O que sabemos sobre a vida extraterrestre até agora
É uma noite clara e você está ao ar livre admirando as estrelas. Somente a Via Láctea parece ser esmagadoramente enorme. Você verifica em seu telefone e descobre que a galáxia na qual você está neste exato momento tem 100.000 anos-luz de largura. Para se ter uma ideia, 1 ano-luz já é uma distância muito longa. Por exemplo, leva 4,2 anos-luz para se ir da Terra até Proxima Centauri, que é a estrela mais próxima do nosso planeta, além do Sol. Portanto, 100 mil anos-luz é muito mais do que nós, humanos normais, podemos imaginar. E isso é apenas uma galáxia. Há muito mais lá fora.
Agora, olhando para estes dados, parece bastante improvável que sejamos a única forma de vida por aí, não é mesmo? Mas por que nunca encontramos mais nada até agora?
Vamos tirar uma coisa do caminho: a vida extraterrestre não significa necessariamente que estamos falando de pequenas pessoas verdes. Pode também significar microorganismos, bactérias e plantas que podem ser encontradas em outros planetas. A verdade é que existe um grande espectro de possibilidades para a vida em outros planetas. E levando em consideração que existem até 50 bilhões de planetas na Via Láctea, é muito improvável que estejamos sozinhos neste grande Universo.
E como é a vida em outros planetas? Isto é o que passamos anos tentando descobrir. Vá em frente, pense comigo. Um planeta pode estar sem vida hoje, mas pode ter traços de matéria orgânica ou fósseis, o que significa que alguma forma de vida foi capaz de prosperar lá uma vez. E também pode ser que existam planetas lá fora contendo vida com bioquímica complexa, o que significa que eles poderiam ter fauna exatamente como nós temos na Terra — embora provavelmente não seja a mesma.
A NASA criou uma ciência especial que se dedica ao estudo de formas de vida fora da Terra. É chamada de astrobiologia. Desde que a agência espacial foi criada em 1958, não demorou muito para que ela começasse a procurar por vida extraterrestre. Eles rapidamente construíram um plano de ação. Primeiro, era preciso entender como a vida na Terra foi formada e, segundo, como ela poderia ter se formado em outros planetas.
A primeira vez que a NASA tentou procurar por vida no espaço sideral foi em 1976. O módulo de aterrissagem Viking explodiu no espaço, em direção a Marte. Havia grandes expectativas de que a humanidade encontraria a primeira prova de vida extraterrestre. Infelizmente, o módulo de aterrissagem voltou com imagens de um planeta que parecia estéril e sombrio, e os cientistas ficaram extremamente desapontados. As conclusões científicas sobre se a vida poderia ser detectada ali eram confusas.
Mas ei, você precisa saber o que está procurando para encontrá-lo, certo? O “fracasso” da missão Viking serviu para aquecer os debates entre os cientistas da NASA para definir o que realmente significava a vida. E também serviu para chamar sua atenção para um pequeno, mas muito importante, detalhe.
As naves espaciais que partem da Terra geralmente transportam microorganismos terrestres e bactérias involuntariamente, uma vez que elas permanecem presas ao veículo. Descobriu-se que estas bactérias poderiam contaminar as amostras dos cientistas, então isso precisava ser considerado.
Tudo isso fez com que as expedições a Marte tomassem um rumo inverso nos planos de curto prazo da NASA. Surgiu uma nova questão prioritária — primeira pergunta: quais são os tipos e estágios de vida que os programas espaciais podem esperar identificar?
Os cientistas podem ter encontrado vida em outros planetas, mas não terem sido capazes de identificá-la como vida. É por isso que a NASA começou a estudar melhor nosso próprio planeta. Eles estudaram tudo, desde formas de vida antigas que viveram bilhões de anos atrás até criaturas vivas que perambulam pelo planeta hoje. Eles entenderam que a busca precisava acontecer tanto interna quanto externamente.
Vamos dar uma olhada no desenvolvimento da vida da Terra desde o seu princípio. Imagine que este desenvolvimento pode ser representado como uma escada, e cada estágio de desenvolvimento é um voo da escadaria maior. Em primeiro lugar, veríamos a química básica. Uma sopa de elementos químicos soltos, como os que vemos na tabela periódica. Mas eles precisam se montar em estruturas mais complexas para poder se autorreplicar, mudar e evoluir. Isto aconteceria no segundo passo, onde começaríamos a ver a formação de organismos microscópicos.
No terceiro passo, estas células se combinariam para se tornarem seres multicelulares, permitindo maior complexidade e variedade. Na etapa acima, veríamos espécies que podem evoluir grandes cérebros, permitindo o uso de ferramentas, cultura e conhecimento compartilhado. É aí que se localiza a humanidade.
Olhando para esta escada, pode-se perguntar: então o que é necessário para que um organismo multicelular evolua em seres humanos plenamente formados? Isto é o que é chamado de “o grande filtro”. É um enorme salto evolutivo que exige muito esforço e as condições ambientais perfeitas para que aconteça. E dado que não ouvimos falar de nenhuma outra civilização extraterrestre por aí, talvez sejamos os únicos capazes de fazer este salto.
Afinal de contas, qual é a probabilidade de encontrarmos vida fora da Terra que seja semelhante à nossa?
Isso depende de quantos planetas existem lá fora na zona habitável de sua estrela — a área ao redor de uma estrela onde a água pode ser líquida. E como as estrelas vêm em todos os tamanhos e configurações, esta zona é diferente para cada sistema estelar. Mas esse não é o único critério que conhecemos para a existência da vida.
Normalmente procuramos três coisas para detectar a vida: água líquida, metano e oxigênio. A água é o que permite a mistura e a conexão de componentes químicos, formando seres multicelulares. O metano é produzido pelo processo de decomposição feito por bactérias e o oxigênio é o subproduto da respiração das plantas. Estes são alguns dos sinais indicadores que o Telescópio James Webb foi programado para procurar.
Esse telescópio tem objetivos ambiciosos que podem revolucionar a ciência espacial. Suas principais prioridades são detectar formas de vida, através do estudo de pequenas galáxias orbitando a Via Láctea. Ele também procurará as estrelas mais antigas do Universo, tentando coletar dados sobre a origem do próprio Universo. Isso é impressionante!
A NASA está apostando em duas variáveis com esse novo Telescópio. Uma varredura completa nos chamados exoplanetas, também conhecidos como planetas de fora de nosso Sistema Solar. E a busca por extremófilos — um tipo de vida que ama ambientes extremos.
Os extremófilos foram descobertos pela primeira vez no planeta Terra nos anos 60, no fundo do mar, perto das Ilhas Galápagos. Os cientistas encontraram microorganismos que vivem ao lado de respiradouros hidrotermais que pontilham o fundo do mar sobre essa parte do mundo. Crescer em lugares como estes, com temperaturas extremas acima de 370 graus Celsius, exige muita resistência! Quero dizer — você consegue imaginar o calor?!
Esta descoberta foi um ponto de virada para o campo da astrobiologia, pois os cientistas entenderam que a vida poderia sobreviver em condições extremamente severas, semelhantes à atmosfera disponível em vários exoplanetas.
Mas, ei, a vida pode aparecer em nosso próprio bairro se tivermos sorte. Guiada pelo mantra “siga a água”, a NASA está lançando duas importantes missões dentro do nosso sistema solar que podem contribuir em grande parte para a busca de vida extraterrestre. Você se lembra de Júpiter, certo? É o gigante de gás que tem uma lua conhecida como Europa. Há alguns anos, os cientistas descobriram que Europa tinha um oceano escondido atrás de camadas de crosta gelada. E há ainda mais!
De acordo com pesquisas, a água na Europa é salgada, muito parecida com a que temos em nosso planeta. Europa é um grande candidato à detecção da vida, mas a missão Europa Clipper não tem como objetivo tentar identificar isto. Ao contrário, ela orbitará a lua e reunirá o máximo de informações sobre suas condições atmosféricas.
A outra missão ligada à lua é a Dragonfly, um quadricóptero que explorará a lua de Saturno: Titã. O lançamento está programado para 2027 e só chegará à órbita de Titã por volta de 2034. Ela irá amostrar e examinar uma série de locais promissores ao redor da lua gelada de Saturno e quem sabe — encontrar algumas novas informações sobre a vida extraterrestre? Vamos ver o que acontece. Mas eu diria que nunca estivemos mais perto de uma grande descoberta do que estamos agora.