Se a Terra aumentasse 10 vezes, você teria a metade da altura

Por vários anos, a nave espacial “Kepler” da NASA esteve vagando pelo espaço. Ela estudou mais de cento e cinquenta mil estrelas em toda a galáxia.

Essa pesquisa tinha um objetivo específico: encontrar planetas semelhantes à Terra. Esses planetas podem um dia se tornar nosso segundo lar. Mas isso vai acontecer apenas em um futuro distante, quando a humanidade começar a colonizar o espaço.

A missão foi um sucesso. A “Kepler” encontrou muitos planetas que foram chamados de “Superterras”.

No nosso Sistema Solar, não há um único planeta que possa ser chamado de “Superterra”. Alguns cientistas acham que ele possa estar escondido em alguma extremidade do nosso sistema. Mas ninguém encontrou evidências diretas disso.

“Superterra” soa impressionante. Mas, na verdade, é improvável que se pareça com o nosso planeta. Em todo o Universo, existem muitas dessas “supers”.

Para se tornar uma “Superterra”, um planeta deve pesar de uma a dez vezes a massa do nosso. Ele também precisa ter o dobro do tamanho e ser alimentado pela energia de uma estrela. Esses são todos os critérios.

A superfície de tal planeta pode ser rochosa, gasosa ou mesmo mista. Imagine viver em um planeta assim. Ele é igual ao nosso, com atmosfera, clima e paisagem semelhantes, mas várias vezes maior. Nossa vida é diferente aqui. Por causa do aumento da massa, a gravidade neste planeta é muito mais forte.

Não existem montanhas altas ou árvores neste mundo. O Everest é várias vezes menor. A maioria das árvores não cresce mais do que um prédio de um andar.

As pessoas também são mais compactas. É difícil para o corpo crescer quando a gravidade o pressiona com o dobro ou triplo da força. A altura média de um adulto é de um metro.

Existem quase oito bilhões de pessoas na Terra hoje. Nas grandes cidades, a sensação é de que elas são muito lotadas. Mas na Superterra, a área é duas vezes maior! E as pessoas também são menores. Elas dirigem carros pequenos e vivem em casa pequeninas. É por isso que há muito mais espaço. O ar é mais limpo e nem todas as partes deste planeta foram totalmente exploradas ainda.

Os dias e as noites aqui duram mais do que na boa e velha Terra. Hoje é segunda-feira, e a terça-feira começará em quarenta e oito horas.

Mas as pessoas ainda não têm tempo livre suficiente. As horas de trabalho estão mais longas agora, e as pessoas precisam de mais tempo para dormir, descansar e se locomover.

O legal, no entanto, é que agora as pessoas são muito mais fortes e resistentes. Se uma pessoa comum chegar à Superterra, se sentirá como se estivesse carregando uma mochila pesada cheia de tijolos. Seus músculos não estarão acostumados a transportar uma carga dessas o tempo todo. Mesmo durante o sono, ela se sentirá pesada.

Em uma pessoa despreparada, essa pressão pode causar danos aos ossos e músculos e levar a consequências desagradáveis. Mas como as pessoas vivem na Superterra há milhares de anos, elas evoluíram e se adaptaram às novas condições.

Neste planeta, os ossos humanos são tão fortes quanto o ferro. Os músculos são duros como uma rocha. Os humanos são criaturas pequenas, mas poderosas. Mas eles não têm consciência dessa força toda. Tudo ao redor delas é pesado, e essa é a norma. As árvores são mais resistentes e sua madeira é mais durável, o que significa que os móveis são mais pesados também.

Uma única folha de papel na Superterra pode pesar dez vezes mais do que estamos acostumados. Um carro de passageiros pode pesar em média como dois caminhões de bombeiros, e uma colher de chá é mais pesada do que um haltere.

Mas como o peso de todos os veículos é maior lá do que no nosso planeta, as pessoas precisam de mais força e combustível para atingir altas velocidades. Portanto, elas usam muita gasolina. São necessários muito mais recursos para enviar foguetes ao espaço. É preciso mais combustível para superar a gravidade da Superterra e deixar sua atmosfera. As naves espaciais também precisam pesar menos.

Quando tudo é tão pesado e denso, você não se sente superforte. Mas digamos que você seja um residente da Superterra e decida visitar a boa e velha Terra um dia.

Você se torna um super-humano aqui. Pode chegar em qualquer carro, colocar as mãos contra o porta-malas e começar a movê-lo.

Na academia, você levanta facilmente qualquer peso. Com um golpe, pode deixar uma rachadura na parede de concreto ou perfurar uma placa de madeira. Tudo isso parece extremamente impressionante, considerando sua pequena estatura.

Suas pernas, acostumadas a cargas pesadas, parecem tão leves aqui. Você consegue pular facilmente de um telhado para outro. Se acidentalmente cair de um prédio de dois andares, seu corpo não sofrerá nenhum machucado sério. Sua pele não ficará arranhada, e seus ossos resistirão facilmente à queda. Na Terra, você se torna um super-herói.

Infelizmente, uma Superterra com as condições perfeitas para os humanos ainda não foi encontrada.

Esses planetas ainda são pouco compreendidos. Eles podem até representar um perigo para os humanos. Uma grande massa significa uma grande quantidade de energia. E essa energia precisa ser liberada. Se vivêssemos na Superterra, erupções vulcânicas seriam tão comuns quanto tempestades. O aumento da gravidade também pode causar mais movimento das placas tectônicas. A paisagem e a crosta do planeta seriam muito instáveis.

Imagine terremotos acordando você todos os dias! Essas condições encorajariam as pessoas a desenvolver um grande senso de equilíbrio. Haveria também tecnologias especiais para fortalecer as fundações das casas.

Movimentos frequentes das placas tectônicas desencadeariam enormes tsunamis. Os oceanos mudariam constantemente de forma. Áreas de terra enormes seriam inundadas.

Nessas condições instáveis, as pessoas nunca conseguiriam construir cidades permanentes e viver confortavelmente. Além disso, se alguém viesse aqui, seria difícil para ele voar para longe, por causa da forte força gravitacional do planeta.

Objetos espaciais que passam voando pela Superterra teriam maior probabilidade de cair no planeta. Além de erupções vulcânicas e terremotos, haveria chuvas de meteoros frequentes. E essas não seriam apenas pequenas rochas que evaporam na atmosfera.

Enormes asteroides poderiam ser desviados do seu curso pela gravidade do planeta. As pessoas teriam que construir uma máquina capaz de destruir meteoritos antes que eles entrassem na atmosfera.

Mas mesmo se tivessem sucesso, centenas de pedaços de rochas espaciais ainda cairiam na Superterra. Após todas essas catástrofes, as pessoas provavelmente entenderiam que há apenas uma super incrível Terra — e é o nosso planeta natal.

A pior coisa que pode acontecer à Terra é o endurecimento do seu núcleo. Assim que parasse de funcionar, o planeta perderia o escudo que protege a ele (e a nós) da radiação espacial.

Tempestades solares e rajadas de energia poderiam criar sérios problemas para as pessoas. Todos os componentes eletrônicos deixariam de funcionar normalmente. A Internet, usinas de energia, semáforos, computadores, aviões, e tantos outros.

Para sobreviver em tal lugar, as pessoas teriam que viver sob uma enorme cúpula. Ela não permitiria a passagem de radiação e meteoritos.

Mas muitas Superterras têm condições ainda mais difíceis do que isso. Por exemplo, há um planeta onde a temperatura do ar é tão alta que os metais evaporam lá. É improvável que qualquer forma de vida possa surgir em tal lugar.

Mas se os humanos tivessem que evoluir lá, nossa espécie seria invulnerável. Imagine criaturas cobertas por uma pele mais forte e elástica do que qualquer material na Terra. Caminhar através do fogo seria tão comum quanto respirar.

Os habitantes deste mundo provavelmente tentariam dominar outros planetas... A única coisa que eles não seriam capazes de suportar seriam as baixas temperaturas. Uma leve brisa morna pareceria uma rajada de vento gelado para eles.

Existe outra Superterra semelhante a esta. Ela recebe uma tremenda quantidade de energia da estrela mais próxima. Por causa disso, as temperaturas lá são tão altas que destroem até mesmo as moléculas.

Nas profundezas do espaço, os cientistas encontraram outra Superterra. Ela tem duas vírgula cinco vezes o tamanho do nosso planeta e é completamente coberta por água. Não há um único pedaço de terra nela. O planeta é pesado. É por isso que fica um pouco inclinado para o lado.

Quando esta Superterra gira em seu eixo, a água flui de um lado para o outro. Enormes tsunamis destrutivos são uma ocorrência comum neste planeta. Se as pessoas vivessem lá, pareceriam mais com anfíbios do que com humanos.

Outra Superterra está a seis anos-luz de nós. Sua massa é três vezes maior que a da nossa Terra. O planeta leva cerca de duzentos e trinta e três dias para orbitar sua estrela.

Este planeta recebe apenas 2% da energia da estrela. A superfície deste mundo é um lugar escuro coberto de gelo. Ele é um dos planetas mais incríveis que existem, e parece bastante amigável além de potencialmente habitável. Assim como a nossa Terra, ele brilha com uma luz azul.

Mas sua aparência engana. Nesta Superterra, os ventos sopram a sete vezes a velocidade do som. Mas o principal perigo são as chuvas de vidro. Trilhões de fragmentos transformam em pó tudo que está pelo caminho.

Puxa, não, eu vou ter que passar esse aqui.