6 Personagens estereotipadas que aparecem repetidas vezes nos filmes, e a maior parte de nós já se cansou

Arte
há 2 anos

Os filmes e séries de TV do século XXI oferecem aos espectadores uma variedade de diferentes heroínas. Enquanto os clássicos de Hollywood foram feitos em uma época em que a sociedade via as mulheres como dependentes dos homens, devendo ficar em casa para cuidá-la, as personagens femininas de hoje apresentam um leque muito maior no quesito diversidade. “A garota legal”, “A durona”, “A moleca” — esses são apenas alguns dos termos que se enraizaram no vocabulário de muitos espectadores ao longo dos anos.

Nós, do Incrível.club, fizemos uma pesquisa para descobrir quais as personagens estereotipadas que vemos com mais frequência nos filmes e nos seriados. E também descobrimos que mudanças recentes estão sendo feitas para diversificar esses perfis. Acompanhe!

A garota legal

cool girl, ou “garota legal”, geralmente tem hobbies tipicamente masculinos como gostar de carros ou de futebol. Essa heroína é notável por sua beleza deslumbrante e senso de humor aguçado. Além disso, ela adora comer besteiras, o que não parece afetar em nada a sua aparência.

A “garota legal” é diferente: ela não costuma perder a calma e não gosta de “fazer drama”. Nos filmes, esse estereótipo foi encarnado, por exemplo, por Megan Fox em Transformers: A Vingança dos Derrotados e por Cameron Diaz em Quem Vai Ficar com Mary?.

No mais, os filmes mencionados, geralmente, mostram essa personagem antes de se casar, e os telespectadores não costumam vê-las após o casamento. No romance Gone Girl, a autora Gillian Flynn analisou como seria a vida da “garota legal” caso ela se casasse com o protagonista.

Amy Dunne era a típica “garota legal” que fazia de tudo por seu marido: “Garotas legais nunca ficam bravas, elas apenas dão um sorriso amarelo e deixam seus maridos fazerem o que quiserem. Vai lá, faz, não me importo, eu sou uma garota legal”. Mas, no final, abandonar os próprios desejos e ter de estar sempre agradando os outros à sua volta afetou o estado psicológico das heroínas de forma negativa.

A “doidinha” dos sonhos

Em inglês, ela é chamada de manic pixie dream girl. Ela ouve música alternativa, pensa fora da caixinha e se comporta de forma imprevisível. Normalmente não sabemos muito sobre ela: não costuma ter personalidade definida nem uma história de vida, já que a função principal da personagem é complementar o protagonista. Frequentemente, ela encontra o protagonista triste, ajuda-o a lidar com a apatia, a se encontrar e a trazer cores à vida dele. Algumas representantes típicas desse papel: Ramona, em Scott Pilgrim Contra o Mundo, e Claire, em Tudo Acontece em Elizabethtown.

No drama (500) Dias com Ela, esse papel foi reinterpretado e ganhou um novo perfil. À primeira vista, parece que Summer é a perfeita “garota doidinha”: ela é engraçada, linda e irreverente. Além disso, ela vira a vida apática de Tom de pernas para o ar. Considerando tudo isso, espera-se um final feliz, mas os criadores decidiram surpreender.

Se analisarmos objetivamente a personagem de Zooey Deschanel, podemos concluir que ela não é a típica “garota doidinha” dos sonhos, porque ela demonstra bastante personalidade e tem seus desejos próprios. Seu objetivo não é apenas complementar harmoniosamente o personagem de Joseph Gordon-Levitt. Entretanto, Tom não percebe isso e não vê Summer como uma pessoa independente — ele apenas a ama por ela o fazer feliz.

É por isso que as coisas não dão certo entre eles: na vida real, é muito difícil construir uma relação séria com alguém que não te veja por completo, considerando suas ambições e objetivos de vida.

A vizinha

O estereótipo da “vizinha”, ou girl next door, foi criado para mostrar uma imagem idealizada feminina que se opõe às “sedutoras” ou às “mulheres fatais”. Ela é uma menina modesta, doce e inocente, que vive ao lado do protagonista e não tem ideia do quão atraente é. Sua função principal é esperar o herói amadurecer e finalmente a ver com outros olhos. Então, depois, os dois podem se casar. Um exemplo clássico desse tipo é Mary Jane Watson em Homem-Aranha.

Recentemente os roteiristas estão tentando dar mais vida a essa personagem feminina antiquada e artificial. Em 2015, no filme Cidades de Papel, por exemplo, Margo tem todas as características da típica vizinha: mora ao lado do seu amigo de infância Quentin, que é secretamente apaixonado por ela. E, considerando o padrão, o público acredita que haverá um final feliz. Mas isso não acontece.

Os criadores mostram que Quentin não sabia nada sobre Margo durante todo esse tempo, ela é como um mistério para ele. E quando o herói finalmente toma coragem e confessa seus sentimentos pela bela garota, Margo se surpreende e diz que não compartilha dos mesmos sentimentos por ele. A explicação é simples: ela ainda precisa lidar com questões pessoais, não sabe o que quer da vida e, por isso, não está pronta para mergulhar num novo romance.

A moleca

A “moleca”, ou tomboy, prefere usar roupas confortáveis e largas em vez de vestidos e saias. Ela é geralmente teimosa, confiante e não conformista, ou seja, gosta de desafiar os padrões de imagem feminina. Mas a clássica moleca age dessa forma somente até passar por essa fase inicial e aceitar, inteiramente, sua feminilidade.

Um exemplo disso é a personagem vivida por Sandra Bullock em Miss Simpatia, que não é vista como uma mulher típica por seus colegas. Segundo o roteiro, ela se torna verdadeiramente feliz após uma transformação de visual — e é nesse momento que ela atrai a atenção de um rapaz bonito. O mesmo ocorreu com a protagonista do filme Ela é o Cara.

Jo de Adoráveis Mulheres e Arya de Game of Thrones são exemplos recentes do mesmo perfil da “moleca”, mas que não chegaram a se transformar completamente no final. Isso pode indicar que os roteiristas estão começando a descartar o clichê de que a moleca não pode ser feliz a menos que mude o visual e encontre um grande amor. Por exemplo, Jo termina o filme não se orgulhando da felicidade em família, mas de suas conquistas literárias.

A rainha do gelo

Essa heroína pode ser reconhecida por algumas características marcantes. Geralmente ela não demonstra as verdadeiras emoções, não tem medo de estar sozinha e usa sua frieza e indiferença como armadura. Essa personagem é capaz de tudo para conseguir o que quer e não se incomoda com o que a sociedade pensa dela.

À medida que o enredo avança, a “rainha do gelo” costuma ter dois possíveis caminhos de desenvolvimento. O primeiro: ela morre no final do filme, como a Feiticeira Branca de As Crônicas de Nárnia ou a traiçoeira baronesa de Cruella. O segundo: ela consegue se apaixonar de verdade e derrete seu coração gelado, como aconteceu com a Malévola, interpretada por Angelina Jolie.

A durona

A personagem da mulher “durona” (strong female character) é o oposto do clichê da “donzela em apuros”, que precisa ser resgatada. Essa heroína tem coragem, determinação, força de vontade inabalável, mente afiada e habilidades físicas poderosas. Alguns exemplos: Katniss Everdeen e Lara Croft. Esse perfil costuma ser criticado pelo seu excesso de simplicidade: normalmente, as mulheres “duronas” do cinema são desprovidas de falhas e carecem de profundidade.

A principal desvantagem desse modelo é que ele impõe um estereótipo falacioso, como se feminilidade e força fossem características mutuamente exclusivas. Vejamos a evolução de Sansa Stark de Game of Thrones. No início da série, Sansa é uma garota meiga, feminina e leve. Porém, para se tornar a Rainha do Norte e tomar o poder, ele se transformou em uma mulher fria, calculista e quase até cruel.

Muitas vezes, nos filmes, a mulher resiliente não tem muito a fazer. Primeiro os roteiristas mostram uma personagem incrivelmente dotada de habilidades, que poderia salvar não só a si mesma, mas também o mundo inteiro. No entanto, depois ela volta a ficar em segundo plano, visto que toda a sua história de vida se reduz a ser o interesse romântico do protagonista. Esse padrão foi, inclusive, chamado de Síndrome da Trinity — em homenagem à Trinity de Matrix.

Quais personagens estereotipados do cinema você já está cansado de ver? Comente!

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