Encontrei minha mãe biológica por três meses seguidos, mas ela não sabia quem eu era

Crianças
há 1 ano

Algumas situações da vida podem ser contornadas, mesmo que com alguma dificuldade. Outras, no entanto, são irreversíveis — e ter um filho é uma delas. Mesmo que a mãe biológica resolva não ficar com a criança e a entregue para adoção, o filho existe. Passados alguns anos, pode ser que ele resolva procurar por suas raízes. A trajetória dessa busca pode causar muito nervosismo, pois sempre será surpreendente, já que você nunca sabe o que vai descobrir no final.

Encontramos o desabafo de um internauta colocado para adoção que, anos depois, encontrou a mãe biológica e nos emocionou com o relato, que, nesse caso, teve um final feliz. Confira!

Tenho 24 anos e nasci quando minha mãe biológica tinha 14, por isso, fui entregue para adoção. Meus pais adotivos me contaram essa história quando eu ainda era criança. Ainda tenho a carta que minha mãe biológica escreveu para mim, explicando por que ela estava tomando aquela atitude e pedindo para minha família adotiva me entregar, no futuro, caso eles desejassem.

Foi uma loucura ler aquela carta e saber que, literalmente, foi escrita por uma criança! Ela dizia que sentia muito por não poder ser minha mãe, esperava que eu fosse feliz e estava disposta a manter contato, mas minha família e eu nos mudamos, por conta do trabalho do meu pai. Parecia impossível voltar a encontrá-la.

Mas, felizmente, eu a encontrei. Ela está trabalhando em um pequeno restaurante e passei a ir lá com frequência, sem ela saber minha verdadeira identidade. Nós conversamos, e ela pareceu ser uma moça muito simpática. Quando ela perguntava algo como: “Quer mais alguma coisa para beber, querido?”, ou usava outro termo assim, eu sentia vontade de contar tudo para ela. Mas isso me deixava nervoso.

Ela realmente parecia ser sincera. Quando não estava muito ocupada, ficava mais disposta a conversar sobre coisas aleatórias. Eu, literalmente, dirigia por duas horas para vir comer nesse restaurante, só para vê-la. E era como se ela já me conhecesse, pois passei a frequentar o lugar uma ou duas vezes por semana, durante três meses. Ela sempre dizia: “Olá”, com um grande sorriso no rosto.

Passaram-se uns dias até que criei coragem para contar a verdade. E, sim, foi bem pesado. Meu coração batia rápido. Passei um tempo tentando pensar em como contar. Muitas pessoas sugeriram que eu escrevesse uma carta, exatamente como ela escreveu para mim, anos atrás. Originalmente, esse era o plano, mas, quando chegou a hora, senti que eu precisava falar.

Fiquei no estacionamento, esperando que ela terminasse seu turno e que fechassem o restaurante. Nos cumprimentamos, então eu disse que havia algo sério que ela precisava saber. Primeiro, pedi desculpas por esconder isso dela por tanto tempo. Não houve reação até eu mostrar a carta que ela escreveu quando me entregou para adoção.

E, então, ela começou a chorar. Ela gritava e chorava ao mesmo tempo. Nem precisei terminar todo o discurso do: “Eu sou seu filho”, porque ela apenas viu a carta e soube. Foi uma loucura. Quando dei por mim, ela estava me abraçando, mas depois se afastou e perguntou se podia. Claro que sim! Ficamos ali, abraçados, chorando no estacionamento. Aquilo bateu forte nela. Suas pernas falharam por um segundo, então eu tive de segurá-la enquanto ela ainda me abraçava.

O que realmente me emocionou foi ela dizendo: “Olha como você cresceu”, e vê-la chorar me fez chorar também. Ela voltou para abrir o restaurante, sem aceitar “não” como resposta. Tomamos café, comemos uma fatia de torta e conversamos. Falamos de muitas coisas. Ela me disse que, na segunda vez em que vim ao restaurante, teve um pressentimento. Mas que era difícil acreditar que poderia ser eu, então ela precisou engolir aquele sentimento.

Ela contou que, alguns anos depois que nasci, via crianças da minha idade, se perguntava se alguma delas era eu e acabava chorando em público. Isso destruiu sua mente e a deixou deprimida, então ela não quis fazer o mesmo quando me viu no restaurante, porque preferia não alimentar esperanças.

Ela disse que eu pareço muito com meu pai biológico, quando ele era mais jovem. Nós conversamos sobre ele também. Eles dois mantiveram contato, para que fosse mais fácil um encontrar o outro caso eu procurasse por um dos dois. Eu não tinha esperança de encontrar meu pai biológico, já que ele nunca foi mencionado, então estou feliz que ambos planejaram esse cenário futuro.

Ela me contou sobre como eles queriam ficar comigo. Especialmente meu pai biológico, que não queria que eu fosse adotado. Mas ele sabia que precisavam fazer aquilo, pois eram duas crianças. Demorou muito para ele superar a adoção, segundo ela contou. É por isso que ele não me deixou nada.

Eles tinham fechado o restaurante às 23 horas, mas conversamos até quase 2h da manhã. Ela queria saber tudo sobre mim, mas o principal era se eu estava feliz, se meus pais tinham sido bons, se tive uma infância feliz. E eu tive! Agradeci a ela por ter me ajudado a ter a vida que eu tenho hoje. Nós dois choramos de novo, mas ela chorou mais. Tudo foi muito emocionante. Às vezes, ela parecia muito feliz, mas depois ficava triste de novo.

Ela disse que, depois do meu aniversário de 18 anos, esperava que eu fosse atrás dela, por isso resolveu ficar na mesma cidade. Como eu não apareci, ela sempre pensou que talvez eu tivesse rancor, não soubesse da adoção ou tivesse decidido não entrar em contato. Isso me fez sentir mal por não ter contado antes, mas ela disse que não era minha culpa, e que fiz o certo no meu próprio ritmo.

Honestamente, ela é tão doce! O jeito que ela ficava me olhando, com o maior sorriso, me emocionou. Me fez pensar em como alguém que foi um completo desconhecido durante toda a vida pode me olhar com tanto amor. É uma loucura. Aprendemos muito um sobre o outro. Ela perguntou se poderíamos jantar algum dia, para continuar conversando. E se, em algum momento, no futuro, eu estaria interessado em ir à casa dela para conhecer seu marido. Tudo pareceu uma ótima ideia, então trocamos os números de telefone.

Depois que saí, ela me mandou uma mensagem: “Obrigada por me dar o presente que eu não sabia se, algum dia, ganharia”. Minha namorada veio me encontrar e me abraçou enquanto eu chorava. Eu não estava triste, eram lágrimas de felicidade. Tudo correu melhor do que eu esperava. Ainda há coisas emocionalmente pesadas, mas, mesmo assim, estou feliz por termos nos conhecido e nos aberto um para o outro.

Você já teve algum reencontro inesperado com alguém especial? Se fosse com você, iria atrás da mãe biológica ou esqueceria o assunto? Deixe seu relato nos comentários.

Comentários

Receber notificações

As pessoas prejulgam sempre atacando quem deu seu filho a adoção e eu nunca entendi isso pois deve ser muito destruidor fazê- lo. Imagine a dor dessa pessoa, as dúvidas, a angústia e ansiedade constante que nunca termina. Lindo o desfecho desse caso. Por um mundo onde as pessoas enxerguem os corações uns dos outros. :)

-
-
Resposta

Artigos relacionados