Personagens inspiradores para lembrar o Dia da Consciência Negra
A data 20 de novembro de 1695 foi instituída como o Dia da Consciência Negra, pois foi nesse mesmo dia em que o escravo Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência dos escravos e líder do Quilombo dos Palmares, faleceu. Esse homem dedicou toda a sua vida para lutar contra a escravidão, no período em que o Brasil ainda era uma colônia. Porém, ele não foi o único que fez parte dessa grande luta contra o preconceito e a favor dos direitos iguais.
O Incrível.club traz para vocês hoje os nomes de negros um pouco menos conhecidos, mas que também fizeram diferença na história do Brasil.
Lima Barreto
Foi um importante escritor do Pré-Modernismo, com diversas obras publicadas. Autor do famoso livro “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, iniciou na literatura ao publicar o romance “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, que fala sobre o percurso de um jovem mulato que sofre sérios preconceitos raciais. A obra tem um tom autobiográfico e é uma forma de protesto contra o preconceito racial.
Abdias do Nascimento
Professor universitário, poeta, escritor, dramaturgo, ator, artista plástico, político e foi um dos maiores defensores da cultura e igualdade da população afrodescendente. Publicou obras e escreveu peças de teatro relacionadas às condições do negro e ao racismo no Brasil. Atuou em movimentos nacionais e internacionais. Com frequência é comparado a Martin Luther King por seu compromisso com os direitos dos negros.
Sueli Carneiro
Escritora, filósofa, e ativista a favor dos direitos dos negros. Fundadora e atual diretora do Instituto da Mulher Negra — Geledés e considerada uma das principais agentes do feminismo negro no Brasil. É ganhadora de diversos prêmios em reconhecimento a seu trabalho.
Francisco José do Nascimento
Conhecido como “Dragão do Mar” ou “Chico da Matilde”, foi o líder dos jangadeiros do Ceará que se recusaram a transportar os escravos para o sul do País, deixando o comércio paralisado. O ato acabou sendo reconhecido como heroico e entrou para a história. O Estado do nordeste foi o primeiro a abolir a escravidão, em 1884.
André Rebouças
Formado em engenharia civil, projetou a estrada de ferro que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá, no Paraná. Serviu como engenheiro militar, e juntamente com seu irmão tentou estruturar empresas privadas, captando recursos de particulares e a bancos, para modernizar o país. Fez parte da campanha abolicionista e ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.
Nilo Peçanha
Foi deputado federal e senador até que renunciou para ocupar o cargo de quinto presidente da República do Brasil. Engajou-se em campanhas abolicionistas, restaurou o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e incentivou a policultura, com a intenção de diminuir a dependência financeira do Brasil. Em 1910, criou o Serviço de Proteção ao Índio.
Cruz e Souza
Poeta simbolista, é patrono da Academia Catarinense de Letras e um dos mais importantes poetas do movimento no país. Seus estudos foram patrocinados por uma família de aristocratas. Por ser negro, foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna, Santa Catarina. Foi diretor do jornal Tribuna Popular e suas publicações estavam sempre relacionadas ao racismo e preconceito. É considerado um dos principais representantes do simbolismo no Brasil, e foi um dos precursores da literatura afro-brasileira.
Luiz Gama
Foi vendido como escravo por seu próprio pai. Aos 18 anos, aprendeu a ler e a escrever com a ajuda de Antônio Rodrigues do Prado Júnior e assim foi capaz de frequentar, por pouco tempo e apenas como ouvinte, a Faculdade de Direito de São Paulo, onde sofreu preconceito. Tornou-se um rábula (advogado que, mesmo sem formação jurídica, podia exercer o Direito) e libertou mais de 500 escravos do cativeiro através da Justiça e quando não conseguia ajudá-los dessa forma, comprava suas alforrias com dinheiro arrecadado por ele.
Milton Santos
Doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo e professor visitante em Stanford, atuou como consultor da ONU, da OIT, da OEA e da Unesco. Foi o único estudioso da América Latina a ganhar o Prêmio Vautrin Lud, que é considerado o “Nobel da Geografia”. Publicou diversas obras, entre elas O Espaço Dividido, que fala sobre o espaço e a urbanização do Terceiro Mundo e é considerada um clássico mundial.
Nos conforta saber que muito já foi conquistado pelos negros e que cada vez menos pessoas estão tolerando comportamentos racistas, preconceituosos e humilhantes.