Heróis do Bem levam alegria e esperança para crianças em tratamento hospitalar e suas famílias
“O Instituto Heróis do Bem tem como foco principal levar magia, encantamento, alegria e esperança para crianças com câncer e deficiências, realizando o sonho dessas crianças de conhecerem os personagens dos filmes, promovendo uma saúde humanizada”.
Essa é a missão de um grupo de jovens de São Paulo que visita hospitais levando conforto a meninas e meninos que enfrentam momentos difíceis e precisam passar por procedimentos complicados. A ideia nasceu da história pessoal de Rogério Ferroni, que veste a máscara do Capitão América e, com seu time de voluntários, só em 2019 realizou mais de 100 ações humanitárias dentro e fora de hospitais.
Patrícia Leite, a Mulher-Maravilha, acompanhava o longo tratamento de sua filha quando conheceu o trabalho de Rogério e decidiu abraçar a causa, ajudando a fundar a organização Heróis do Bem. Hoje são 23 integrantes que vestem as roupas de heróis, princesas e até vilões dos desenhos — e fazem a festa para as crianças hospitalizadas.
O Incrível.club conversou com o pessoal dos Heróis do Bem e conta, neste post, algumas de suas conquistas e alegrias em quatro anos de trabalho voluntário. Conheça a iniciativa, saiba como colaborar e não perca o bônus no final!
A história de Rogério, o Capitão América
A história dos Heróis do Bem começou em 2015, em um momento muito triste da vida de Rogério Ferroni. Depois de sua mulher perder o segundo bebê, ele recebeu no hospital a notícia de que o casal não poderia ter mais filhos. Ela estava sedada e ainda não tinha consciência de sua condição.
Cabisbaixo, ele começou a perambular pelos corredores do hospital até que encontrou um menino no soro. Brincou com o garoto, dizendo que aquele era o soro do Capitão América, e que o medicamento iria transformá-lo num super-herói. Foi quando teve um estalo.
Rogério vendeu uma valiosa coleção de bicicletas antigas para investir tudo no sonho de levar alegria às crianças hospitalizadas com câncer ou com outras doenças de tratamento delicado. Foi para os Estados Unidos, comprou a melhor roupa de Capitão América que pôde encontrar e começou, por conta própria, a visitar a garotada.
Usando um triciclo motorizado como meio de transporte, Rogério virou o assunto do dia numa avenida movimentada de São Paulo. Indo em direção ao Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), chamou atenção de produtoras da rádio BandNews, que postaram no Instagram as fotos do Capitão América em seu caminho pela cidade.
A produção do programa de Sabrina Sato interessou-se pelo assunto, procurou Rogério e criou um grupo no Whatsapp com o nome de Heróis do Bem, envolvendo o Capitão América paulistano e as pessoas responsáveis pela reportagem.
“Nem sonhava em montar um grupo, mas gostei do nome, registrei-o e imediatamente recebi convites para visitar outros hospitais”, conta Rogério, que em poucos dias embarcava para Porto Alegre, a fim de visitar um menino cujo sonho era conhecer o Capitão América. Hoje os Heróis do Bem estão constituídos como uma organização sem fins lucrativos e Rogério é o presidente.
A história de Patrícia, a Mulher-Maravilha
A pequena Bibi, filha de Patrícia Leite, enfrentava o terceiro tratamento de câncer nos rins quando viu em seu iPad as fotos do Capitão América brincando com uma criança carequinha. “Mãe, quero muito que você traga esses heróis para o hospital”, disse a menina. Patrícia achou aquilo uma loucura, mas entrou em contato com Rogério Ferroni pelo Facebook.
“Essa visita fez um diferencial significativo no tratamento da Bibi e decidi me doar para o projeto, uma vez que eu já me doava 100% para a minha filha”, conta Patrícia, enfermeira especializada em cardiologia que abandonou a profissão para acompanhar as sessões diárias de hemodiálise de Bibi.
Patrícia transformou-se na Mulher-Maravilha e ajudou Rogério a formatar a organização não governamental Heróis do Bem, ocupando a vice-presidência. Bibi venceu o câncer, passou por um transplante de medula óssea, mas perdeu o rim doado pela própria mãe em um tratamento anterior e ainda depende da hemodiálise.
“Acredito que todo ser humano deve despertar para fazer o bem, seja levando um abraço ou um sorriso e apenas apertando a mão e olhando nos olhos e dizendo: “Você não está sozinho. O seu ’pouco’ pode ser ’tudo’ para alguém”, diz Patrícia.
20+ Voluntários transformam-se em seres com superpoderes para levar alegria e conforto às crianças hospitalizadas
“Nós não precisamos ter alguém na família com câncer ou adoecermos para aí sermos solidários. Basta ter noção de empatia”, continua Patrícia. Ela convida todos a encontrarem uma forma de levar conforto a quem precisa e garante que essa ação é enriquecedora.
“Quando a pessoa está no trabalho, na vidinha particular, no dia a dia, nas redes sociais, ela está fingindo ser alguém que não é. Agora, quando a pessoa está em um leito de hospital, com dor e com uma doença que ameaça a continuidade da vida, está ali vulnerável, fragilizada. Nesse momento, você é você... Então eu tenho acesso a seres humanos de verdade, e esses seres humanos são legítimos, belíssimos”, afirma.
Muitos jovens de São Paulo captaram a mensagem e hoje formam a equipe de 23 voluntários dos Heróis do Bem, transformando-se nos mais diversos personagens: Harry Potter, Aquaman, Bela, Cinderella, Branca de Neve, Pocahontas, Mulher-Gato, Batgirl, Robin, Super-Homem, Homem-Aranha e muitos mais.
Três fotógrafos profissionais também uniram-se ao time, registrando as visitas e ajudando a divulgar o trabalho dos Heróis do Bem nas redes sociais e nos meios de comunicação.
E você acha que os vilões também não podem fazer boas ações? Olha só o Coringa dando um abraço cheio de afeto em uma pequena paciente da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Humanização dentro e fora do hospital
As ações dos Heróis do Bem não estão restritas a visitas às crianças. Alguns hospitais já contataram a ONG para participar de campanhas de práticas hospitalares, mostrando a importância da higienização das mãos entre funcionários, visitantes e pacientes, e alertando para os cuidados de prevenção da sepse, infecção generalizada que acomete com frequência pessoas internadas.
“Gostamos de envolver todos nas nossas visitas, tratamos com a mesma alegria enfermeiros, médicos, diretores, o pessoal da limpeza e quem acompanha os pacientes”, diz Rogério, que vendeu sua loja de calçados para dedicar-se plenamente aos Heróis do Bem.
Fora dos hospitais, os heróis organizam caminhadas ou corridas com pessoas transplantadas, autistas e portadores da síndrome de down. Acima, um registro da Caminhada Doando a Vida, realizada em parceria com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
Parceiros do bem
Os Heróis do Bem contam com várias empresas ou instituições que também abraçam a causa da humanização e colaboram com o projeto. A Editora Panini e o Instituto Mauricio de Sousa, por exemplo, doam gibis que são distribuídos para as crianças nos hospitais.
Acontecem também ações conjuntas com outras ONGs, como foi o caso da entrega de bonequinhos do Projeto Bonecar para crianças albinas que fazem acompanhamento na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Na foto acima, uma visita ao lado de amigos muito especiais: os “voluntários” do Instituto Cão Terapeuta, que fazem intervenção animal assistida em hospitais e projetos educacionais.
Participe você também
Os Heróis do Bem fecharam 2019 contabilizando 105 ações de humanização. Mas, para o projeto andar, doações são sempre bem-vindas e necessárias. Você pode saber como colaborar visitando o site oficial da instituição: heroisdobem.org.br.
Outra forma bem gostosa de colaborar é pedindo o Combo Heróis do Bem na Le Burger Hamburgueria, em São Paulo. De cada venda, R$ 5,00 são doados à ONG.
Outras empresas têm ajudado com materiais e apoio. O Capitão América ganhou até um carro para transportar os voluntários em suas ações. Os heróis também animam festas e participam de eventos corporativos, para complementar a renda das doações. Mas Rogério Ferroni e Patrícia Leite esperam entrar em 2020 contando com o patrocínio de uma ou de mais empresas para garantir a longevidade do projeto.
Bônus: Quem disse que super-herói também não fica cansado? Mas basta a energia das crianças para recarregar as baterias desses seres do bem!
E o que você achou da iniciativa? Já conhecia algum projeto parecido na sua cidade ou na sua região? Comente com a gente e conte o que achou.