Por que devemos retirar piercings do corpo antes de cirurgias e exames
Se você já precisou passar por algum procedimento cirúrgico, com certeza deve ter escutado a seguinte recomendação de um dos profissionais da saúde: “Por favor, tire brincos, piercings, anéis e qualquer objeto metálico que esteja usando”. Na correria do dia a dia, muitas vezes não sobra tempo para que o profissional explique qual é a necessidade do paciente deixar seus acessórios do lado de fora do bloco cirúrgico, mesmo que a joia nem esteja perto da área a ser operada.
Nós, do Incrível.club, somos movidos pela curiosidade e sempre pesquisamos os motivos pelos quais algumas regras existem. Para entendermos essa recomendação, fomos atrás de algumas evidências científicas e também conversamos com um body piercer experiente. Confira!
1. É melhor retirar todos os objetos metálicos em cirurgias
Grande parte das cirurgias realizadas atualmente se enquadra na definição de eletrocirurgias, já que utilizam aparelhos popularmente conhecidos como “bisturi elétrico”. Esse instrumento é de suma importância, pois utiliza a eletricidade para fazer as incisões e, ao mesmo tempo, cauterizar os vasos — o que pode reduzir a chance do paciente ter hemorragia. Mas a utilização do aparelho não está totalmente isenta de riscos, sendo a ocorrência de queimaduras um dos mais comuns.
A eletrocirurgia pode ser feita com aparelhos monopolares ou bipolares. No caso da utilização dos monopolares, é necessário que a equipe tenha uma placa dispersiva, que faz com que a corrente elétrica saia do corpo, retornando ao gerador elétrico com segurança.
Em alguns casos, quando o corpo entra em contato com objetos metálicos como alguma parte da maca, agulhas, joias ou piercings, a corrente elétrica produzida pelo bisturi é conduzida através desses objetos, causando queimaduras graves.
Guga Tedesco, body piercer há mais de 20 anos e com mais de 50.000 perfurações realizadas, conta que, além da colocação dos piercings, também é bastante procurado para a remoção das joias. “No meu dia a dia, além das perfurações e modificações corporais, também sou procurado para a remoção de joias pelos mais variados motivos, desde o não querer mais, até machucados e atritos. Mas o principal motivo para a retirada é a necessidade de fazer exames e cirurgias, porque pode ocorrer queimaduras no local da joia”, explica.
2. Se o piercing for na boca ou língua, retire sem pensar
No caso de cirurgias que necessitem de anestesia geral, o piercing na boca ou língua pode se tornar um fator de risco. É que o paciente que recebe esse tipo de anestesia necessita de ventilação mecânica, através do chamado tubo endotraqueal, que é inserido pela boca. Além do piercing nesses locais poder atrapalhar o procedimento de colocação e retirada do tubo, ainda pode enroscar no equipamento, prender ou até mesmo soltar a bolinha que atarraxa a joia, com risco de inalação de parte da peça.
Segundo Guga, também é orientada a remoção em casos de obstrução do local em que ocorrerá a cirurgia: “Por exemplo, se você tem piercing na língua e vai fazer uma cirurgia bucomaxilofacial, precisa retirar.”
3. Retirar os acessórios nos exames de imagem também é uma boa ideia
No caso de alguns exames de imagem, também é recomendada a retirada das joias ou a sua substituição. Guga explica que dependendo do lugar a ser examinado, a joia pode obstruir a imagem ou causar outros tipos de problemas.
“Em exames como raio x, tomografia e ressonância magnética, pode haver interferência no resultado do exame, tanto pela joia encobrir a imagem quanto por um possível mau funcionamento do equipamento. Nesses casos, para manter a perfuração aberta, oriento sempre o uso de joias compatíveis”, explica.
4. É possível preservar as perfurações
O processo de cicatrização não tem um tempo exato para ser concluído e pode variar bastante de pessoa para pessoa. “Quando a joia é retirada, começa o processo de retração da perfuração, ou seja, o orifício vai diminuindo na circunferência e as partes se encostam. Nos casos em que a perfuração não está totalmente cicatrizada, as partes se grudam e começa o processo de epitelização. Não há uma estimativa real de tempo nesse processo. Já presenciei casos de fechamento muito rápido, de algumas horas, mas também vi casos em que a perfuração não fecha nem retrai”, diz Guga.
Se você é bastante apegada aos piercings, vai passar por algum procedimento e não quer perder as perfurações, existem algumas alternativas no mercado que podem ser utilizadas nas cirurgias e exames sem prejuízos, dependendo do local da aplicação, do tipo de procedimento e da autorização da equipe médica que, nesses casos, têm a última palavra.
De acordo com Guga: “Nos casos de cirurgia e exames, podem ser usadas joias de bioplástico, silicone e vidro, que não são condutoras e também não são identificadas nos exames de raio-x, ressonância e tomografia. Para esse processo, é necessário agendar a retirada com um body piercer, que vai remover e substituir por joias possíveis”.
Você usa piercings e já precisou retirá-los para algum procedimento? Teve alguma dificuldade com isso ou tudo ocorreu tranquilamente? Já passou por alguma história inusitada envolvendo as joias? Deixe seu depoimento nos comentários.