Os animais com os quais temos parentesco não são os que você imagina
Água-viva e coral. Um parece uma planta, enquanto a outra nada como um peixe. E ainda, de alguma forma, eles têm parentesco. Esses dois pertencem ao mesmo grupo familiar de criaturas com tentáculos pungentes. Ai!
É estranho dizer isso sobre os corais, mas eles são na verdade animais. As plantas processam a sua própria comida, já os corais não. Eles são formados por milhares de pólipos, que são pequenas criaturas de coral. E têm uma espécie de pequenos braços em forma de tentáculos que usam para pegar a comida e colocá-la na boca. Eles parecem todos inocentes e inofensivos como uma flor marinha parada ali sem fazer nada. Isso é provavelmente o que as medusas também pensam, flutuando perto deles, e se escondendo de alguns predadores maiores. E, BAM, quando menos esperam, o coral pega uma!
Os biólogos ficaram surpresos com a força dos corais. Eles capturam um animal maior que se move — ao contrário deles — o que é um excelente trabalho em equipe. Alguns pólipos agarram o corpo da água-viva com os tentáculos, enquanto outros miram rapidamente nos seus braços de alimentação, e a pobre água-viva não tem chance de escapar. Por serem primos distantes, os cientistas acreditam que os corais são imunes ao veneno dos ferrões da água-viva.
Escorpiões e carrapatos. Os carrapatos parecem insetos, mas seguindo sua linhagem, os cientistas perceberam que estão intimamente relacionados aos escorpiões. Ambos podem viver de alimentos líquidos, têm um ótimo olfato, que usam para encontrar comida, e 8 pernas. Os escorpiões são melhores em sobreviver a condições adversas: podem passar um ano inteiro sem comida. Mas, ao se alimentar, o que acontece a cada duas semanas, não buscam apenas criaturas menores, como insetos e aranhas, mas também ratos e alguns lagartos.
Parece que os dois já existem há mais de 400 milhões de anos — sim, muito antes da chegada dos dinossauros. Os pesquisadores acreditam que eles podem estar entre os primeiros animais a se mover da água para a terra. Os pesquisadores encontraram uma garra fossilizada de um escorpião marinho com 46 cm de comprimento, o que significa que a própria criatura tinha dois metros e meio de comprimento. Na verdade, depois de encontrar a garra, eles perceberam que caranguejos gigantes, escorpiões e aranhas costumavam ser muito maiores do que pensamos.
Suricatos e civetas. Eles se parecem com gatos, porém nenhum dos dois está nem perto de ser parente deles. Mas possuem corpos bastante longos e ágeis, o que os torna primos distantes das doninhas e dos mangustos. Ambos levam seus filhotes para tocas subterrâneas. Mas enquanto os suricatos gostam de trabalho em equipe e de fazer a maioria das coisas juntos, o que inclui cuidar e criar os filhos, as civetas são mais introvertidas e não gostam de reuniões em grupo. Quando nascem, esses animais são totalmente peludos, podem se mover e estão basicamente prontos para o mundo. Os suricatos nos primeiros estágios da vida não têm sentidos e precisam de um pouco mais de tempo para amadurecer.
No entanto, quando adultos eles são muito resistentes, fortes o suficiente para sobreviver ao veneno de cobras. E têm seus próprios métodos de captura de escorpiões, além de excelente visão e a capacidade de sobreviver sem água: só obtêm líquido do que comem. As civetas são noturnas, enquanto os suricatos gostam de uma boa soneca à noite, sendo ativos durante o dia.
Humanos e cangurus. Bem, meio que dividimos nossos caminhos cerca de 150 milhões de anos atrás, mas ainda temos uma linhagem comum e, como os cientistas descobriram alguns anos atrás, um genoma quase idêntico. Isso pode nos dar mais respostas sobre como éramos naquela época. Bom. Eu não estava por perto naquele tempo. Embora a mão direita seja dominante na maioria dos humanos, alguns de nós somos canhotos. Para os cangurus é o mesmo: depois que começaram a andar sobre duas pernas, ficaram com as duas mãos livres para realizar outras tarefas, quando um lado naturalmente se tornou dominante.
Como a maioria dos mamíferos, os cangurus têm a cauda para um melhor equilíbrio, principalmente na corrida. Na nossa árvore genealógica evolutiva, a cauda desaparece. Gorilas, chimpanzés ou outros primatas, incluindo nós, não a possuem. Animais de quatro patas precisam de muita energia para cada passo que dão, enquanto nós podemos andar sobre duas mais facilmente por causa da gravidade. Cada vez que damos um passo, ela meio que nos puxa para a frente. Dessa forma, usamos 25% menos energia do que andando de quatro. Então, agora não precisamos de caudas para nos equilibrar.
Formigas e abelhas. Se houvesse uma reunião de família, as abelhas não convidariam as vespas. Os cientistas costumavam pensar que as formigas eram as parentes mais próximas das vespas, mas o parentesco é apenas com algumas espécies, como vespas-cavadoras e mais provavelmente às abelhas. Tanto as formigas quanto as abelhas têm olhos específicos compostos por outros olhos minúsculos e antenas.
Ambas são sociais, vivem em grupos maiores, são trabalhadoras e apreciam muito as atividades em equipe. Elas constroem ninhos e voltam para lá depois de comer. Também são socialmente responsáveis. As formigas limpam o ambiente, removem folhas, restos de comida e de insetos, comem insetos nocivos e cavam túneis que ajudam as plantas a crescerem melhor, pois há mais ar alcançando o solo. As abelhas fazem mel e polinizam flores, o que explica a diversidade da natureza.
Pássaros e dinossauros. Os pássaros vêm de um grupo de carnívoros ao qual o tiranossauro rex também pertence, os chamados terópodes. Os fósseis de pássaros antigos têm 150 milhões de anos. Eles pareciam pequenos dinossauros com penas e também possuíam dentes afiados. Mas muitos dinossauros também tinham penas, e não apenas os que voavam. Os jovens tiranossauros rex saíam do ovo na forma de bolas macias e felpudas, assim como os pássaros. As penas eram úteis para mantê-los aquecidos e protegidos.
O velociraptor também era coberto de penas e tinha pulsos e tornozelos articulados e três dedos no pé. Alguns dinossauros também tinham ossos ocos, alguns sentavam sobre os ovos para mantê-los aquecidos, enquanto outros dormiam com a cabeça debaixo da pata, com os membros dobrados, exatamente como os pássaros! E as garras também eram semelhantes.
Baleias e vacas. Há muito, muito tempo, cerca de 50 milhões de anos atrás, (você também não estava por aí), havia um pequeno animal caminhando ao longo dos rios do sul da Ásia. Ele tinha cascos e pernas esguias e se alimentava da terra, mas sempre que sentia que algo perigoso estava se aproximando, pulava na água por segurança.
Esse animal, o Indohyus, foi o primeiro ancestral do que conhecemos hoje como as baleias e os golfinhos. Assim que essa criatura incomum chegou à água, ficou mais claro como evoluiu para uma baleia. Seus parentes que ficaram na terra tomaram uma direção diferente. Eles são o que hoje conhecemos como mamíferos com cascos, incluindo vacas, ovelhas, porcos, girafas, camelos, veados e até hipopótamos.
Caranguejos-ferradura e aranhas. Esses caranguejos têm uma casca semelhante aos outros e passam a maior parte do tempo rastejando no fundo do mar. Mas, apesar disso e do nome, são mais relacionados a aranhas do que a caranguejos com quem provavelmente andam. Os caranguejos-ferradura têm 10 olhos nas laterais e nas costas, sangue azul e podem substituir partes do corpo. Que útil! Essa espécie tem um corpo segmentado com pernas articuladas, assim como as aranhas.
São animais que já estão na Terra há 500 milhões de anos e seus ancestrais pré-históricos podiam alcançar até 60 cm. Tinham caudas bem compridas, que usavam como ferramenta de escavação quando precisavam pegar comida. Com suas caudas, conseguem até se endireitar quando caem e acabam ficando de cabeça para baixo. Para nossa sorte, nunca evoluíram o suficiente para acabar andando na terra, como fazem seus primos.
Agora, um trio interessante aqui — antas, cavalos e rinocerontes. Embora as antas se pareçam mais com porcos com tromba, não têm parentesco nem com eles nem com os elefantes. Os rinocerontes são originários da América do Norte e os primeiros não se pareciam com aqueles gigantes de casca grossa que vemos hoje. Eles eram mamíferos esguios do tamanho de um pônei. Alguns dos primeiros cavalos também vagavam por essas mesmas áreas e pareciam cães pequenos com cascos nas patas. As primeiras antas, da mesma forma, eram pequenas.
Os cientistas descobriram ainda um pequeno mamífero com cascos, e este é o longo nome dele, que viveu na Índia, então uma ilha naquela época, há mais de 50 milhões de anos. Sua mandíbula inferior era fundida, e o animal era um herbívoro, assim como cavalos e rinocerontes. Ele não era ancestral deles, mas ajudou os cientistas a descobrir como esses três se encaixam no mesmo grupo.
Elefante e peixe-boi. Os peixes-boi costumavam andar em terra, e a prova está no fato de que os cientistas encontraram um animal interessante, esse carinha, da árvore genealógica dos peixes-boi. Ele viveu na Jamaica pré-histórica e foi extinto há 40 milhões de anos.
Os atuais peixes-boi pesam em média como um piano e podem ser encontrados nos rios e nas águas costeiras rasas do Caribe, do rio Amazonas, da África Ocidental e do sul dos Estados Unidos. O elefante pesa tanto quanto um ônibus escolar e vive em áreas tropicais da Ásia e da África. São animais que percorreram caminhos diferentes, mas vendo esse carinha de aparência inusitada, dá pra notar a conexão aí de alguma forma .