Menti para minha filha sobre o pai dela, e a resposta dela me tirou o chão

Crianças
há 2 dias

Nossa leitora finalmente contou à filha de 19 anos sobre o pai dela: como ele sabia da existência dela e, mesmo assim, escolheu ir embora. A reação dela foi inesperada. Será que a verdade foi pesada demais para aguentar?

Oi, Incrível,

Estou enlouquecendo, não sei o que fazer. Por favor, me ajude.
Tive minha filha aos 19 anos, e o pai dela me abandonou no momento em que contei para ele que estava grávida. Simplesmente desapareceu. Por isso, eu a criei sozinha e nunca falei mal dele para ela. Eu só dizia coisas vagas, como "ele não pôde ficar" ou "ainda não está pronto para te conhecer". No entanto, a curiosidade dela só aumentava e também as perguntas. Ele se importava com ela? Ela a amava? Ele sabia da existência dela?

Hoje minha menina está com 19 anos – a mesma idade de quando eu a tive. Na semana passada, ela perguntou de novo. Dessa vez, ela parecia estar com raiva. Apontava o dedo dizendo que eu estava escondendo coisas, que ela merecia saber a verdade. Senti que o momento havia chegado. Então, contei. Contei que havia entrado em contato com ele quando ela completou 10 anos, mas que ele não quis conhecê-la.

Nesse momento, um silêncio. Ela ficou quieta, e então soltou: "Tudo bem". Foi para o quarto e trancou a porta. A angústia estava me consumindo. Na manhã seguinte, fui ao quarto dela ver como ela estava e fiquei horrorizada ao ver a cama vazia, e lá um bilhete: "Mãe, não posso ficar aqui. Preciso pensar em algumas coisas". Meu chão desmoronou.

Desde então, passaram-se três dias. Registrei um boletim de ocorrência de pessoa desaparecida. Os amigos não sabem onde ela está, mas um disse que ela falou sobre visitar a cidade onde o pai costumava morar. Eu mesma não sei se ele ainda está lá. Não sei se ela está procurando por ele, se está fugindo. Não sei de nada.

A minha dor é de culpa. Será que eu deveria ter continuado mentindo? Será que eu deveria ter esperado mais tempo? Talvez a verdade tenha sido pesada demais para entregá-la assim: de uma só vez. Por favor, me ajude a entender o que fazer.

Atenciosamente,
Maggie

Oi, Maggie,

Obrigado por compartilhar sua história. Imaginamos o desespero que você deve estar sentindo nesse momento, não sabendo onde está sua filha. Essa é a prioridade no momento.

1. Envie uma mensagem para ela. Fique calma, mantenha a cabeça aberta e não tente invadir o espaço dela

Aqui está uma mensagem que você pode enviar:

“Entendo que você precise de espaço neste momento. Só preciso saber que você está bem e em um lugar seguro. Me diga onde você está ou apenas envie uma mensagem para eu saber que você está bem. Prometo não aparecer de surpresa nem entrar em contato novamente até que você esteja disposta. Se o lugar onde você estiver não parecer seguro, você pode me ligar a qualquer momento e eu vou te buscar, sem julgamentos”.

Você complementar a mensagem assim: “Eu te amo muito e sempre estarei aqui para te apoiar e te ajudar”.

2. Informe alguém neutro

Se você suspeitar que ela pode ter ido procurar o pai e tiver uma ideia aproximada de onde ele mora ou morava, considere a possibilidade de informar as autoridades locais. Caso ela vá parar em um lugar desconhecido, eles serão avisados se alguém com a mesma descrição dela for visto.

3. Agora a parte mais difícil: você espera

Sim, sabermos que a agonia é insuportável. Não saber onde está sua filha, como ela está se sentindo, o que está passando pela cabeça dela — isso é o pesadelo de qualquer pai ou mãe. Mas, clama, ela tem 19 anos, é adulta, e o que ela está fazendo é tentar dar sentindo a algo que acabou de descobrir.

Enquanto você espera, gostaríamos de compartilhar algumas ideias de outras pessoas da nossa equipe que passaram por situações semelhantes, tanto como filhos quanto como pais. Assim, você saberá que não está sozinha.

  • Descobri a verdade sobre o passado da minha mãe quando eu era adolescente. Essa é uma história um pouco diferente, mas com o mesmo impacto. Fiquei com raiva por muito tempo. Mas saiba que isso vai passar, ela vai voltar. Deixe ela sentir o que precisa sentir. — Nat.
  • Eu admirava muito meu pai, até descobrir que ele decidiu não fazer parte da minha vida. Não explodi, mas isso mudou tudo. Volta e meia penso nisso, mesmo depois de anos. Esse tipo de coisa pede tempo. Você só precisa deixá-la sentir suas emoções e reforçar que não é culpa dela. — Vergine.
  • Nunca conheci meu pai biológico. A pergunta “Será que eu que não sou suficiente?” nunca desaparece totalmente. Mas minha mãe sempre me disse a verdade, e eu nunca fiquei com raiva dela. Ainda doía, mas sempre soube que ela estava tentando me proteger. Sua filha pode não dizer isso agora, mas ela saberá que você se importa. Ela só precisa de espaço para entender isso. — Maja.
  • Minha mãe nunca me contou nada. Tive de descobrir por meio de terapia. Acontece que meu pai biológico não era... digamos... uma boa pessoa. Eu teria preferido saber antes. Sua filha vai mudar de ideia. No momento, ela só está chateada por ter demorado tanto. Seja paciente. — Elena.
  • Aprender que nossos pais são pessoas comuns é uma lição difícil, mas necessária. Neste momento, sua filha não está apenas brava com ele, está tentando entender quem ela é. Isso leva tempo. Às vezes, muito tempo. Apenas lembre-a de que não foi por causa dela. Ele foi embora por causa de seus próprios problemas, não porque ela não era boa o suficiente. — Lizi.
  • As crianças merecem saber a verdade, mesmo quando ela dói. Sua filha não está com raiva de você, está com raiva da história que ela contou a si mesma sobre o pai nunca foi real. Dê a ela tempo para que ela passe pelo luto de ter perdido essa fantasia. — Alexandra.

Mas nem sempre são apenas as grandes revelações que nos abalam. Muitas vezes, são os instantes menores, aparentemente inofensivos, que tomam rumos inesperados. A história a seguir mostra como até pequenas escolhas podem revelar convicções muito mais profundas do que aparentam.

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