15 Histórias que provam que a inocência infantil é ainda mais doce do que fotos de gatinhos
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“Egoísta”, “guloso” — quantas vezes usamos essas palavras para provocar colegas que não queriam dividir um brinquedo, um livro ou até uma guloseima na escola? Aprendemos que bondade e generosidade são qualidades essenciais, mas algo igualmente importante fica muitas vezes de lado: a habilidade de estabelecer nossos próprios limites pessoais.
No parquinho ou passeando na casa de amigos, é comum ouvir os pais dizerem a seus filhos: “Deixe ela brincar com a boneca também” ou “Divida a bola com o amigo, você já é grandinho!” Frequentemente, os adultos acabam passando por cima dos desejos dos pequenos, achando que, assim, eles estão os ajudando a fazer amigos. Outros parecem apenas buscar a aprovação dos pais ao redor, como se compartilhar fosse uma regra social e as crianças precisassem ser “boazinhas” para agradar os outros.
Na minha infância, eu sempre dividia os brinquedos que levava para brincar na rua. Até que um dia, minha tia veio nos visitar com a filha dela. Eu tinha 7 anos, e a Vitória, 5. Logo que chegou, ela se interessou pela minha boneca favorita — uma noiva com um vestido de casamento. Mesmo com o coração apertado, deixei ela brincar com a boneca. Mas, na hora de ir embora, minha prima agarrou o brinquedo e gritou: “É minha!” Tentei pegar de volta à força, mas minha mãe me segurou firme pelos ombros e disse à Vitória: “Pode levar! Ana já é mocinha, daqui a pouco vai para a escola e não vai mais brincar de boneca!” Ah, como eu chorei! E minha mãe, em vez de me consolar, só falou, irritada: “Nunca pensei que você fosse tão egoísta!”
Essa situação da boneca me marcou por mais de 30 anos, e até hoje me sinto triste por ter passado por isso. Agora que sou mãe, não consigo nem imaginar tirar algo que é especial para o meu filho para dar a outra pessoa.
É importante ouvir seu filho, claro, mas nem tudo é tão simples assim.
Uma vez, meu pequeno foi convidado para a festa de aniversário de sua “namoradinha” da escola na época. Camila estava completando 6 anos, e os pais alugaram um salão de festas infantil e contrataram uma animadora. No começo, a garota ficou com raiva e começou a bater os pés porque a animadora, vestida de princesa, brincava com todas as crianças, e não só com ela. Foi um desafio conseguir fazer qualquer brincadeira divertida, apesar dos esforços da pobre animadora. Depois, quando trouxeram um bolo temático lindo de unicórnio, a menina gritou: “Não quero que cortem! Ele é meu!” Os pais dela só deram de ombros: “Ela é assim mesmo!” E ficou por isso: os convidados foram embora sem provar o bolo de aniversário. Nunca mais fomos a uma festa da Camila.
Por um lado, os pais da garota têm razão em não obrigá-la a dividir tudo quando ela não quer. Porém, por outro, se convidaram as pessoas, deveriam respeitá-las também e considerar que elas fazem parte da celebração. Esse caso só reforçou minha certeza de que todo extremo é complicado — o ideal é buscar um meio-termo.
Infelizmente, muitos pais sequer explicam aos filhos que, antes de pegar algo dos outros, é preciso pedir permissão, e se a resposta for um “não”, aceitá-la com tranquilidade. Parece até que seus filhos são o centro do universo, e as outras crianças devem simplesmente lhes entregar tudo quando quiserem.
Eu ensino ao meu filho que ele não é obrigado a compartilhar suas coisas e brinquedos com os outros. “Se você não quer, basta dizer ’não’. Mas esteja preparado para que ninguém se sinta obrigado a compartilhar com você também”. Por enquanto, com 8 anos, ele entende bem. Vamos ver como será no futuro.
Se por um lado, muitas vezes não ensinamos nossas crianças a delimitarem seu espaço pessoal, por outro, alguns pais simplesmente esquecem de ensiná-las a ter limites. Aqui você pode conferir alguns insights que mostram o impacto real da falta de orientação. Às vezes, dizer “não” ensina mais do que qualquer conversa, e estabelecer limites é um ato de amor que ajuda a construir uma base sólida para o futuro do pequeno.