Por que alguns casais que se afastam e retomam podem ter um relacionamento ainda melhor

Psicologia
há 2 anos

Há momentos em que algumas pessoas casadas podem querer ter um controle remoto na mão, como no filme Click, em que o protagonista Michael Newman (Adam Sandler) descobre uma forma de adiantar, atrasar ou pausar acontecimentos, programando situações de sua própria vida. Um paralelo com a realidade são os casais que escolhem fazer uma pausa programada em suas relações para, assim, poderem vivenciar um curso, viagem distante ou qualquer outro sonho individual, sem o parceiro.

Nós, do Incrível.club, respeitamos todos os formatos de relacionamentos. Por isso, fomos descobrir,
ao conversar com a psicóloga Laís Almeida da Silva, como a ciência enxerga casais que resolvem tirar férias da relação e como essa ação pode beneficiar algumas pessoas. Deixamos um bônus especial no fim. Confira!

1. Envolve respeito e acordos

Se um dos lados pensa em ter essa proposta de afastamento temporário e programado, é importante que essa decisão seja feita com bastante diálogo. Vale conversar com o parceiro e dar prioridade para o que de fato importa. Cada relação é única e não existe uma fórmula ou receita a seguir, mas colocar limites e deixar claro o que individualmente é aceitável ou não pode ser benéfico. O casal também precisa discutir qual será a duração desse afastamento. O recomendado pela psicóloga é que ele não dure mais do que 12 meses.

O casal pode chegar a um consenso de encontrar o motivo pelo qual essa separação temporária é importante. Pode ser uma viagem, um curso ou um tempo para realizar algo em que o parceiro não possa ou não queira realizar em conjunto. Esse modelo pode funcionar para relações nas quais há transições de vida, como um dos dois querer morar em outro lugar por um sonho, ou trabalho, ou até mesmo em fases de ninho vazio.

"É possível discutir o que se considera aceitável, o que cada um pode ou não fazer nesse intervalo. As regras e acordos podem ser ajustados às necessidades de cada casal, o que talvez seja positivo para a relação, podendo gerar mais segurança para ambos. Entretanto é necessário que os dois tenham a compreensão clara da razão pela qual a separação é importante, o tempo que eles consideram aceitável e o que cada parceiro pode e não fazer nesse intervalo’’, contou a psicóloga.

2. Colocar sonhos próprios em prática

Alguns casais podem alegar que não encontram tempo para se priorizar, dando ênfase em alguns projetos pessoais ou profissionais que ficaram engavetados. Ter mais tempo para tirar suas ideias do papel, fazer aquela viagem de estudos, como um intercâmbio, se aventurar em um projeto novo no trabalho, uma pós-graduação, ou até mesmo um período para praticar o autoconhecimento estando sem o parceiro pode ser valoroso.

O casal Marc e Sam, ambos radicados em Londres, contaram em entrevista que queriam começar a lua de mel separados para que cada um pudesse vivenciar seus sonhos. Eles ficaram vários meses afastados para dedicar-se a outras paixões. Situação semelhante aconteceu com Pedro Scooby e Cintia Dicker, em que o surfista decidiu participar do BBB, como um projeto profissional. A modelo ajudou a cuidar dos três filhos dele para que ele pudesse participar do programa. “Acompanhei tudo até a decisão final. Dei o maior apoio”, disse a modelo em entrevista.

“Preservar a individualidade é sempre benéfico para qualquer relação. Os indivíduos que mantêm o seu lazer, hobbies, priorizam as suas escolhas individuais têm a tendência de obter relacionamentos mais prazerosos, visto que não depositam tanta expectativa da sua felicidade no parceiro”, disse Laís.

3. Indica maturidade e coragem

Comportamentos que saem do tradicional, muitas vezes, requerem doses de coragem e até mesmo ousadia. Um item essencial para o casal que avalia um afastamento nesse estilo é a ter maturidade para lidar com a questão, que pode se revelar bastante desafiadora para alguns casais.

Viva e seu marido, Jhon, moram no Reino Unido e passaram pela experiência. Eles contaram em entrevista que a separação programada tornou o relacionamento deles como na época do início de namoro, sete anos antes, e que passaram a se amar ainda mais.

“Um rompimento temporário não é indicado como um modelo para todos, visto que é necessário que ambos os lados concordem com a separação. Se uma das partes tiver muitas dúvidas ou tomar a ação somente para agradar o parceiro isso poderá gerar grandes frustrações e pode até significar o fim do romance”, contou Laís.

4. Pode ser interessante em fases de transições

É preciso deixar a insegurança e os ciúmes de lado. E se houver algo a ser ajustado, o casal precisa de fato estar em pé de igualdade, ou seja, exatamente na mesma página, com ideais e princípios alinhados. Caso contrário, a separação será iminente. Um casal que passou por uma separação em uma fase de transição de vida e deu uma segunda chance ao amor, foi Jennifer LopezBen Affleck (fotos). Eles começaram a namorar em 2002. A retomada da relação, 20 anos depois, resultou em casamento.

“As relações estão cada vez mais com formatos diferentes, e a separação temporária pode ser indicada para os casais que decidem juntos que essa opção será benéfica para ambos, pois nesse tempo cada um poderá se dedicar aos seus projetos de vida. Pode ser uma possibilidade quando o relacionamento passa por algumas transições, tais como saída dos filhos de casa, mudança de trabalho de um dos parceiros, entre outras situações”, disse Laís.

5. O autoconhecimento pode ser um aliado

O processo terapêutico é positivo para vários setores da vida, inclusive o matrimônio. Há a terapia de casal, individual ou em grupo, mas é importante não esperar que a terapia funcione como algo mágico. Problemas e conflitos que se acumulam ao longo dos anos não serão resolvidos de maneira veloz. O consultor de relacionamento Gottman indica que, em média, os casais passam seis anos sendo infelizes antes de buscar ajuda. É importante fazer sua parte e não esperar que o terapeuta ou psicólogo resolva as questões do relacionamento.

’’A terapia poderá contribuir demais nesse processo, pois se cada um se fortalecer, cuidar dos próprios interesses, ao retornar, a relação estará mais fortalecida. O processo terapêutico contribui também no autoconhecimento, na forma de se posicionar dentro da relação e em outras circunstâncias também", explicou Laís.

6. Ausência do questionamento "o que teria acontecido se...’’

Estar em uma relação não impede que o casal conquiste seus sonhos individuais e nem haverá questionamentos do que teria sido da vida se uma das partes não estivesse ligada à outra. É essencial que se tenha projetos próprios e esse pode ser um indicativo de um casamento saudável.

“É possível realizar os projetos de vida mesmo estando em um relacionamento. Essa sensação de “e se” acontece quando existem muitas dúvidas e não priorizamos aquilo que é importante, que está alinhado com nossos valores. Isso pode acontecer tanto no relacionamento, quanto na separação programada também. No casamento, os interesses individuais também precisam ser conquistados e realizados, isso é benéfico para o casal’’, disse a psicóloga.

7. Retomada da relação com mais felicidade

Quando os cônjuges têm tempo para si na busca por seus interesses e objetivos individuais, ou até mesmo para o lazer, os casamentos são beneficiados por essas ações. Uma relação com frescor, menos estressante, em que se possa ter a oportunidade de se fazer o que gosta e ter algum controle sobre a própria vida pode ser algo positivo. Portanto, depois de alcançar projetos e metas pessoais, é hora de retomar o casamento. Imagine que essa possibilidade pode tornar o relacionamento ainda melhor.

Bônus: e se o relacionamento acabar?

Algumas questões principais foram apontadas pelo psicólogo John Gottman como as motivadoras para o fim de uma relação. São elas: a crítica, o desprezo, o comportamento defensivo, que foge das responsabilidades e o bloqueio ao recusar-se a lidar e se envolver com os problemas. Quando esses fatores negativos ultrapassam os positivos, o casal pode não ter um futuro junto.

’’Se as regras não estiverem claras e bem acordadas para o casal, poderão acontecer alguns contratempos como uma das partes não cumprir o acordo, se envolver amorosamente com outra pessoa, ou até mesmo perceber que esse período sabático é mais interessante que o próprio relacionamento", contou Laís.

Você gostaria de passar por uma experiência assim e tirar férias da relação? Na sua opinião, esse formato de casamento pode ser positivo ou o fim do romance é certo? Deixe sua resposta nos comentários.

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