Quais ruínas da nossa época que os futuros cientistas irão estudar
15.000 anos depois da construção da primeira colônia espacial.
Planeta Kepler 452b.
1.400 anos-luz da Velha Terra.
Olá, alunos do primeiro ano! É um prazer de recebê-los na Universidade Intergaláctica. O espaço infinito agora é o lar para nós, humanos. Mas, há milhares de anos, vivíamos em apenas um planeta que agora chamamos de Velha Terra. Eu entendo que é difícil de acreditar. Hoje, ela é uma enorme reserva natural. Mamutes e estegossauros caminham pela sua superfície, e pterodáctilos voam pelos céus.
Acabou sendo mais fácil recriar animais que perambulavam por lá milhões de anos atrás do que entender como nossos ancestrais viviam. O grande cataclismo os fez abandonar o planeta com pressa, deixando muito do seu legado para trás, e agora o estamos estudando novamente. Mas nossas escavações deixam mais perguntas do que respostas. Arranha-céus, rodovias, shopping centers, cafés... Tudo está soterrado sob areia e terra. A ferrugem corroeu os metais e o tempo transformou o concreto em pó. Até a Represa Hoover e a Barragem das Três Gargantas na China ruíram. Aquelas estruturas colossais se transformaram em montes de pedras.
Os edifícios que restaram estão cobertos de plantas e se transformaram em um lar para milhões de criaturas vivas. Mas também há boas notícias. Os rostos esculpidos no Monte Rushmore ainda estão visíveis. A montanha é de granito e esta rocha é uma das mais duras da Velha Terra. Por mais de 15.000 anos, os rostos dos presidentes dos Estados Unidos se desgastaram apenas cinco centímetros. O monumento vai durar milhões de anos. E a última expedição ao Deserto do Saara conseguiu desenterrar a Grande Pirâmide de Gizé da areia. Agora, qualquer turista pode comprar uma passagem e ver essa maravilha, que até os terráqueos consideravam muito antiga.
Surpreendentemente, as ruínas e paredes em destroços de castelos medievais na Europa sobreviveram. Eles eram construídos com pedras maciças e sem peças metálicas que expandem e destroem a pedra quando enferrujam.
Nossos ancestrais deixaram para trás uma grande quantidade de lixo. Garrafas vazias, plásticos, embalagens... Tudo isso ajuda os cientistas a recriar os padrões de consumo das pessoas do passado. Graças a isso, sabemos com certeza que, na década de 2000, quase 8 bilhões de pessoas comiam principalmente batatas fritas, barras de chocolate e pizza. E raramente bebiam água. Mas, no entanto, adoravam café.
60% dos terráqueos passavam sete horas por dia na Internet. Dois bilhões de websites funcionavam 24 horas por dia, 7 dias por semana. No início, as informações eram armazenadas em discos rígidos, pen-drives e CDs. Mas esse tipo de armazenamento ficou obsoleto depois de alguns anos. A nuvem tomou o lugar deles. Esse era um tipo de armazenamento on-line com servidores conectados à rede global. Eles gravavam toda a vida da civilização da Terra, que era armazenada em centros de dados.
No espaço, a Internet da Terra não funcionou bem. Aparentemente, as grandes distâncias e falta de conhecimento técnico contribuíram para isso.
Imagine que um morador de Plutão queira saber a diferença entre a pizza Margherita e um Calzone. Ele clica no link e espera algumas horas até que ele abra. Se a massa já estiver no forno, ih... foi mal.
Cada colônia organizou sua própria Internet, enviando satélites para orbitar seus planetas. Demorou para conectar milhares de colônias na rede intergaláctica que agora conhecemos como Uninet. Quando o cataclismo aconteceu, as pessoas tiveram que escapar, deixando seu planeta entregue ao destino. A eletricidade acabou, ninguém manteve os servidores e centros de dados, e muitas informações sobre sua civilização foram perdidas.
Escaneamos quilômetros de profundidade na Terra e encontramos muitos artefatos interessantes. Alunos, eu os convido a olhar para essa coisa incrível. Os terráqueos a chamavam de câmera. As pessoas tiravam fotos de sua comida, corridas matinais e sapatos novos.
Uma coisa que nossos cientistas não conseguem compreender, porém, é que esses povos antigos também costumavam se comunicar através dela também. Um dos principais mistérios do passado são os pratos de diversos tamanhos. Os arqueólogos os encontram em quase todas as casas. Eles têm nomes gravados: Floquinho, Zeus, Pingo, Biscoito. Sabemos que eram para os cães e gatos comer, mas não sabemos por que as pessoas mimavam tanto esses animais! Por exemplo, arqueólogos descobriram recentemente um salão de beleza para poodles em São Francisco.
Eu também amo meu dragão das selvas de Gliese 832 c, mas eu não trato o pelo e nem as garras dele.
E este é meu artefato favorito. Um livro. Não há nada mais valioso no universo. Há apenas um exemplar na minha coleção de antiguidades. É uma antologia de receitas culinárias. Paguei uma fortuna por ele!
As ruínas dos museus são tesouros para os arqueólogos e para toda a nova humanidade. Esses prédios desabaram há muito tempo e agora parecem morros comuns, cobertos de árvores e grama. Os museus são como pérolas no oceano. Eles ficam lá no fundo e esperam para serem pescados de suas conchas. E às vezes, os arqueólogos conseguem fazê-lo.
Quase todos os livros, pinturas, documentos e roupas viraram pó. Mas podemos apreciar as estátuas esculpidas em mármore pelos mestres da Grécia e Roma antigas. Nas paredes das cavernas ao redor do mundo, há desenhos de animais e impressões de mãos dos primeiros povos. Eles não sabiam ler, dirigir carros nem pilotar uma nave espacial. Mas suas pinturas sobreviveram. É incrível!
Ao longo de milhares de anos, o tempo consumiu enormes represas, cidades com arranha-céus e pontes. E a palma de um antigo humano ainda decora a parede fria e áspera de uma caverna.
A arqueologia espacial está se tornando cada vez mais popular. Milhares de toneladas de detritos espaciais voam ao redor da Velha Terra. Foi uma verdadeira sensação a descoberta da sonda Voyager 1. Os terráqueos a enviaram ao espaço no início do seu desenvolvimento. Eu vejo seus sorrisos condescendentes. Hoje, esse dispositivo pode ser montado por qualquer aluno do primeiro ano a partir de peças de reposição na garagem dos seus pais. Mas, caros alunos, não vamos rir dos nossos ancestrais. Eles tentaram fazer o melhor que puderam. A Voyager não é um simples satélite. O dispositivo pode ser comparado a uma mensagem em uma garrafa lançada ao mar. E o mar cósmico é milhões de vezes maior do que o Oceano Pacífico da Velha Terra.
Os engenheiros do passado deixaram uma cápsula do tempo com uma mensagem na sonda. Ela contém fotos de pessoas e da natureza do planeta, bem como informações científicas sobre a Terra. 90 minutos de música gravada são de suma importância. Este é um verdadeiro presente dos nossos ancestrais para nós, o povo do espaço.
Os sinais de rádio que a humanidade enviou ao espaço também sobreviveram. Nós os rastreamos. Transmissões de rádio, conversas telefônicas e paradas musicais continuam sua jornada pelo espaço. Milhões de anos depois, enfraquecerão e deixarão para trás apenas um eco eletromagnético.
Em 2020, havia 1,4 bilhão de carros na Velha Terra. Inacreditável! Mas eles se moviam por estradas asfaltadas com pneus de borracha, não no ar. Quando os humanos voaram para o espaço, deixaram seus veículos no planeta. Em apenas algumas centenas de anos, os carros estragaram completamente e se transformaram em pilhas de metal, plástico e borracha. Um que sobreviveu por milênios foi o veículo Lunar Roving. Não tem ar, água e nem terremotos na Lua. Tudo o que chega lá fica meio parado no tempo, e foi isso que aconteceu com esse Rover.
Os arqueólogos encontraram muitas outras espaçonaves inteiras e acidentadas na lua. Esses equipamentos são artefatos de valor inestimável no Museu de Tecnologia da Terra Primitiva. No arquipélago Svalbard, no Oceano Ártico, os cientistas desenterraram o Silo Global de Sementes. Os terráqueos o construíram em 2008. Ele virou uma verdadeira sensação! O enorme silo continha quatro milhões e meio de amostras de quinhentas sementes cada. Bilhões de sementes ajudaram a desenvolver a agricultura aqui nas colônias. Agora você pode comer pipoca e hambúrguer com pãezinhos de verdade, graças a eles.
Por milhares de anos, as sementes foram mantidas sem a atenção humana. Isso não é um milagre, mas um cálculo científico preciso. O silo foi construído no subsolo a uma profundidade de cento e vinte metros. Não há terremotos ou inundações lá, e o permafrost fornecia a temperatura ideal para as sementes sobreviverem. A maioria dos metais foi extraída do minério. Esses minérios não contêm metais puros, mas apenas seus compostos químicos. Para obter ferro puro, o minério deve ser fundido primeiro. No entanto, há um problema: os metais do minério oxidam em contato com água ou oxigênio. Em outras palavras: eles enferrujam. É assim que o metal retorna ao seu estado natural de minério.
É por isso que pregos, cercas de metal, pontes e casas enferrujam e desabam. Mas isso não acontece com ouro, prata e platina. As coisas feitas com esses metais são eternas e nunca perderão sua forma. Claro, se você não começar a bater nos anéis e pingentes com um martelo.
Durante as escavações, os arqueólogos encontram milhares de itens de joalheria. Os terráqueos adoravam usá-los em seus corpos. Coroas, colares luxuosos, alianças de casamento... Todas essas joias agora são histórias mantidas nos museus galácticos.