho estava tão entediado com as noites que passávamos juntos.

Meia hora mágica

Meu marido não teve problemas com o seu tempo livre. Ele corria alegremente para o computador na hora certa e ficava entretido com algum jogo, isso, se nosso filho não estivesse jogando ou pesquisando. Mas, de alguma forma e para a alegria de todos, eles compartilharam esse momento.

No entanto, eu estava muito entediada com os meus preciosos minutos. No início, decidi gastá-los com um pouco de leitura, afinal nunca sobra tempo para começar o próximo livro da minha lista: lia apenas 15 minutos antes de me deitar, porém, já estava morrendo de sono. Então, decidi me sentar e ler. Após 10 minutos, me encontrei vagando pela casa com o livro na mão, recolhendo aleatoriamente meias e roupas espalhadas pela sala.

Não deveria ser assim, pensei, essa é a minha hora, não vou passá-la arrumando a casa, e voltei para o sofá. Depois de cinco minutos, dei um pulo: será que meu filho fez o dever de casa? Fui até o quarto dele conferir e logo comecei a pensar no que preparar para o jantar. Não foi assim que planejei passar meu tempo livre.

E como descansar se você não consegue?

Decidi sair de casa e fui até o café mais próximo para relaxar. Me aconcheguei com um cappuccino e um livro. Depois de 5 minutos telefonei ao meu marido para saber como eles estavam. Ele não entendeu e me lembrou que meu filho não tem 9 meses e sim 9 anos, estava tudo bem. O que devo fazer é descansar deles e não ficar ligando para saber se já comeram.

Parece que meu problema não era falta de tempo para descansar. O fato é que não conseguia ficar sem fazer nada, e ficava pensando poder estar trabalhando, limpando, cozinhando, ou seja, fazendo algo útil. Eu simplesmente não podia mais ficar sem fazer nada, sentada no café, comendo uma guloseima e olhando as pessoas. Minha vida era só meu marido e meu filho.

Consultei meu marido. Ele refletiu e lembrou que no início da nossa vida de casados eu gostava muito de tirar fotos: “Pegue sua velha câmera e dê um passeio pela vizinhança”. Bem, tirei apenas uma foto de um orelhão. No final apenas dei um passeio. E vejam só, funcionou! Enquanto corria pelo bairro com a máquina fotográfica preparada, parecia estar trabalhando, mas a verdade é que aquilo me relaxou. A caminhada ajudou a limpar meus pensamentos e me acalmou. Além disso, o ar fresco e o passeio também tiveram um efeito positivo, trazendo bem-estar e melhorando minha aparência.

O tempo que passamos juntos

Esse tempo em família foi um desafio. Primeiro, foi necessário nos reunirmos na sala, esquecendo os outros assuntos. Em segundo lugar, separar os minutos atribuídos para isso. E realmente não conseguimos ficar juntos por apenas uma hora. Nenhum jogo de tabuleiro pôde ser concluído durante esse tempo e não queríamos ter de interromper a partida.

Rapidamente, os jogos de cartas tiveram de ser excluídos: nosso filho se revelou extremamente viciado em jogos de azar e não soube conviver muito bem com as derrotas. Eu já estava bocejando no “Banco Imobiliário”. E o RPG Dungeons & Dragons levou meu marido a um estado letárgico, mais adequado para jogar “Uno”. Depois de algumas noites, também fiquei cansada.

Uma decisão inesperada

Decidi que era hora de reduzir a quantidade de jogos de tabuleiro. Primeiro, tivemos um festival de salgadinhos. Preparei a massa e a carne moída, e toda a família se sentou para fazer bolinhos, enquanto contávamos piadas e relembrávamos situações familiares. Foi engraçado ver como conseguimos criar diferentes formatos de salgadinhos. Eu os fazia pequenos e de massa fina. Meu marido — poderosos e grandes, como bolas de bilhar. Meu filho, ao que parece, tentou fazer um bolinho diferente do outro. E nosso garoto os comeu pela primeira vez na vida. Antes, ele não suportava.

No entanto, não dá para comer salgadinho todo dia, e o tamanho da nossa cozinha não permite cozinhar a seis mãos. Porém, ainda não experimentamos fazer tortas. Meu marido baixou inesperadamente um jogo de computador que ele e meu filho gostaram, e o processo de atraí-los de volta à mesa ou para cozinhar tornou-se um verdadeiro desafio.

Já que tínhamos nos cansado do entretenimento anterior, decidimos acrescentar algo novo ao nosso experimento. E toda a família se acomodou na frente do computador. Eles jogavam e eu assistia. O jogo era de estratégia e se passava na Idade Média. Então, com o auxílio de uma enciclopédia, eu dava informações históricas e explicava o significado de certas coisas daquela época. Acabou sendo muito divertido.

Romance doméstico

As noites românticas com meu marido começaram muito bem. Colocamos nosso filho para dormir, nos sentamos para conversar por uma hora e, como resultado, conversamos até três da manhã. Na vez seguinte, fomos mais cautelosos, pois, não é nada fácil levantar de manhã para trabalhar quando se dorme apenas cinco horas. Em geral, não encontramos dificuldades até aqui. Uma semana se passou e parece que discutimos todas as questões possíveis. As pausas no meio da conversa foram ficando cada vez mais longas. Nossas noites românticas eram como ir a um psicólogo: nos sentávamos e ficávamos olhando um para o outro em silêncio. Um dia quando percebi que meu marido olhava ansiosamente para o computador, eu disse: “Desisto, vamos lá, você joga, e eu vou me sentar ao seu lado e assistir”. Devo admitir de imediato que me simpatizo com os jogos de computador, embora não goste de jogar. Bem, eu simplesmente não tenho interesse. E então descobri que sou uma espectadora nata. Realmente gostei de assistir meu marido jogando. Ele até baixou Assassin’s Creed e algumas estratégias novas, deixando o jogo mais divertido para mim.

Acompanhar as aventuras de outras pessoas no espaço virtual não é menos divertido para mim do que assistir a uma série de TV. Torci com entusiasmo pelos personagens, me preocupei com a saúde dos camponeses, implorei para meu marido não se envolver em batalhas e ele apenas dava uma risadinha. Além disso, a maneira de jogar, a estratégia e a tática me parecem tão verdadeiras quanto nossas longas e sinceras conversas.

Resultados

Em geral, nosso experimento foi um sucesso. A quantidade de tarefas de casa não diminuiu, mas, agora, já sei por que fico cansada e resmungando. Meu filho e meu marido se empolgaram brincando juntos e, o mais importante, o garoto ficou encantado com o nosso interesse por jogos de computador. Então, ele decidiu se tornar um programador e fazer jogos por conta própria. Inclusive baixou alguns aplicativos simples que está dominando ativamente. Ficou mais claro para mim o que há de tão atraente nos homens que tenho em casa. E me lembrei de como é bom simplesmente passear. Portanto, continuamos a seguir a rotina que criamos, mas não de forma rígida.

Sugiro que você conduza uma experiência semelhante e, em seguida, compartilhe seus resultados.

Comentários

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Olha, a teoria ehoje infinitamente mais fácil, na hora geralmente a gente faz o que dá é rezamos para dar certo e é isso😐

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