Mensagem dentro de garrafa, que parece ter sido jogada do Titanic, deixou especialistas perplexos

Histórias
há 1 ano

12 de setembro de 1990. Naquela época, muito antes das mensagens instantâneas e das chamadas no Zoom, um menina estava à procura de amigos à distância. Zoe estava a bordo de um navio que ia da Inglaterra para a Bélgica, de férias com seus pais. Ela tinha apenas 10 anos de idade na época, mas era uma garota muito inteligente. Então pegou um pedaço de papel e começou a escrever algumas coisas. Se apresentou, depois contou sobre como gostava de balé e de tocar flauta e piano. Claro, ela não poderia deixar de mencionar seus dois adorados pets, um hamster com o nome de Sparkle e o peixinho, Speckle. Zoe também anotou o endereço em que poderia ser encontrada caso alguém se interessasse em responder à carta. Mas, infelizmente, ela estava em alto-mar. Para quem poderia enviar aquela mensagem?

Foi aí que uma ideia interessante surgiu na mente dela. Ela colocou cuidadosamente o bilhete dentro de uma garrafa plástica, a fechou bem apertado para que não entrasse água e a jogou no mar. A empolgação da garota foi se esvaindo à medida que os anos passaram e ela não recebia resposta alguma. Talvez a garrafa tenha ficado presa em algum lugar, ou fora engolida por alguma criatura grande a assustadora! Ou quem sabe a água tenha passado pela tampinha plástica e destruído o papel...

Muitos anos depois, no Natal, uma carta para Zoe foi recebida na casa de seus pais, com seu sobrenome de solteira. O selo sinalizava que o remetente escreveu da Europa. Era de dois holandeses, Piet e Jacqueline Lateur, que tinham achado sua delicada garrafa e tiveram a consideração de responder à mensagem. Eles explicaram que a haviam encontrado entre entulhos jogados na praia pelo mar. Ela ficou presa por impressionantes 23 anos no oceano e viajou mais de 560 quilômetros até chegar a seu destino final, perto de Roterdam, na Holanda. É uma viagem e tanto para uma simples garrafinha plástica!

Uma história parecida com a de Zoe é a estranha conexão entre dois garotinhos. Um menino alemão, chamado Frank Uesbeck, estava em um barco, viajando para a Dinamarca, quando teve a mesma ideia que Zoe. Ele tinha 5 anos em 1987 ao escrever uma correspondência e jogá-la no mar. A resposta chegou quando tinha 29 anos. Sua carta, assim como a que Zoe enviaria três anos depois, ficou no oceano durante 24 anos. E foi encontrada por um garoto chamado Daniil Korotkikh durante uma caminhada com seus pais pelo Curonian Spit, perto do Mar Báltico. Daniil teve sorte: seu pai sabia falar alemão, então pôde traduzir a mensagem. Os amigos improváveis se conheceram por uma chamada de vídeo em 2011.

Mas nem todas as histórias sobre bilhetes em garrafas foram explicadas. Em 2013, um surfista croata se deparou com uma garrafa danificada perto do Mar Adriático. A carta dentro dela fora escrita em 1985, por um homem chamado Johnathan.

O remetente ansiava que ela chegasse às mãos de uma mulher chamada Mary, e ele também expressou sua vontade de que fosse respondida. Como a mensagem fora enviada da Nova Escócia, ela provavelmente viajou quase 6 mil quilômetros! Saiu do Oceano Atlântico, entrou no Mar Mediterrâneo e chegou ao litoral Adriático, na Croácia. As identidades de John e da tal Maria nunca foram descobertas.

Há também cartas em garrafas com lindas histórias de amor. Foi o caso de Ake e Paulina Wiking. Quando Ake, um solitário marinheiro sueco, jogou a dele no Mar Mediterrâneo, não tinha ideia de que ela cairia nas mãos de sua futura esposa. Isso foi no começo dos anos 50. A garrafa foi encontrada por um italiano, que ficou tocado com o conteúdo e a entregou para sua sobrinha, Paulina. Depois de um ano de troca de correspondências, Ake e Paulina se conheceram e se casaram.

Eles decidiram contar sua história para o mundo e se tornaram um casal famoso na época. Inclusive compartilharam uma gravação de vídeo de seu casamento com o mundo, e a história deles estampou as páginas de muitos jornais. Este acontecimento feliz inspirou um movimento entre jovens que estavam à procura de amor, aumentando a quantidade de mensagens jogadas no mar em busca de um conto de fadas.

Só que nem todas histórias que começaram assim deram certo. Em 1945, um norte-americano chamado Frank Hayostek colocou uma carta parecida com a de Ake em uma garrafa e a jogou na água. Quase um ano depois, ela foi encontrada por uma irlandesa, Brenda O’Sullivan. Os anos de correspondências trocadas entre os dois acabaram chamando a atenção da mídia na época, mas a amizade nunca passou disso, por causa da pressão das pessoas.

Eles chegaram a se encontrar pessoalmente quando Frank viajou para a Irlanda, mas não ficou muito tempo por lá e os dois acabaram perdendo contato.

Após o Titanic ter seu conhecido fim trágico, muitas garrafas com mensagens secretas começaram a aparecer. Quase todas provaram ser falsas, menos uma. Anos depois de o navio ter afundado nas gélidas águas do Atlântico, uma garrafa foi encontrada no litoral irlandês. Era de um homem chamado Jeremiah Burke e, até hoje, é considerada a única mensagem engarrafada verdadeira proveniente do Titanic. O pedaço de papel informava o nome do remetente e sua localização: o famoso transatlântico, e vinha acompanhado da palavra “Adeus.” Como a data foi apagada pela água, é difícil estimar se o bilhete foi enviado antes ou depois de o navio ter batido no iceberg.

Mas o entendimento comum é de que, como Jeremiah tinha intenção de se mudar para os Estados Unidos, ele estava simplesmente enviando seu último adeus simbólico para seus parentes e amigos que ficaram na Irlanda.

Esse jeito simples de conhecer e se corresponder com pessoas se transformou em passatempo para um homem de uma província canadense chamada Ilha do Príncipe Eduardo. Harold Hackett, afirma ter jogado mais de 4 mil garrafas no Oceano Atlântico desde 1996. Ele também garante ter recebido muitas respostas de pessoas do mundo todo, como França, Alemanha, Bahamas e países da África. Esse passatempo incomum o faz ganhar cerca de 150 cartões de natal de seus amigos distantes em cada ano. Até hoje, Harold se recusa a incluir seu número de telefone em qualquer uma das mensagens. Assim, garante que se as pessoas quiserem entrar em contato, a única forma de fazer isso é escrevendo uma carta.

Ele também estudou as melhores épocas para jogar bilhetes na água, com base na direção dos ventos e das correntes.

Mas algumas garrafas passam uma vida inteira no mar. Foi o caso de um britânico que escreveu uma mensagem e a colocou no Canal da Mancha, em 1914. Seu nome era Thomas Hughes, e ele queria que a correspondência chegasse nas mãos de sua esposa. Porém, teve a educação de escrever uma carta para quem quer que tivesse pegado a garrafa primeiro, pedindo para redirecionar o pedaço de papel à sua verdadeira destinatária. Mas isso não aconteceu, porque a garrafa foi achada 85 anos depois nas praias de Essex, na Inglaterra. O homem que a encontrou se sensibilizou com a história, entrou em contato com a família e enviou a carta para a filha de Thomas.

Mas 85 anos não é o período mais longo que uma garrafinha já navegou perdida por aí. Um cientista chamado Hunter Brown estava estudando as correntes do Mar do Norte quando teve a mesma ideia. Ele inseriu a mesma mensagem em quase duas mil garrafas, pedindo a quem recebesse uma delas para escrever de volta contando onde havia achado o objeto. Hunter pensou que esse método ajudaria a entender melhor o funcionamento das correntes do Mar do Norte. Uma das garrafas foi encontrada pouco menos de 18 quilômetros de onde foi jogada, mas 97 ANOS depois! Até hoje, mais de 300 delas apareceram em alguma praia por aí.

Nem todas as mensagens achadas foram respondidas por meio de cartas físicas. Oliver Vandevalle jogou uma ao mar no litoral Inglês enquanto estava passando as férias com sua família. Ele tinha 14 anos na época.

33 anos depois, uma mulher o procurou no Facebook contando que tinha recebido a mensagem dele e que havia procurado por seu nome nas redes sociais. No começo, Oliver nem se lembrava de ter posto uma carta em uma garrafa, mas depois acabou recobrando suas memórias, se lembrando até de que tinha selado o objeto com cera de vela para garantir que a água não entraria nele.

E tem também a Christina Aguilera e sua garrafa... não, espera, a dela é sobre uma GÊNIO em uma garrafa, né? Ah tá, deixa pra lá então.

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