Não é permitido usar lápis no espaço + outras 9 curiosidades que um astrônomo me contou
Nossa Lua pode estar escondendo mais bolsas de água do que os cientistas imaginavam. A superfície dela é cheia das chamadas “armadilhas frias”, ou seja, regiões que ficam cobertas por sombra o tempo todo. Se pudesse ficar perto de um dos polos da Lua, principalmente o sul, você veria essas sombras por toda parte: são 39 mil quilômetros quadrados delas. Há armadilhas frias minúsculas, com apenas 1 centímetro de largura, e existem também centenas de milhares das grandes. Essas regiões estão mergulhadas na eterna escuridão e podem estar há bilhões de anos sem receber um raio de sol sequer.
Agora os cientistas acham que elas estão escondendo mais do que imaginávamos — inclusive pequenos fragmentos de gelo, do tamanho de uma moeda de 1 centavo. Embora em pequena quantidade, essa água poderia matar a sede dos astronautas, ou ser usada para abastecer um foguete.
Grande parte da água poderia ser armazenada em vidro ou entre os grãos da superfície da Lua. Há uma teoria que diz que 40 mil quilômetros quadrados da superfície lunar poderiam ter a capacidade de armazenar água. Mas isso só pode ser comprovado depois que alguém for lá ver pessoalmente ou enviar sondas capazes de escavar a superfície. A Lua não é totalmente branca e sem cor. Os astronautas do voo espacial Apollo, que pousaram lá em 1969, disseram que a lua era meio marrom. Estudos posteriores mostraram que algumas regiões lunares mais escuras apresentam tons marrons e azuis.
As regiões mais altas são amareladas, com leves traços na cor creme e em rosa. As cores não são as mesmas por toda parte, por causa das diferentes quantidades de metais presentes na Lua, como o titânio ou o ferro dos minerais da superfície. Nossos olhos não são sensíveis o suficiente para captar essas diferenças daqui da Terra. Grande parte da superfície lunar é composta por minerais que são naturalmente cinzentos — e essa é a cor que geralmente vemos daqui. Quando alguém vai para o espaço, não consegue caminhar sobre o chão. Não há gravidade, então não é preciso usar calçados. É por isso que os astronautas usam apenas um par de meias, ou dois, caso estejam com frio.
Mas uma coisa estranha pode acontecer com os pés deles enquanto estão lá em cima. Primeiro: se tiverem calos, estes podem cair depois de um tempo. Um astronauta descreveu sua experiência e disse que as solas dos seus pés se tornaram muito macias, enquanto a pele de cima do pé ficou muito áspera, como se fosse pele de jacaré. Ele forçava a parte de cima dos pés para se movimentar quando usava trilhos para pés na estação espacial onde a tripulação ficava. As coisas não são fáceis lá em cima — os astronautas da Estação Espacial Internacional têm que usar trilhos para pés e alças para se manter estáveis quando precisam executar tarefas simples, como fazer a barba. Ao se exercitar, eles podem prender seus pés dentro dos tênis do equipamento de exercício.
Astronautas precisam se exercitar muito mais do que quem está na Terra — cerca de duas horas todos os dias -, porque o corpo humano não está acostumado a se movimentar ou a fazer coisas que normalmente faríamos sem a ação da gravidade, que praticamente nos mantêm grudados no chão. Além disso, se você ficar no espaço por mais tempo, pode perder muita massa óssea e muscular. Por exemplo: é possível perder quase 20 por cento de sua massa muscular se você passar apenas 11 dias em um ambiente sem gravidade. Mas, se estivesse lá em cima, não seria necessário usar pesos, certo? A falta de gravidade os afeta também. Em vez disso, os astronautas usam um aparelho equipado com dois cilindros que criam um vácuo e permitem que eles empurrem uma barra comprida. Na estação espacial, você também pode usar uma bicicleta e uma esteira.
Sabia que a NASA gastou milhões de dólares desenvolvendo uma caneta que pode ser usada em locais com zero gravidade? Um lápis não é a melhor solução para viagens espaciais. Eles costumam se quebrar e soltar pedaços, deixando uma poeira de grafite para trás. Além disso, são feitos de madeira, o que traz um alto risco de incêndio dentro da cápsula pressurizada e rica em oxigênio. É por isso que até uma coisa simples do dia a dia, como um lápis, pode ser fatal no espaço. Assim, eles precisaram inventar uma Caneta Espacial, que escreve de forma nítida e firme, e a tinta flui sem precisar da gravidade: ela usa nitrogênio comprimido para forçar a tinta a chegar à ponta. Desse modo você consegue escrever enquanto está flutuando de cabeça para baixo, e até se estiver debaixo d’água.
Mesmo quando estão no espaço, os astronautas enfrentam problemas cotidianos, como aquela coceira desagradável no rosto. O pior é que não dá para meter a mão no rosto e aliviar essa sensação quando se está com um capacete espacial. Eles precisam improvisar, então às vezes coçam o lugar com o microfone que fica preso no capacete. Às vezes, prendem pedacinhos de velcro dentro do capacete para essa finalidade.
Um dos problemas mais complicados em viagens espaciais refere-se a proteger os astronautas dos efeitos da radiação. Nosso corpo ainda não evoluiu a ponto de lidar bem com tempestades de próton e raios cósmicos vindos do Sol. Claro, os trajes espaciais e os outros equipamentos são essenciais. Algumas pesquisas também mostraram que uma alimentação rica em antioxidantes, incluindo vegetais como espinafre, tomate e beterraba, ajuda muito na redução dos efeitos da radiação.
Os astronautas nem sempre usaram trajes espaciais brancos. No primeiro projeto de voo espacial tripulado da NASA, chamado de Projeto Mercury, eles usavam trajes prateados. Mas nenhum dos astronautas saiu da nave para explorar o vácuo do espaço naquela ocasião. A cor prata não é boa para isso, pois os trajes espaciais precisam ser altamente refletivos. E o branco é ótimo nesse quesito — essa cor é a que mais reflete radiação no espaço sideral.
Estamos na Terra, o que significa que a atmosfera é como um escudo que nos protege dos 77 por cento de radiação que vem do Sol. Mas os astronautas não têm essa proteção lá em cima, então ficam vulneráveis a queimaduras solares de alto grau e a temperaturas extremamente altas. O traje espacial branco tem o mesmo efeito da tinta branca das paredes, que ajuda a manter o ambiente mais fresco. Cores mais claras absorvem 35 por cento menos calor.
Mas o branco não é a única cor no armário deles. Quando estão indo para o espaço ou voltando para a Terra, eles costumam vestir um traje alaranjado. Essa é uma cor que chama a atenção: se alguma coisa der errado durante o pouso e os astronautas tiverem que sair da nave às pressas, a equipe de resgate poderá vê-los com mais facilidade. Mas os tempos mudam, e hoje temos ferramentas mais sofisticadas para localizar astronautas que precisam de ajuda, como rastreadores e transmissores GPS. Assim, os trajes não precisam mais ser alaranjados.
Estamos flutuando pelo espaço. Tudo está quieto, e você segue apreciando a vista magnífica da escuridão e do infinito cheio de bilhões de estrelas, planetas, cometas, sóis, luas e tantas outras coisas que provavelmente jamais descobriremos. 95 por cento do nosso universo continua sento um mistério para nós, mas... pelo menos a vista é maravilhosa!
Mas isso tudo só é bom se você estiver preso dentro de uma nave. E se algo der errado na sua caminhada espacial e você se desprender? Aí a cena muda de figura e o sonho vira pesadelo em questão de segundos. Contudo, não se preocupe. A NASA desenvolveu uma unidade de propulsão, parecida com uma mochila: é a SAFER. Ela dispara nitrogênio comprimido de 24 propulsores, levando o astronauta para um local seguro. Em tese, você pode liberar gás do seu traje espacial também. Ou talvez jogar uma ferramenta para a direção oposta, a fim de empurrar seu corpo para frente. Mas isso é traiçoeiro, pois seria preciso jogá-la precisamente de forma alinhada com o seu centro de massa. Caso contrário, você começaria a girar descontroladamente e, antes que se desse conta, ficaria tão desorientado, que não saberia para onde ir, mesmo se pudesse. Mas a SAFER detecta a rotação de forma automática e usa seus jatos para manter você consciente e levá-lo a um lugar seguro.
Cientistas levaram 10 dias para ensinar um peixinho dourado a dirigir um carro. Eles o levaram a mover seu próprio tanque em direção a certo alvo. Como recompensa, o peixe ganhou um petisco.
Essa pesquisa pode nos ajudar a navegar pelo espaço algum dia. Deve haver certo mapeamento acontecendo em nossas mentes. É assim que conectamos nossas partes corporais e nossos movimentos às mudanças que enfrentamos quando estamos no espaço. E é assim que sabemos quão longe podemos esticar o braço para alcançar uma xícara de café sem ir longe demais e derrubá-la. O controle do movimento não é o mesmo sem a força da gravidade, e precisamos ter certeza a respeito de esses mapas mentais conseguirem diferenciar mar e terra firme. Precisamos saber se é algo universal. Então, quando digo que os cientistas ensinaram um peixe a “dirigir”, isso basicamente significa que, se o peixe viu algo, ele deve tocar a parede do aquário que está virada para a direção desejada. Assim, os cientistas podem guiar as rodas e movê-las para onde o peixe quer ir.