Leitoras que moram na Islândia contaram como é viver no país e quais são as tradições locais
As pessoas comuns não sabem muito sobre a Islândia, apenas informações básicas como: o fato de ser uma das ilhas menos povoadas do mundo, ou outros fatos chatos que têm nos livros de Geografia. Provavelmente, você não saiba que o país esteve sujeito à lei seca até 1989 e que é proibido andar de carro para onde quiser.
O Incrível.club analisou alguns blogs dedicados ao país nórdico e conversou com Anastasia Andreeva e outras leitoras sobre os segredos da vida nessa ilha pouco conhecida.
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Em 1908, os moradores votaram pela proibição de todas as bebidas alcoólicas, e após 7 anos a lei realmente entrou em vigor. Ao longo dos anos, foram sendo feitas algumas concessões, mas a cerveja continuou não legalizada. A lei sobre cerveja forte (bebida com porcentagem alcoólica superior a 2,25%) foi aprovada apenas em 1º de março de 1989. Desde então, essa data é considerada o Dia Nacional da Cerveja: neste dia, os bares ficam abertos até o amanhecer e os que comemoram bebem o máximo que conseguem.
- O Hákarl é um prato nacional islandês de carne de tubarão-de-Groelândia (e é venenoso). Dizem que tem “gosto de morte”. Isso ocorre porque o tubarão não tem rins. A carne é enterrada no chão de 6 a 12 semanas, depois é retirada e mantida por 2 meses ao ar livre.
- O sobrenome da criança na Islândia começa com o nome do pai com adição da palavra son (filho) ou dottir (filha) no final. Então, se a família tem 2 filhos de sexo diferentes, seus sobrenomes serão diferentes.
- Os ônibus em Reykjavík, capital da Islândia, funcionam exatamente dentro do horário previsto: nos dias de semana até 1h da manhã e, nos finais de semana, até às 15h. O preço da passagem é de cerca de 18 reais, e se você pagar em dinheiro, não receberá o troco, então é melhor usar o aplicativo.
- Não existe McDonald´s na Islândia. A empresa esteve na capital Reykjavík até 2008, mas após a crise econômica, a rede decidiu deixar o país. Hoje em dia, o seu lugar foi ocupado por redes locais e por algumas concorrentes mundiais.
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O único museu falológico do mundo está localizado em Reykjavík. Nesse museu são exibidos os órgãos genitais de mamíferos locais e de outros lugares do mundo. A coleção inclui exposições do rato à baleia azul, e desde 2011 está em exposição um exemplar do órgão do ser humano.
Alguns estereótipos que espalham sobre a Islândia:
- “Todos os islandeses se conhecem, as pessoas deixam as chaves nos carros e não trancam suas casas”, certamente, não em Reykjavík. Ninguém está salvo de pessoas mal-intencionadas. Todas as casas e carros são bem trancados, e em geral, as pessoas não depositam confiança. Claro, a taxa de criminalidade aqui é menor que em outros lugares, mas existem pessoas mal-intencionadas em todos lugares. Tivemos uma série de assaltos na vizinhança ultimamente, e as pessoas têm roubado bens de valor. Alguns até tiveram corais roubados do aquário (esses são especialistas!). Então o conto de fadas islandês é bom, mas não tão exagerado.
- Você não pode montar uma barraca em qualquer lugar — apenas em acampamentos designados especialmente para essa atividade. A única exceção: se você estiver andando a pé ou de bicicleta e não tem mais forças de chegar fisicamente ao próximo parque de campismo. Aqui, quase toda terra tem dono, e você precisa pedir permissão ao fazendeiro se quiser dormir uma noite perto da fazenda.
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“Elfos e duendes! A maioria dos habitantes da Islândia acredita em elfos e duendes e consulta feiticeiros se precisam fazer uma estrada ou construir uma casa” — você está falando sério? Talvez, claro, ainda existam moradores do campo que acreditam nessas coisas, mas esses são realmente poucos. Se você perguntar a um islandês da cidade grande, ele apenas dará risada de você.
Se você planeja visitar a Islândia algum dia, estude as regras de conduta. Por exemplo, um certo blogueiro russo violou todas essas regras e leis:
- Dirigir fora das estradas (oficiais) é estritamente proibido. Suponha que você dirigiu até o Sul da ilha, e lá vê um deserto com areia preta e quer dirigir sobre ele — você não pode fazer isso. Se pego em flagrante, você terá que pagar uma multa caríssima de aproximadamente 5 mil reais.
- Você também não pode andar sobre o musgo. Essa vegetação demora a crescer, e mais ainda para se recuperar, até décadas. Lute contra seu desejo de saltar sobre os musgos.
- Costuma-se acreditar que na Islândia existe apenas duas estações no país: Inverno e Verão. Bem, em princípio, é verdade, o clima local é basicamente esse. O principal mal-entendido sobre a Islândia é o seguinte: todo mundo que vem visitar tem a impressão que aqui é sempre frio, chuvoso e nebuloso. Na verdade, vejo o sol na Islândia muito mais vezes do que na minha terra natal, São Petersburgo.
- Em meados de maio, já dá pra ir para à piscina com o tempo ensolarado e pegar um bronze e se divertir. A Islândia nublada e chuvosa fica ótima nas fotografias, mas no verão é maravilhosa e ensolarada.
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E aqui vai um segredinho: quase não tem turistas nos fiordes ocidentais, mesmo no verão. Os turistas são os próprios islandeses (e também nos fiordes orientais, porque lá geralmente é mais quente no verão). Os fiordes ocidentais são a minha parte favorita da Islândia, provavelmente também porque é o primeiro lugar que fui na Islândia há 4 anos.
- Grótta é o farol mais acessível em Reykjavík (ou melhor, em Seltjarnarnes, que por algum motivo não faz parte de Reykjavík, sendo um subúrbio separado). É aqui que multidões de turistas aproveitam as luzes da aurora boreal (quando realmente não querem sair da cidade).
- Meu conselho: se você está em Reykjavík e que aproveitar a aurora boreal sem centenas de pessoas ao redor e engarrafamentos — existe um campo de golfe que fica do lado oposto da península do farol. Lá é escuro suficiente para ver a aurora e não haverá tantas pessoas. E depois que você vê o espetáculo de luzes no céu, você não vai querer ficar nem 20 minutos em um lugar que não dê para sair e olhar o céu noturno.
- As piscinas termais são o grande amor e orgulho dos islandeses. Cada distrito de Reykjavík tem a sua própria piscina. A minha favorita é a de Vesturbæjarlaug. Tudo nela é perfeito: os banhos quentes, a massagem, e, claro, a própria piscina. A maior piscina de Reykjavík é a Laugardalslaug. Suas instalações incluem uma área de 50 metros, uma piscina infantil, 2 tobogãs e um banho quente com água do mar.
- A praia termal dentro dos limites da cidade merece ser mencionada separadamente. Lá você pode nadar no oceano e relaxar em uma fonte termal. Há também uma sauna e vestiários com chuveiro — os islandeses são muito cuidadosos neste assunto. Antes de entrar na piscina você deve tomar um banho e lavar todas as áreas que estão indicadas, e deve se secar antes de voltar para o vestiário.
- A frase “no fim de semana vamos para casa de campo” na Islândia é estranha e divertida. A casa de campo é realmente uma casa de campo, o banheiro é no mato e não tem água encanada. À noite, é necessário acender velas e levar um quebra-cabeças junto (porque se não você irá morrer de tédio, pois não tem Internet).
- Se em Reykjavík já é bastante silencioso (bem, muito mais silencioso do que em São Petersburgo), na casa de campo então é ensurdecedoramente bonito. Apenas, raramente, se ouve os carros passando bem distante, mas os cisnes nos lagos gritam muito. A propósito, as casas de campo na Islândia não são muito diferentes das casas da Rússia: têm as mesmíssimas coisas desnecessárias e acumuladas por todos os lados, mas com detalhes incríveis escondidos por todo lugar.
- Todos os anos, no dia 24 de outubro, as mulheres de Reykjavík largam seus empregos às 14:55 para participar de uma manifestação anual contra os salários desiguais entre mulheres e homens. Mesmo que a Islândia tenha um dos mais altos níveis de igualdade de gênero no mundo, as mulheres ainda ganham entre 15% a 20% menos que os homens.
Como você imaginava a Islândia? Suas ideias coincidiram com os fatos expostos nesse post? Conte para a gente na seção de comentários.