Nossa! Escrevi e apaguei várias vezes aqui no comentário. Que mistura de raiva e indignação!
Estou chocada, ninguém nessa vida vale de nos anularmos para se dedicar ao outro integralmente desse jeito, chega a ser revoltante.
Caramba! Tolstoi vai para o topo da minha lista das 3 coisas que irrita, (um artigo publicado aqui no incrível).
Sofia Tolstói foi uma esposa perfeita e após 25 anos de casamento ouviu que “poderia ter sido melhor”
Aos 18 anos, Sofia Behrs se casou com o famoso escritor Leon Tolstói, um homem que tinha quase o dobro de sua idade. Sofia dedicou quase toda a sua vida ao marido e fez o possível para que ele não se preocupasse com nada além de seus livros. Era ela quem cuidava de tudo que acontecia dentro e fora de casa.
O casal teve 13 filhos que ela educou sem a ajuda de uma babá. Sofia ajudava os camponeses e à tarde passava a limpo os rascunhos escritos pelo seu marido. Quando Tolstói começou a se dedicar à filosofia e decidiu compartilhar os seus bens entre os camponeses, ela foi contra e disse que isso prejudicaria muito o futuro dos filhos. Por atitudes como essa, foi chamada de mesquinha e as pessoas sempre disseram que ela nunca o entendeu. Mesmo após tanta dedicação, Tolstói fugiu de casa após 48 anos de casamento no meio da noite.
O Incrível.club tentou entender essa complicada história de amor. Assim como muitas outras, ela nos coloca uma grande questão: para um relacionamento funcionar, é preciso que haja um grande sacrifício pessoal? Para que duas pessoas possam se entender, é fundamental colocar os interesses do outro acima dos nossos?
Tolstói só se transformou em um grande escritor após se casar e sua esposa teve um grande papel nessa história
Sofia era uma das 8 filhas de um nobre médico de descendência alemã chamado Andrey Behrs e de Liubov Behrs. A família vivia em Moscou e frequentemente visitava a região de Tula, também na Rússia, que ficava perto de Yasnaya Polyana, local onde Tolstói nasceu. Sofia e Tolstói se conheceram quando ainda eram crianças.
A jovem era uma menina muito bem educada e se formou na Universidade de Moscou. Ela sempre gostou de literatura e manteve o hábito de escrever um diário. No futuro, esses textos seriam considerados uma grande obra de memórias. Além disso, ela costumava escrever contos.
Antes de se casar, o conde Tolstói seguiu a carreira militar e publicou algumas obras. Foi com a obra Infância, de 1852, que ele começou a ficar famoso.
Antes do casamento, Tolstói gostava de apostar e teve relação com muitas mulheres
Tolstói nunca escondeu as suas aventuras amorosas; na verdade, ele se gabava delas. Ao mesmo tempo, vivia um sem-fim de arrependimentos e de tormentos psicológicos. Entre suas grandes paixões havia uma camponesa chamada Aksenia com quem teve um filho. A relação durou cerca de 3 anos, mas ela não parecia combinar com o ideal de mulher que ele aparentemente defendia.
Ao voltar a Moscou depois de servir no Cáucaso e viajar pela Europa, Tolstói, então com 34 anos de idade, reencontrou Sofia, que havia acabado de completar 18 anos. Nesse momento, ele a viu com outros olhos. Na realidade, olhou primeiro para a irmã mais velha de Sofia, com quem os pais pensavam que iria se casar. Contudo, Tolstói pediu a mão de Sofia em casamento, para quem escreveu a seguinte carta:
“Fale-me, com honestidade, você gostaria de ser a minha esposa? Diga que sim apenas se a sua alma assim o quiser; caso contrário, se tiver alguma dúvida, é melhor dizer não. Pelo amor de Deus, faça essa pergunta a você. Tenho medo de escutar um não, mas encontrarei as forças para encará-lo. Contudo, será horrível não ser amado como marido da mesma maneira como eu amo!” Sofia não duvidou um minuto sequer.
O casamento foi realizado uma semana após o noivado. Tolstói considerava que, por fim, havia encontrado a sua felicidade e simplesmente não podia esperar. Entretanto, antes do casamento, perguntou a ela: “Você realmente quer este casamento?”
Antes do casório, na tentativa de ser honesto com a sua noiva, Tolstói abriu seu diário à noiva para que ela pudesse ler tudo sobre a sua vida amorosa, em particular a sua relação com Aksenia. A jovem ficou muito emocionada com a atitude nobre de seu prometido, mas sentiu ciúmes de Aksenia pelo resto de sua vida, e com razão. Na velhice, Tolstói escreveu sobre esse amor apaixonado no romance O Diabo.
A imagem de um sábio barbudo com roupas de camponês estava longe da realidade
Tolstói foi um homem impulsivo e emocional; além disso, sempre lutou contra a rotina de uma vida comum. A vida não foi nada fácil para sua jovem esposa: ela teve de abandonar a vida na capital e se acostumar à vida na região de Yasnaya Polyana.
Como mencionado acima, Sofia teve 13 filhos e teve de amamentar, criar e educar todos eles sozinha porque o marido não permitia a ajuda de babás e empregados domésticos. Era ela quem cuidava de tudo dentro de casa, ajudava os camponeses e além disso, tinha de passar a limpo centenas de páginas escritas com uma letra muito feia.
Ela o manteve distante de todas as preocupações e, no começo, o casal foi muito feliz
Foram muitos os sentimentos que o motivaram a escrever Guerra e paz e Ana Karenina. Mas com o passar dos anos, ele passou a se sentir infeliz com a própria existência, o que a deixou muito ressentida, já que ela havia dado tudo de si pelo bom funcionamento do matrimônio.
A dúvida moral sempre torturou o escritor. Um dia, ele decidiu usar apenas roupa de camponês e botas caseiras, mostrando que queria viver uma vida simples, sem nenhum tipo de excesso.
Na lista do que ele considerava “excessos” estavam as terras de sua família. O escritor queria entregá-las aos camponeses, mas Sofia foi contra, argumentando que elas eram o futuro de seus filhos. Tolstói se ofendeu e disse que sua esposa deveria compartilhar das suas ideias. Ela simplesmente não tinha tempo nem disposição para entender o que seriam as ideias do marido porque estava ocupada demais com os assuntos da casa.
“Estou livre para comer, dormir, calar e me sujeitar, mas não sou livre para pensar do meu jeito, para amar quem eu quiser, para ir aonde quiser e para me sentir bem mentalmente...”
Ressentimentos, mal-entendidos e tristezas foram se acumulando durante anos
Eles viveram juntos por 48 anos e viram a morte de 7 de seus 13 filhos. A do filho mais novo, Ivan, foi a mais difícil. Sofia começou a ler os diários de seu marido para encontrar algo de ruim sobre ela mesma. Leon desaprovou a sua desconfiança. Quando os pais se desentendiam, os filhos se colocavam ao lado do escritor.
A última discussão ocorreu no final de outubro de 1910, quando Tolstói, com 82 anos e doente, fugiu de casa no meio da noite. A notícia impressionou muita gente. Para Sofia, ele deixou uma carta em que pedia que ela não o procurasse:
“Não pense que eu fui embora porque não te amo. Eu te amo e lamento com toda a minha alma, mas não posso agir de outra forma”.
Ao ler isso, Sofia tentou se matar, mas foi salva. Para evitar que o fato se repetisse, todos os objetos perigosos foram retirados do local onde ela se encontrava.
O último encontro com Leon foi em 7 de novembro de 1910, pouco antes da morte do escritor por pneumonia. Sofia e seus filhos conseguiram chegar à estação de Astapovo quando ele estava prestes a morrer.
“Deixe que as pessoas tratem com indulgência quem possivelmente e de maneira incomensurável desde a juventude assumiu o desafio de ser a esposa de um gênio e uma grande pessoa”.
Mesmo quando estava morrendo, Tolstói não quis ver a esposa
Apenas depois da injeção de morfina Sofia pôde se aproximar de Tolstói. Em silêncio, ela caiu de joelhos na frente dele.
Após a morte do marido, começou a caminhar por Yasnaya Polyana e decidiu publicar os diários do marido. Ela viveu 9 anos após a morte do escritor e durante o período em que foi viúva precisou enfrentar muitas acusações de que não tinha sido digna do grande escritor. Sofia dedicou toda a sua vida a ele, algo que quase ninguém soube valorizar.
Você já leu alguma obra de Tolstói? O que mais te impactou na relação entre o escritor e a esposa? Compartilhe a sua opinião nos comentários.
Comentários
Este homem era um demagogo e hipócrita. Ele usou a mulher por 48 anos, explorando-a.
Ela fazia tudo para dar conforto e tranquilidade ao marido e, ainda, o ajudava copiando seus textos.
A vaidade ao prestígio lhe subiram à cabeça!
Este homem era um demagogo e hipócrita. Ele usou a mulher por 48 anos, explorando-a.
Ela fazia tudo para dar conforto e tranquilidade ao marido e, ainda, o ajudava copiando seus textos.
A vaidade e o prestígio lhe subiram à cabeça!
Se a mulher perdoou e o amou, mesmo após a sua morte, quem daqui pode julgá-lo?