O Raio Bola pode passar por janelas fechadas. Mas como?

Ô-ôu. Um vento forte está soprando, nuvens cobrem o céu, trovões retumbam e está chovendo. Uma tempestade se aproxima. Mas você não se importa. Você está sentado em seu apartamento, ouvindo música e digitando algo no computador. Aí ouve um trovão, olha pela janela e vê uma forte chuva, um tornado e relâmpagos. Fecha todas as janelas e volta para o computador. E então BAM! Parece que um raio caiu perto da sua casa. Seu laptop e todos os aparelhos elétricos da casa desligam. A luz se apaga. Você fica com medo. Nesse momento, ouve um estranho som sibilante. Você vê como, tal um fantasma, uma bola redonda brilhante de eletricidade voa para dentro da sua casa, atravessando uma janela fechada.

Ela penetra seu quarto, paira no ar, espera um pouco e depois voa de volta atravessando as paredes. A luz acende e tudo volta ao normal. Você acabou de ver um fenômeno natural chamado Ball Lightning, ou Raio Bola. E tem sorte de estar vivo depois de conhecê-lo. É um fenômeno raro. O raio bola aparece durante uma tempestade na forma de uma esfera flutuante. E Pode mudar de cor: de azul para laranja e amarelo. Tem o tamanho aproximado de uma bola de basquete, mas também pode ser muito maior. Esse raio faz um som sibilante e tem um cheiro forte. Ufa. Os primeiros registros de raios bola foram feitos em 1638 na Inglaterra. Uma bola gigante e brilhante voou para a janela da igreja. Desde então, tem havido muitas evidências de como o raio bola entrou nas casas e assustou as pessoas. Nos séculos 20 e 21, os cientistas investigaram ativamente esse fenômeno. Eles descobriram que metade dos casos com raios bola eram apenas alucinações causadas por campos magnéticos durante uma tempestade. Mas não podiam refutar totalmente a existência do raio bola. Eles concordaram que esse fenômeno existia e uma vez conseguiram registrá-lo.

O fenômeno do raio bola foi capturado na China. Os pesquisadores estudaram o comportamento das tempestades em 2012 usando câmeras de vídeo e espectrômetros. Eles viram um relâmpago usual, após o qual a bola apareceu. A bola voou horizontalmente por cerca de 10 metros e desapareceu. O espectrômetro mostrou que a bola era feita de silício, ferro e cálcio. Se é real, então qual é a sua natureza? Existem várias teorias. Talvez aquele raio bola ocorra como resultado de um raio no chão. O oxigênio e os elementos evaporados do solo criam uma reação na forma de um coágulo redondo de energia. Isso explica por que em 2012 o espectrômetro registrou o mesmo cálcio no raio bola e no solo. Outra teoria diz que o vidro pode gerar essas bolas. Os íons atmosféricos se acumulam na superfície do vidro e criam um campo elétrico. Com o raio, esse campo se transforma em um raio bola. É por isso que há tantas evidências de que a esfera voou para dentro do prédio pela janela.

Em 2016, os cientistas apontaram que um raio no solo criou radiação de micro-ondas que pode se transformar em uma bolha de plasma. Esse plasma elétrico flutuante assume uma forma redonda e paira no ar por alguns segundos. Terremotos também podem criar raios bola. Durante os tremores do solo, flashes de luz aparecem das profundezas da crosta. É como um raio que não vem do céu, mas do chão. Algumas dessas luzes podem parecer esferas azuis flutuantes. Em 2014, cientistas estudaram luzes de terremotos e descobriram que algumas rochas emitem descargas elétricas durante impactos de ondas sísmicas. Em 2006, pesquisadores de uma universidade em Tel Aviv criaram um laboratório para estudar raios bola. Eles usaram radiação de micro-ondas para recriar uma carga elétrica semelhante a um raio. Em 2018, os físicos quânticos criaram um complexo campo magnético sintético semelhante a um raio bola. Físicos, químicos, meteorologistas e outros cientistas realizaram pesquisas e experimentos de laboratório para entender a natureza desse fenômeno. Mas até agora ninguém conseguiu.

Outras bolas brilhantes são menos perigosas, mas ainda misteriosas. Com tempo claro, você pode ver estranhas luzes brilhantes longe das cidades, em algum lugar em uma área pantanosa. Antigamente, quando não havia eletricidade, as pessoas notavam essas luzes e achavam que alguém precisava de ajuda. E se algum cara estiver preso no pântano e acender uma lamparina de querosene para ser visto? As pessoas iam até essas luzes para ajudar, mas caíam no pântano. E a luz voava para longe ou desaparecia. Alguns registros falam de várias luzes ao mesmo tempo. Elas se moviam rapidamente e mudavam de cor. Muitos acreditavam que se tratava de algum tipo de criatura mística que atraía as pessoas para armadilhas. Mas, com o tempo, os cientistas conseguiram desvendar o mistério desse fenômeno. Fungos e algas bioluminescentes crescem em lugares pantanosos. Às vezes, brilham com luz azul e criam a ilusão de luzes brilhantes à distância. Além disso, há muito material vegetal nos pântanos — folhas, grama, lama, argila e galhos de árvores. Essas substâncias se decompõem rapidamente em condições úmidas e liberam metano. Assim que o metano entra em contato com o ar, ele se inflama. A chama voa sobre o pântano na forma de uma bola em chamas. Luzes misteriosas aparecem não apenas em pântanos. As pessoas as veem em desertos ou áreas montanhosas. Num lugar, são os faróis dos carros. Em outro, são as luzes de sinalização de um avião. Mas, em muitos casos, a natureza dessas luzes permanece desconhecida.

E agora imagine uma bola enorme, do tamanho de uma pequena cidade. É como uma cúpula, cobrindo uma grande área e a protegendo de tornados e tempestades. Esse fenômeno é chamado de bolha meteorológica Delco e está localizado no condado de Delaware, na Pensilvânia. Vou te contar como tudo começou: em 1996, uma das mais fortes tempestades de neve do século 20 atingiu a costa leste dos Estados Unidos, recebendo o nome de The Blizzard de 1996. Cobria quase toda a Pensilvânia, mas na pequena cidade do condado de Delaware, Delco para abreviar, o tempo estava bom. A tempestade rugiu ao redor, mas não tocou a cidade. Desde aquele ano, os moradores acreditam que uma bolha climática anormal protege suas casas. No entanto, não há evidências científicas da existência dessa bolha. Depois da Blizzard de 1996, houve várias outras tempestades na área, e os meteorologistas afirmaram que algumas tempestades também cobririam Delco. Mas, ao contrário do que previam, o tempo lá estava ótimo. Estranhamente, não há nenhuma evidência meteorológica disso.

Um dos moradores decidiu investigar seriamente esse fenômeno. Ele acompanhou as previsões do tempo, olhou fotos de satélite e viu como as nuvens divergiam pela cidade. Choveu muito nas cidades vizinhas, mas não em Delco. Isso parece uma prova convincente. E a questão é: Devemos acreditar? Há uma explicação científica que elucida a natureza desse fenômeno. As tempestades podem enfraquecer em Delco graças ao ar do mar que se acumula nessa área. A rua e os arredores da cidade estão impregnados desse ar frio e úmido, criando uma espécie de estabilização da atmosfera. E, quando fortes tempestades do oeste colidem com o ar de Delco, perdem uma parte significativa de sua força. E parece que o mau tempo simplesmente contorna a cidade. Mas há outra explicação. Dessa vez de viés psicológico. Todas as informações conhecidas sobre a bolha meteorológica vieram das histórias dos moradores. Eles buscam a confirmação desse fenômeno e escrevem sobre isso nas redes sociais. Alguém disse que tinha visto um tornado passar por sua casa. Outros alegaram que a bolha os salvou de uma chuva torrencial. As pessoas pensam que, se ficou tudo bem em suas casas, ficou tudo bem com todo mundo!

Imagine que os programas de TV dizem que uma tempestade começou em sua cidade. Você olha pela janela e vê um céu claro. Sem vento nem chuva. Parece que a bolha salvou o dia novamente, embora, logo atrás de você, a algumas centenas de metros do seu quintal, um tornado furioso esteja derrubando os telhados dos edifícios. Mas você não viu o que estava acontecendo e escreveu nas redes sociais que Delco estava salva mais uma vez. Nesse sentido, a bolha do clima se torna mais virtual, graças às pessoas que escrevem sobre ela.