Projeto mostra a cara da miscigenação no mundo

“Misturados” é um projeto étnico-documental da revista de arte russa TheNorDar sobre pessoas que têm genealogia multinacional. Toda semana, durante um ano e meio, foram escolhidos os protagonistas do projeto para serem fotografados e entrevistados.

O Incrível.club reuniu para você vários representantes de nacionalidades misturadas. E o resultado pode ser resumido na frase de um dos participantes: só existem dois tipos de pessoas no mundo, as conscientes e as sem consciência.

Raízes: coreanas, ucranianas, russas

Marido: Artyom Kim, diretor de um canal de televisão, é coreano e sua família viveu na Ucrânia.

Esposa: Mava Kim, diretora de um estúdio de animação infantil, tem raízes russas e ucranianas.

Filhos: Stefania e Stefan Kim

“Para mim existem duas nacionalidades: de pessoas conscientes e de pessoas sem consciência”, afirma Artyom.

Raízes: cubanas, ucranianas

Justina Polyakova, estudante de sociologia.

“A minha aparência se assemelha mais à de uma cubana, mas minha alma é ucraniana”.

Raízes: ucranianas e árabes

Anis Ettaeb, dentista, músico de rock.

“Minha mãe falava comigo em ucraniano e com meu pai em russo. Já meu pai falava conosco em tunisiano. Eu entendo russo, mas não falo. Na verdade, entendo 7 idiomas e falo alguns deles: árabe, tunisiano, ucraniano, russo, polonês, francês e inglês.

O único inconveniente é que você fica em dúvida e não sabe a qual cultura pertence. Quem você é? Sou um estranho aqui e lá, e não há nada que possa fazer sobre isso. Entendo que não sou como todo mundo. Em geral, sou a favor de um mundo que se mistura ”.

Raízes: austríacas, polonesas, ucranianas, russas, judaicas e ciganas da Georgia

Emil Wolski, designer gráfico.

“Eu amo os idiomas, é por isso falo russo, ucraniano, inglês e hebraico perfeitamente. Não falo bem polonês, mas entendo tudo. Quando era criança, falava com meu pai na língua romani, também conheço a língua de sinais russa. Sonho falar georgiano. Acho que graças à simbiose das culturas, as pessoas com raízes mistas recebem mais desde o princípio ”.

Raízes: de cossacos do Don, ossetas, buriatas, russas

Dina Bagáeva, criadora do serviço “Sofa 70’s”, gerente do projeto “Secret Service”.

“Hoje somos quase todos ’misturados’, podemos esquecer a raça pura. Dentro de mim há um ser budista, e acredito que todas as mudanças são para melhor, pessoas com raízes mistas se destacam por sua aparência. Mas somos todos cidadãos do mundo”.

Raízes: judaicas, armênias, russas, ucranianas, gregas, ciganas

Margarita Murádova, blogger de moda, estilista, assessora pessoal de compras.

“Aprendi há muito tempo a cortar a questão das desigualdades associadas à nacionalidade; por isso, se alguém fazia piadas sobre minhas raízes judaicas, faria somente comigo. Desenvolvi uma defesa: sou a primeira que fala da minha nacionalidade. Eu sou eu e você é você.

As pessoas com raízes mistas se inclinam por um conhecimento profundo do mundo, já que elas já têm dentro de si uma grande parte dele”.

Raízes: polonesas, espanholas, sérvias, russas, alemãs, húngaras, tchecas

Tata Kepler, diretora de desenvolvimento estratégico e planejamento, roteirista, produtora.

“Ser ’mista’ é bom em todos os sentidos. Levamos dentro de nós uma grande variedade de cores e uma bela e enorme parte da geografia do mundo. Você parece um mundo, e tem tudo: o norte, o sul, o leste e o oeste. As montanhas, os mares e oceanos que viram seus ancestrais estão dentro de você. É possível sentir a admiração do mundo ”.

Raízes: africanas e suíças

Morgan Fula, engenheiro de som, modelo.

“Acho que o melhor dos meus pais foi misturado em mim . Às vezes, é muito difícil para as pessoas adivinharem meu passado; elas geralmente pensam que eu sou brasileiro ou cubano. Meu caráter também é uma mistura, às vezes posso ser muito hospitaleiro e gentil, mas em outras, frio e distante. Pessoas com raízes mistas são especiais para mim. Eu sempre procurei os ’mistos’. Eles são o futuro ”.

Raízes: ucranianas, russas, francesas e africanas (República Togolesa — Togo)

Annette Amegan, estilista de roupas, proprietária do restaurante “Fish & Chips Kiev”.

Inna Kryachok, mãe de Annette.

“É difícil ser ’misto’. Quando escolhia minha carreira, queria muito ser médica, mas abandonei a ideia porque conhecia os riscos, e, por isso, tornei-me crítica de arte; consegui nivelar as questões raciais. Por um lado, é preciso resistir à pressão social, e, por outro, ela mesma fortalece você. Sempre quis mostrar que sou melhor do que pensam”.

Raízes: ucranianas, francesas, alemãs, russas, bielorrussas

Eugenia Skvarskaya, modelo, cerimonialista de casamentos.

“A história da minha família é meu maior orgulho, por isso, tenho imenso prazer em aceitar todas as características nacionais em mim. Somos todos ’misturados’ em um grau diferente. E, na minha opinião, pessoas com raízes misturadas são diferentes em suas atitudes; elas querem criar e mudar este mundo ”.

Raízes: turcas, gregas, tártaras, ucranianas

Suna Shahan, 5 anos.

Karina Agmálova, sua mãe.

“Os ’mistos’ têm uma grande vantagem: a possibilidade de escolher. Escolher o país em que querem quer morar, uma cultura a ser seguida e uma religião. Todos vivemos da mesma maneira, escolhemos com quem nos relacionar e em quem confiar. No nível subconsciente, isso nos torna mais seguros e moralmente estáveis. As raízes nos dão mais força para alcançar os objetivos e imunidade àqueles que se opõem a nós ”.

Raízes: cazaques, daguestanesas, ucranianas, russas

Timur Karasháyev, músico de rock, líder da banda “Barely Ice”, fotógrafo.

“É bom ser um ’misto’, porque o Planeta inteiro é seu lar, e você tem as raízes de diferentes partes do mundo. Vê a vida mais ampla e entende como é ser diferente. Para você não há nacionalismo, porque é um cosmopolita sem qualquer restrição”.

Raízes: coreanas, ucranianas

Anna Lee, produtora.

“Ser ’mista’ significa ser livre. Minha mãe cozinha deliciosas sopas da Ucrânia e da Coréia. Depois de várias mudanças, percebi que seu lar e seu país estão na sua cabeça. Você pode se concentrar em uma nacionalidade predominante ou se desenvolver em todas as direções possíveis”.

Raízes: ucranianas, gregas, russas e polonesas. “Meu avô brinca que também houve alguns tártaros”

Anna Lýtkina, filóloga, autora do projeto “Kiev Tour Guide”.

“Pessoas com raízes misturadas, como mostra a ciência, são geneticamente mais estáveis e eu acho que elas veem e sabem algo que uma pessoa ’puro-sangue’ nunca entenderá.”

Raízes: ucranianas, russas, polonesas letãs, mordovianas

Alena Matvienko, produtora do ballet “The Great Gatsby”.

“Ser ’mistos’ é a norma, não gosto dos defensores da pureza de raça e sangue. A mistura fortalece nosso patrimônio genético e enriquece a nação, tanto cultural como intelectualmente. Se falarmos sobre a pureza da raça e da nacionalidade, tudo está misturado e perdido há muito tempo, talvez o sangue puro agora só pode ser encontrado na família imperial japonesa”.

Raízes: azerbaijanas, ucranianas, russas, búlgaras e gregas

Lesya Nazárova, música, poeta, animadora infantil.

“Os ’misturados’ são diferentes porque têm um colorido especial e conteúdo nacional, seu caráter é cheio de outras cores. A nacionalidade influencia a genética, e acredito muito nessa ciência: os reflexos inatos que se manifestam nessa ou naquela situação. A mistura de sangue é benéfica, pode nivelar uma mentalidade com outra. É mais interessante viver desta maneira.”

Raízes: georgianas, ucranianas, polonesas

Sofia Willy, cantora, música, compositora.

“Ser ’misturado’ não significa apenas uma mescla de nacionalidades, mas também o intercâmbio de energia que você recebe de diferentes culturas.”

Raízes: indianas, espanholas, armênias, judaicas, polonesas

Daniel Rios-Solis, fundador da agência “Apple Pie Weddings”.

“Quanto mais línguas uma pessoa fala, mais portas se abrem para ela, o mesmo acontece com o sangue o sangue; pessoas com sangue misturado são, em certo sentido, mais ricas e, desde o início, não têm fanatismo e intolerância em relação aos outros. Eles sempre pertencem a qualquer lugar, mas ao mesmo tempo são completamente diferentes”.

Raízes: vietnamitas, polonesas, ucranianas

Kristina Nguyen, proprietária do serviço “RentABrand”, artista.

“Os ’misturados’ são um fenômeno interessante, essas pessoas parecem estar em constante busca interna de si mesmas e do lugar que pode ser sua casa, aonde elas podem voltar. Os ’misturados’ carregam uma memória genética das diferentes partes do mundo e se tornam pontes entre diferentes culturas Graças a esses elos, no mundo há um pouco mais de tolerância, compreensão e amor ”.

Raízes: italianas, alemãs, austríacas, ucranianas, holandesas, mongol-tártaras

Lukerya Pokrovskaya, modelo, retocadora.

“Minha ’mistura’ se expressa tanto na minha aparência quanto no meu caráter complexo e versátil. Os mistos são pessoas cosmopolitas, que se sentem confortáveis em muitos países. Raramente encontro representantes de raças puras. Provavelmente seja esta a razão por que me causam interesse”.

Raízes: ucranianas, gregas, polonesas

Anna Zavalskaya, cantora, compositora, apresentadora.

“A ’mistura’ de nacionalidades é valiosa do ponto de vista da genética. Se emaranham não apenas as nacionalidades, mas também as culturas: elas penetram uma na outra. Música, linguagem e tradições interagem, apropriam-se de algo, adaptam-se, criam raízes e têm sua continuação. Podemos compará-lo com a colcha de retalhos feita à mão, costurada com diferentes peças brilhantes de tecido. Todos somos um”.

Raízes: ucranianas, russas, africanas (Gana)

Dennis Adu, trompetista, diretor da orquestra “Dennis Adu Big Band”.

“Há uma sociedade secreta sem a sociedade. Quando você encontra um mulato na rua, pode parar e cumprimentar, outra pessoa vai contar sua história, perguntar sobre a sua, ou apenas concordar, balançando a cabeça. Eu sempre soube que não era diferente de outras pessoas, exceto pelo cabelo e a cor da pele. Muitos pensam que eu toco bem o trompete porque sou negro. Que pensem assim, se isso os faz se sentirem melhor. Sempre pratiquei mais do que os outros, e fui respeitado por isso ”.