Por dentro dos bailes vitorianos: 12 Verdades que rompem o mito do romance
No mundo do cinema, a era vitoriana é frequentemente retratada com ares românticos, e seus grandes bailes costumam ser mostrados como celebrações animadas em que a alegria não teria limites. No entanto, a verdade por trás de tais eventos era outra: significava despesas colossais e preparações meticulosas. E para os convidados, os desafios eram igualmente assustadores: navegar por um labirinto de centenas de regras e manter o máximo de condicionamento físico para dançar a noite toda por seis a oito horas seguidas.
Elas usavam uma espécie de absorvente nas axilas
Geralmente, nossos ancestrais não se davam ao luxo de lavar roupas com frequência. Por isso, eles se esforçavam para manter seus trajes limpos pelo maior tempo possível. Nas áreas em que o tecido aderia firmemente ao corpo e a transpiração era particularmente forte, era usada uma camada adicional de proteção. Para preservar os vestidos, as mulheres apostavam em espécies de pequenos absorventes removíveis, inserindo-os na área das axilas.
A casa precisava ser preparada
A preparação para um baile não era uma tarefa fácil. Havia muitas regras sobre como se comportar e se vestir adequadamente. O anfitrião precisava convidar mais homens do que mulheres e não chamar mais pessoas do que sua casa ou área de hospedagem pudesse acomodar. Quando a casa de alguém era usada para o baile, geralmente o evento acontecia no maior cômodo, de onde todos os móveis eram retirados.
As paredes eram cobertas com tecido, e o cômodo recebia decoração com plantas e flores. Se as janelas tivessem cortinas escuras, elas seriam substituídas por tecidos finos em cores claras. Acreditava-se que o tom perfeito para a decoração era o amarelo-claro. Às vezes, não havia cadeiras suficientes na casa para que os convidados pudessem se sentar entre as danças. Nesse caso, os móveis precisavam ser alugados.
Os anfitriões precisavam cuidar de seus hóspedes
Além do baile no salão, era necessário providenciar vestiários separados para homens e mulheres. Era lá que os convidados podiam deixar suas roupas de uso externo. Além disso, no banheiro feminino geralmente havia duas camareiras de plantão para costurar roupas rasgadas, arrumar os penteados das mulheres e ajudar com qualquer outro problema possível. Essa área geralmente ficava no andar térreo para que as senhoras não precisassem subir escadas.
Também era necessário escolher um local para necessidades mais delicadas. Na primeira metade do século XIX, nem todas as casas eram equipadas com saneamento, fazendo com que o cômodo adequado fosse equipado com bourdaloues (vasos de louça) e contasse com uma funcionária que deveria ajudar as damas a lidar com esse processo sem sujar as roupas.
Tais recipientes também eram posicionados em locais diferentes da casa, atrás de telas e em cantos escuros. Se um convidado sentisse vontade de se aliviar durante uma refeição, poderia sair da mesa e se esconder atrás das cortinas. E algumas moças iam ao baile com seu próprio bourdaloue, carregando-o na bolsa.
Um baile era uma forma cara de entretenimento
Todos os salões de baile precisavam ser bem iluminados. Antes da invenção da iluminação a gás, eram usadas velas feitas de cera de abelha. Elas eram mais caras até mesmo do que os alimentos e as bebidas destinados ao evento.
Centenas de velas equivaliam a algumas lâmpadas de 25 watts. É por isso que os castiçais eram decorados com pingentes de cristal, contando com espelhos por trás. Caso contrário, o salão de baile ficaria muito escuro. Além disso, as chamas das velas queimavam oxigênio, e os convidados poderiam sentir tontura se não houvesse ventilação adequada.
Os anfitriões do baile também precisavam contratar músicos. Normalmente, quatro deles eram suficientes para tocar piano, corneta, violino e violoncelo. Se apenas um piano fosse usado, os anfitriões deveriam contratar um pianista profissional. Caso contrário, o evento poderia ser um fracasso.
A comida era servida no gelo
Alimentos e bebidas também formavam uma parte importante da noite. As guloseimas podiam ser encomendadas a uma empresa de bufê, mas isso não saía barato. Portanto, as refeições eram geralmente feitas em casa.
Todos os pratos eram divididos em petiscos e coisas que eram servidas no jantar. Primeiro, os convidados recebiam doces: waffles, sorvetes e balas. Eles eram colocados em uma sala separada. Era proibido levar alimentos ou bebidas para o salão de baile.
O jantar era servido em um cômodo separado. Os convidados recebiam petiscos com carne, geleia, aves e, às vezes, sopa. Todos os alimentos eram fatiados. Os pratos que precisavam ser mantidos refrigerados eram sempre colocados no gelo. Caso contrário, a comida poderiam estragar em uma sala quente.
Todas as moças tinham números
Uma das figuras mais importantes do baile era o Mestre de Cerimônias. Era ele quem controlava se todas as regras estavam sendo seguidas durante as danças, quem anunciava o jantar e quem era responsável por todos os tipos de questões organizacionais.
Antes do início do baile, o mestre recebia os convidados na porta do salão e distribuía cartões com números para todas as damas. A exceção era aberta apenas para as damas da alta nobreza. A jovem tinha de fixar o número em si mesma, em um local visível. O número representava o lugar que o casal deveria ocupar ao dançar.
As moças usavam seu número durante todo o baile. Afinal, sem ele, não podiam dançar. Se alguém perdesse seu cartão, deveria entrar em contato com o mestre para obter um substituto. Antes do início das danças, os casais se revezavam em um círculo, momento em que seus números eram anunciados. Se alguém não aparecesse ou se atrasasse, teria de ficar em último lugar.
Um baile exigia muita papelada
Normalmente, os anfitriões convidavam cerca de 1/3 a mais de pessoas do que o necessário, pois alguns convidados poderiam recusar. Os convites eram enviados três semanas antes do evento. Se o anfitrião quisesse receber uma família grande, fazia cartões separados para o marido, a esposa, as filhas e os filhos. Todos eles eram inseridos em um único envelope. O convidado deveria dar sua resposta, no máximo, três dias após o recebimento do convite.
Era necessário elaborar com antecedência o programa do baile, listando todas as danças escritas em folhas de papel. Geralmente, isso era feito na forma de um folheto: de um lado, as danças eram numeradas e, do outro, havia números e espaços vazios onde os convidados podiam escrever os nomes de seus parceiros. O folheto vinha com um lápis. Alguns anfitriões criativos faziam os programas na forma de leques de papel.
Os leques não eram usados apenas para combater o calor
Um leque era um detalhe importante no look de baile para todas as moças. Por haver muitas velas e multidões no salão, o local rapidamente se tornava quente e abafado. Portanto, o acessório era indispensável.
O leque não apenas evitava que as damas desmaiassem, mas também as ajudava a se comunicar com os admiradores. No século XIX, as mulheres não podiam expressar abertamente seus sentimentos, especialmente na presença de outras pessoas. Portanto, elas usavam uma linguagem secreta.
Se uma moça estivesse segurando o leque com a mão esquerda e agitando-o levemente, significava que ela queria conhecer o cavalheiro para quem o acessório era direcionado. Quando o objeto era pressionado contra a testa, era um sinal de que alguém observava o casal. Para expressar repulsa e ódio por um observador, as mulheres estendiam o leque com a mão fechada. Se uma senhora se abanasse lentamente, queria dizer que ela era casada.
Até mesmo entrar no salão de baile não era tarefa fácil
A etiqueta do salão de baile era bastante rígida. As senhoras, por exemplo, não podiam dar sequer um passo sem a companhia de outra mulher. Até mesmo caminhar pelo salão de baile ou ir ao banheiro podia ser bastante complicado.
Os homens também eram sobrecarregados com muitas regras a serem seguidas. Um cavalheiro que ficasse cansado após dançar não poderia se sentar em uma cadeira se ela estivesse ao lado de uma senhora desconhecida. E, o mais importante, ele não podia ficar no baile por muito tempo. Caso contrário, haveria rumores de que o homem era impopular e raramente convidado.
Os rapazes tinham mais responsabilidades quando o baile era organizado por suas esposas, mães ou parentes próximos. Nesse caso, o cavalheiro deveria se certificar de que todas as moças tivessem parceiros para dançar. E se não houvesse pessoas dispostas a dançar, ele precisaria dançar no lugar dos outros. Portanto, todas as mulheres não tão bonitas e as matronas idosas eram destinadas a ele.
A anfitriã da casa tinha que ficar na porta por horas
A anfitriã era obrigada a cumprimentar todo e qualquer convidado que chegasse ao baile. Portanto, ela tinha de ficar perto da porta até o jantar ou até que todos chegassem. Geralmente, isso não era difícil.
As dificuldades surgiam apenas quando aparecia na porta um cavalheiro desconhecido da senhora, convidado para o evento pelo dono da casa ou por um de seus filhos. A anfitriã não podia falar com esse convidado sem uma apresentação adequada. Portanto, o marido ou os filhos sempre tinham que ficar por perto. Já as filhas podiam aproveitar a diversão no salão de baile.
Um penteado podia dizer muito sobre uma mulher
Ao se prepararem para um baile, as damas prestavam muita atenção não apenas em suas roupas, mas também a seus cabelos. Para fazer com que o cabelo parecesse volumoso, ele era decorado com “ratos”: eram fios que as criadas recolhiam da escova da patroa e enrolavam para fazer apliques caseiros. Os “ratos” combinavam com a cor das outras madeixas e, portanto, eram discretos. Pó brilhante também era aplicado ao cabelo. Ele era feito de folhas de ouro ou prata trituradas. Somente as senhoras ricas podiam comprar esses produtos. Também existiam similares baratos, mas eles deixavam o cabelo com aspecto bagunçado e sujo.
Elas escolhiam a cor de suas roupas com base na cor de seus cabelos
O código de vestimenta atual não pode sequer ser comparado às regras rígidas dos bailes vitorianos. A aparência de uma dama, incluindo a cor do cabelo e da pele, assim como o formato do corpo, era o principal fator para a escolha de uma roupa. Por isso, as mulheres tinham de se vestir de determinada maneira: as loiras usavam vestidos de tons pastéis suaves, enquanto as morenas optavam por roupas mais brilhantes.
Ao falar sobre costumes antigos que pareceriam estranhos hoje, é quase impossível não se surpreender com certas práticas do passado. Imagine ter que enfrentar remédios questionáveis, rituais bizarros e até mesmo tratamentos médicos que soam mais como cenas de um filme de terror do que como cuidados com a saúde. Desde técnicas de beleza que mais assustavam do que encantavam até superstições que influenciavam cada aspecto da vida, esses costumes revelam o quão diferente o mundo era.