Estudo brasileiro mostra resultados do tratamento odontológico no combate aos transtornos alimentares
Existem diversos tipos de transtornos alimentares conhecidos, como a anorexia, bulimia ou a alotriofagia. Todos igualmente ruins, não é mesmo? São transtornos mentais de causa não clara, mas que, na maioria dos casos, podem ser tratados com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Mas quais tratamentos, além da psicoterapia, poderiam ajudar no tratamento desses transtornos?
Pensando nisso, nós do Incrível.club, trouxemos um estudo da Doutora Gisele Ebling Artes, a fim de conscientizar de que, além dos tratamentos padrões, existem métodos adicionais para ajudar tais pacientes.
O motivo do estudo
Como esses transtornos alimentares afetam tanto o estado físico quanto o psicológico, a saúde bucal também não fica de fora. E com isso em mente foi desenvolvido um estudo cujo objetivo era analisar a influência da reabilitação oral na qualidade de vida de pacientes com bulimia e anorexia nervosa purgativa.
A autora salienta que o tema recebeu atenção especial, pois não há dentistas nas equipes responsáveis pelo tratamento. Ela dizia que era necessário oferecer esse tipo de reabilitação, melhorando parte da dor e devolvendo a função e a estética aos pacientes, e analisar se isso ajudaria na qualidade de vida, influenciando positivamente no tratamento do transtorno.
A pesquisadora Rosane Gallo se juntou ao estudo para também analisar os impactos na musculatura e nas articulações da face. Descobriu-se que com os transtornos há o prejuízo quanto a qualidade bucal, assim como nas partes muscular e articular. E que, se a relação com o alimento já é difícil, dores nos dentes e nos músculos da mandíbula tornam as coisas ainda mais complicadas.
Como as condições dos pacientes afetam a qualidade bucal
A bulimia nervosa consiste em um quadro onde o paciente come quantidades excessivas de alimento em um curto espaço de tempo e então força o vômito.
Na anorexia nervosa purgativa a ingestão de alimentos é muito pequena, mas também é seguida de episódios de vômito.
O ácido produzido por esse vômito pode gerar cáries e também levar a perda do esmalte dos dentes, que é a parte mais mineralizada e é responsável pela proteção dos dentes, além de forçar a musculatura da mandíbula. Já não sendo ruim o suficiente, ainda pode ocorrer erosões e úlceras na mucosa, gengivite, infecções, lesões, alteração das glândulas salivares, entre outros.
Como o estudo foi realizado
Ambas pesquisadoras entraram em contato com mais de 170 pacientes, mas, tratando-se de um transtorno mental, a abordagem foi muito difícil. No fim elas conseguiram cerca de 20 pacientes para participar.
Foi oferecido um tratamento grátis na Universidade, focado no reparo dos danos bucais. Eles trataram as estruturas danificadas, recobrindo a dentina após a perda do esmalte e restaurando as cáries. A resina foi utilizada para os procedimentos, pois, ao contrário da porcelana, dispensa o uso de um laboratório. Além do custo reduzido, o que agilizou o processo. A Dra. Gisele garantiu que não há diferença entre o ácido da porcelana e o da resina, não diferindo a qualidade do tratamento e melhorando o custo/benefício do projeto.
Os resultados
Os resultados foram positivos. Quando finalizado, o tratamento mostrou uma queda de 40% nos pacientes que apresentavam um comportamento de vômito autoinduzido. Também houve uma redução significativa de pessoas com sensibilidade, de 80% para 50%, assim como uma diminuição na frequência de vômitos.
A Dra. Gisele também ressaltou que a conscientização quanto aos impactos do transtorno também se mostrou fundamental para a evolução dos quadros.
É claro que, de forma alguma, esse tratamento substitui a necessidade do acompanhamento de um psiquiatra e nutricionista, mas o intuito era auxiliar na melhoria, tanto na qualidade de vida quanto na diminuição da dor. Bom, e ter dentes bonitos também vem como um bônus.
Ter uma mente saudável é sempre o primeiro passo para ter um corpo saudável. E um resultado positivo, por menor que seja, pode ser a injeção de autoestima necessária para nos dar a força para nos mantermos firmes.
E você, concorda com a opinião acima? Compartilhe com a gente suas experiências.