com a renda dela ate que não é tão difícil quero ver fazer isso com um salário mínimo aí sim
Testei um método popular para economizar dinheiro e quero compartilhar os resultados do experimento
Nem sempre nascer em uma família rica é garantia de sucesso, mas é um fator que pode ajudar a ganhar a vida sem quebrar muito a cabeça. Já as pessoas sem um apoio financeiro adequado tendem a passar muito mais tempo buscando aprender a administrar suas finanças pessoais com sabedoria. E saber controlar as despesas é uma das habilidades necessárias para organizar o orçamento. Muitos recomendam a regra 50/30/20, aparentemente simples e muito eficaz, para quem sente dificuldades para colocar as contas em ordem.
Nós, do Incrível.club, conduzimos um experimento em que uma das nossas autoras tentou viver de acordo com esse modelo financeiro por alguns meses e, depois, compartilhou os resultados. Vale mencionar que ela mora em uma pequena cidade na Polônia, por isso todos os valores mencionados no texto foram convertidos para reais por conveniência.
Sou a Júlia e tenho uma família pequena (marido e filho), mas, por alguma razão, vivemos de salário após salário e não conseguimos guardar dinheiro todo mês. Portanto, quando li sobre o método 50/30/20 e contei ao meu marido, decidimos realizar um experimento. Segundo a regra, 50% da renda deve ser usada para bancar as necessidades básicas, ou seja, moradia, comunicação, transporte e alimentação. As despesas com “estilo de vida” devem representar 30% da receita. Essa é a categoria dos gastos que deixam a nossa vida mais feliz: restaurantes, beleza, fitness, além de compras de roupas e de outras coisas que não são essenciais, mas agradáveis. Por fim, os últimos 20% devem ser destinados à poupança e investimentos. Poupar 20% da renda todo mês e formar um “colchão financeiro” era a tarefa mais difícil para nós.
Primeiramente, colocamos na ponta do lápis a nossa receita familiar — deu 6 mil reais. À primeira vista, parece um número muito bom, não é? Porém, analisando as despesas com necessidades básicas, descobrimos que elas constituíam não 50%, mas 60% da renda, ou seja, 3.600 reais. Considerando que não tínhamos o hábito de guardar dinheiro, ficou evidente que utilizávamos o resto dos nossos ganhos com lazer, compras, atividades extracurriculares do nosso filho e diferentes tipos de imprevistos.
Portanto, precisávamos diminuir esses gastos. Isso parecia simples, e riscamos todos os que não fariam grande falta em nossa vida. Por exemplo, escolhemos comer mais em casa do que fora e abrir mão do peixe defumado e do queijo azul. As camisas, camisetas e jeans que compramos no mês anterior também não eram produtos de primeira necessidade.
Os valores com moradia e transporte eram mais difíceis de reduzir, mas conseguimos encontrar uma saída saudável e econômica: optamos por economizar nas contas de água e luz e caminhar ou usar o transporte público em vez de andar de carro.
Como resultado, definimos um objetivo: reduzir as despesas com necessidades básicas de 3.600 para 3.000 reais e as com gastos supérfluos de 2.400 para 1.800 reais.
O começo de uma nova vida: primeiro mês
Contas da casa. Pagamos 1.300 reais por mês para quitar um financiamento imobiliário e 850 reais para manter as contas em dia. Tenho de admitir que achava chato desligar a luz cada vez que eu saía de um cômodo para poupar energia. Economizar água também não era nada fácil. Nosso filho gosta de deixar a torneira de água quente aberta e ficar meditando na banheira por 15 minutos, ensaboando as mãos. Apesar de todas as birras, tivemos de reduzir suas brincadeiras com água e barquinhos de três vezes para uma vez por semana. Essas medidas nos ajudaram a diminuir as contas da casa em 110 reais, chegando, assim, a 740 reais por mês.
Lazer. Costumávamos almoçar ou jantar em restaurantes de duas a quatro vezes por semana — em família e separadamente, cada um com seus colegas e amigos. Não deixamos de comer em restaurantes, mas cortamos o número de refeições feitas fora de casa quase pela metade. É claro que sabíamos que isso consumia boa parte do nosso orçamento, mas nos demos conta de que gastávamos mais do que imaginávamos. Reduzir as despesas com restaurantes foi extremamente penoso. Contudo, conseguimos economizar 420 reais.
Alimentação. Em média, gastávamos em torno de 1.200 reais com comida, mas também conseguimos reduzir as nossas despesas nesse segmento: deixamos de comprar legumes e frutas frescas no inverno e também passamos a substituir carne bovina por frango. Além disso, trutas defumadas e queijos refinados saíram do nosso cardápio do fim de semana. Em vez disso, introduzi recheios mais econômicos para os jantares em família: o patê de requeijão com uva passa e o de ovo e queijo. Assim, abaixamos os gastos com alimentação de 1.200 para 900 reais.
Transporte. Essa foi a parte mais difícil. Nas estações mais quentes, caminhar é muito legal, mas no inverno, quando está frio, os passeios ficam menos prazerosos. Além disso, levar o nosso filho ao jardim de infância, que fica a algumas quadras da nossa casa, acabou sendo uma aventura e tanto. Sonolento, ele não entendia bem por que sua mãe estava tão irritada. Depois de quatro dias de sofrimento, falei categoricamente ao meu marido que não dava mais para continuar assim e me recusava a economizar com transporte. Portanto, essa categoria de despesas permaneceu inalterada.
Gastos adicionais. Antes, uma profissional de limpeza nos ajudava a arrumar a nossa bagunça. Porém, quando percebemos que não podíamos mais nos dar ao luxo de pagar por seus serviços, decidimos começar a limpar a casa por conta própria.
Tudo estava correndo bem até que surgiu um imprevisto
Como resultado, reduzimos os nossos gastos em 12,5% e economizamos 770 reais durante quase um mês, o que fez uma boa diferença. Apesar de não conseguirmos enquadrar todas as despesas no modelo 50/30/20, nos sentíamos heróis. “Não é tão difícil”, comentávamos com insegurança. Mas, um dia, nosso carro quebrou. Estávamos tão acostumados a ter um veículo que não imaginávamos o nosso dia a dia sem ele. Por isso, usamos todo o dinheiro poupado com o conserto.
Isso nos deu um choque de realidade. Percebemos que, além de poupar 20% da receita, também precisamos guardar mais 5-10% para despesas imprevistas. Afinal, sempre surge alguma: consertar o carro, fazer uma reforma em casa ou levar o filho ao dentista. Esses e outros problemas normalmente nos pegam de surpresa. Portanto, decidimos levar o nosso experimento mais a sério no mês seguinte.
Reconsiderando as despesas: segundo mês
Diminuir o valor das parcelas do financiamento imobiliário não foi possível, então continuamos vendo quais gastos desnecessários poderíamos cortar.
Chegamos a um acordo quanto ao transporte: levávamos nosso filho de carro de manhã e o buscávamos a pé à noite. Os pais se exercitavam, e a criança passeava. Deixamos de ir de carro ao mercado, pois fica relativamente perto. Por outro lado, carregando sacolas pesadas, o caminho de volta para casa pareceu duas vezes mais longo. Mas de qualquer maneira, economizamos 230 reais.
Nosso filho também parou de frequentar atividades extracurriculares, que nos custavam 300 reais. Pensei que poderíamos fazer figuras de massinha de modelar e várias coisas de papel em casa.
Além disso, ele passou a tomar banho de banheira apenas uma vez por mês, começamos a almoçar fora de casa apenas uma vez por semana, aos sábados ou domingos. Paramos de usar a chaleira elétrica, o secador de cabelo e outros dispositivos que consumiam muita energia. Abri mão da manicure feita no salão de beleza e comecei a fazer as unhas em casa, pintando-as com um esmalte comum. Quando a nossa escova de dentes elétrica pifou, decidimos adiar a compra de uma nova e comprar duas manuais. Também parei de tingir o cabelo e economizei 150 reais sem me preocupar muito, pois colocava uma touca ao sair de casa. Além disso, trabalho em casa, então ninguém notaria as minhas raízes marcadas. Enfim, conseguimos economizar mil reais com esses pequenos detalhes.
Porém, outro dia, passei vergonha por causa do meu cabelo. Minha sogra fez alguns comentários sarcásticos sobre as minhas raízes não tingidas, mas não lhe dei ouvidos. Porém, certa vez, em uma reunião de pais e mestres no jardim de infância do nosso filho, a professora responsável pela turminha teve uma conversa com a gente explicando a importância de ensinar as crianças a ter uma boa higiene. De repente, dirigiu-se a mim: “A senhora poderia tirar a touca? Está quente aqui”. Tirei a touca e mostrei a todos as minhas raízes que faziam o cabelo parecer descuidado. Me senti muito desconfortável porque sou uma pessoa que costuma cuidar da aparência! Mas estava assim para economizar dinheiro.
Resultado: apesar de todas as dificuldades, fomos capazes de guardar não só 20% da receita, mas também 5% para imprevistos. Ficamos orgulhosos porque, finalmente, deu certo!
Chegou a hora de organizar o orçamento para o terceiro mês...
Quando recebemos o salário, meu marido e eu paramos para planejar as despesas. O financiamento imobiliário, as contas da casa, os gastos com gasolina e com o pouco que a gente ainda fazia de lazer... Janeiro chegou e, apesar das inúmeras promoções durante o período pós-Natal, estávamos com o bolso bem apertado. Não nos sentíamos bem, pois começamos a perceber que tivemos de apertar o cinto e viver com menos.
Fomos dormir de mau humor. Meu marido adormeceu, mas eu ainda estava acordada, pensando no que a nossa vida se tornou. Passamos os dois meses do experimento brigando com mais frequência do que antes. Essa experiência era exaustiva. Meu reflexo no espelho também não me agradava: me transformei de uma mulher bem cuidada em um espantalho com raízes altas e unhas mal pintadas.
Depois de dispensarmos o serviço da profissional de limpeza, quem fazia a faxina era eu: embora o meu marido tivesse prometido dividir as tarefas de casa comigo, ele sempre encontrava desculpas para não tirar pó ou lavar o banheiro. É claro que eu ficava brava porque tinha de conciliar o trabalho com os afazeres domésticos.
Só de olhar para nós, nosso filho também se estressava, e suas tentativas de fazer atividades extracurriculares em casa se tornaram um pesadelo para todos nós. Além disso, tomar banho de banheira à noite com muito menos frequência fez o menino dormir pior, o que também não ajudou a levantar o astral da nossa família.
E como se não bastassem todos os obstáculos que tivemos de enfrentar, me senti atormentada pela culpa por uma coisa que falei. Em uma noite, minha amiga me ligou e me convidou para ser madrinha de seu bebê. Foi como se alguém jogasse um balde de água fria em mim. Isso significava que eu deveria estar disposta a gastar mais algumas centenas de reais todo mês, mas eu já tinha três afilhados. Soltei que estaria fora da cidade no dia do batizado. Porém, em momento algum ela havia dito quando seria o batizado. Aparentemente, minha amiga entendeu tudo e ficou ofendida. Foi uma situação muito constrangedora.
No dia seguinte, levei meu filho ao jardim de infância. Os pensamentos do dia anterior não me deixavam. Será que vale a pena comprometer o meu presente em prol de um futuro vago? Será que o dinheiro poupado hoje terá o mesmo valor no ano seguinte e não será influenciado pela inflação? Será que eu realmente preciso abrir mão de tudo?
No fim do dia, resolvi buscar o nosso menino de carro, e não a pé como era o combinado. No caminho, pedi sushi e marquei uma visita a um cabeleireiro. Ainda estaria frio por mais dois meses, e eu precisaria usar touca por mais tempo, mas não aguentava mais me ver daquele jeito no espelho. Prometi ao meu filho que ele tomaria banho de banheira à noite.
Em seguida, passamos no mercado e compramos um carrinho inteiro de alimentos que não comíamos havia dois meses. Por fim, comprei o nosso café favorito para levar para casa.
Quando chegamos em casa, meu marido, deprimido como sempre, não entendeu o que estava acontecendo e por que o nosso filho e eu estávamos tão animados. Depois, veio a entrega de sushi. Meu marido ficou empolgado, mas ainda não conseguia acreditar que chegou a hora de encerrar o experimento e voltar à nossa vida normal. Era um sonho que, finalmente, se tornou realidade.
Sim, tivemos uma recaída mal começando a atingir o nosso objetivo. Conseguimos viver um mês seguindo a regra 50/30/20. Sim, talvez esse método seja claro e simples. Mas nos demos conta de que, no momento, era uma missão impossível de cumprir. Parecia que não vivíamos, mas apenas existíamos.
Por outro lado, também entendemos que ter uma quantia guardada é fundamental. Em um conselho de família, decidimos poupar de 5% a 7% do salário. Era o máximo que ajudaria a formar uma reserva de emergência e não deixaria que nos frustrássemos de novo com restrições rígidas. Mas a conclusão mais importante, embora muito óbvia: se você não quer economizar, precisa ganhar mais.
Bônus: uma das tentativas malsucedidas de economizar dinheiro
Ainda no começo do experimento, eu procurava no que poderíamos economizar. Depois de analisar diferentes fóruns, percebi que muitas pessoas fazem compras no atacado, o que sai mais barato do que em mercados comuns. Adorei a ideia e decidi testá-la. Liguei para minhas amigas para convidá-las para comprarmos juntas produtos em grande quantidade, e três delas concordaram com entusiasmo. Pensei que, dessa forma, iríamos economizar quase 30% do valor de varejo.
Fomos a um mercado de atacado, compramos mantimentos para um mês e cada uma economizou 770 reais. Fiquei muito satisfeita. À noite, uma das minhas amigas me ligou chorando: seu marido foi demitido e exigia que ela devolvesse todos os produtos caros, deixando apenas cereais e enlatados. Não dava mais para devolver os mantimentos, então tive de comprar uma parte dos itens dela, o que não estava nos meus planos. Logo, outra amiga me ligou e afirmou que havia larvas nas embalagens de cereais. Voltar ao mercado que fica a 40 km da cidade para devolver os cereais estragados não era nem um pouco vantajoso. Ela teve de deixá-los secarem.
Resultado: desperdiçamos muito tempo viajando e embalando alimentos. Comprei uma balança que não precisava. Estraguei o relacionamento com uma amiga, e a outra descontou em mim sua indignação com a qualidade dos produtos. Mas o mais frustrante é que, depois de calcular o custo da gasolina e da balança, entendi que não tinha economizado nada. Nunca mais vou fazer compras no atacado, especialmente com alguém conhecido.
Em sua opinião, nossa autora deveria ter continuado a viver de acordo com a regra 50/30/20 ou interromper o experimento foi uma solução razoável? Por quê? Comente!
Comentários
vou testar, se é pra economizar meu rico dinheirinho eu tô dentro kkk, mas já confesso que é difícil
parece bem sensato quando se pode fazer, aqui estamos liquidando o cartao de credito que é um ralo de dinheiro
juro que eu tento, mas o ifood nao deixa, ele fica me assediando com as mensagens de promos... aiai