E se houvesse um enorme desfiladeiro na linha do Equador?

A terra está magicamente se dividindo ao meio! A linha que conhecemos como equador não é mais imaginária. Acabou de se tornar um desfiladeiro muito real e grande, indo de um lado ao outro, e dividiu perfeitamente esta grande esfera azul em dois! Este cânion que agora faz parte da terra é mais profundo do que a Fossa das Marianas e, na verdade, poderia conter até duas delas, uma em cima da outra.

A Fossa das Marianas tem quase 11 quilômetros de profundidade e, até agora, é o local mais profundo conhecido — não apenas nos oceanos, mas, na verdade, em todo o planeta. Isto é, antes desse desfiladeiro aparecer. O cânion tem uma profundidade de 24 quilômetros — isso é muito profundo. É muito amplo também! Pode conter pelo menos três campos de futebol de um lado a outro. Isso deixa muito espaço para acontecerem coisas por lá.

Por exemplo, novas cidades podem ser construídas do zero. O único problema é que, quando o desfiladeiro apareceu, foi instantaneamente inundado, pois ele atravessa toda a linha do equador, passando também pelos oceanos. Foi inundado até cerca da metade, então ainda há algum espaço para construir coisas, embora muitas dessas construções possam ter que ser aquáticas. Ou mesmo híbridas.
Imagine um monte de casas em plataformas aquáticas. Elas são conectados às paredes para evitar que se movam com a maré. Do espaço, a Terra agora tem um buraco muito visível, inundado pela água do oceano que cobre todo o seu eixo.

A linha do equador passa por 14 países. Pelo Brasil, Equador, Colômbia e outros 11... você pode ver na tela. Isso significa que esse desfiladeiro afeta mais esses países, mudando muito sua paisagem. Metade das florestas tropicais está concentrada no equador. Agora elas também estão divididas ao meio.

As florestas tropicais contêm uma enorme biodiversidade e, quando a divisão aconteceu, diferentes espécies de plantas e até mesmo alguns insetos caíram no cânion. Se algumas dessas espécies forem resilientes o suficiente para sobreviver e evoluir, em alguns anos haverá novas plantas e insetos completamente desconhecidos, assim como insetos aquáticos!
Algumas árvores caíram lá também. Então, de vez em quando, se você chegar na beira do cânion, poderá ver um tronco exótico flutuando.

A América do Sul está dividida em duas. Não faz mais sentido que as Américas sejam consideradas um grande continente. Então, em vez disso, temos uma América até a linha do equador, e a América do Sul como um continente completamente separado. Muito parecido com a Austrália. O mesmo acontece com o continente africano. A divisão entre o Norte e o Sul da África é tão clara que são considerados dois continentes

Mas vamos voltar alguns milhares de anos: até a época em que o primeiro ser humano apareceu, que foi no continente africano. Se o cânion já existisse naquela época, nossos ancestrais não teriam chance de ir de um hemisfério ao outro. Isso significa que não poderíamos migrar a pé e nossa única chance de explorar outros continentes seria através dos mares. O que é exatamente o que aconteceu na história da humanidade, mas bem mais tarde. Então, estando presos em um continente, teríamos que evoluir o suficiente como espécie para sermos capazes de construir veleiros fortes para explorar o mundo, assim como os europeus fizeram. Provavelmente a evolução teria sido muito diferente. Devido à profundidade do cânion, veríamos os níveis de água diminuindo em todo o mundo. Os pequenos países localizados na orla de um continente, como Portugal, por exemplo, seriam beneficiados. Eles ganhariam uma porção considerável de território, porque têm muito litoral.

A linha do equador atravessa todos os oceanos, exceto um. O Oceano Ártico, pois ele fica ao norte do planeta.

Lembra do Titanic? Está afundado a cerca de 3700 quilômetros de profundidade. O nível da água cairia, mas não o suficiente para descobrir o velho navio. No entanto, assim, seria mais fácil de alcançá-lo. Com este novo Cânion, os continentes ficariam maiores, o que significa novas e um maior número de praias para todos nós. Os países teriam novos territórios, novas cidades poderiam surgir perto do mar e divisões naturais apareceriam em todos os lugares. Não apenas isso, mas se este desfiladeiro aparecesse antes, a história da Terra, provavelmente teria se desenrolado de maneira um pouco diferente.

A linha do equador já é uma atração em alguns lugares, como onde a linha passa pelo Equador. Isso significa que o cânion atrairia ainda mais pessoas, possivelmente competiria com os que já conhecemos, como o Grand Canyon.

A travessia de uma extremidade à outra exigiria a construção de enormes pontes. Você sabe... as pessoas não ficam presas em um hemisfério. Como este Cânion é bastante largo, ele também serve como um conector entre os continentes por onde passa. Tudo a bordo do expresso do equador! Bem... É um barco, não um trem, mas você entendeu. O desfiladeiro do equador agora também funciona como um caminho exclusivo que leva você literalmente ao redor do mundo.

Imagine um carro híbrido que pudesse passar por terra e água, com uma velocidade de 100 quilômetros por hora, você levaria cerca de 17 dias inteiros para passar por toda a linha do equador. Hoje, o navio de passageiros mais rápido que existe chega a 108 quilômetros por hora. Isso significa que a viagem em um navio dentro deste desfiladeiro seria aproximadamente igual a dirigir em uma rodovia no equador.

A gravidade é um pouco mais fraca na linha do equador devido às forças centrífugas produzidas pela rotação do planeta. Por causa disso, o navio pode navegar ainda mais rápido!

Vamos pular alguns anos, quando todos já estão acostumados com este novo desfiladeiro. Novos navios de passageiros foram desenvolvidos especificamente para transportar pessoas no equador. Estações, para embarcar nestes navios, já existem em muitos lugares. Basta comprar a passagem com antecedência, estar presente no momento do embarque e aproveitar o passeio. Durante o passeio, você verá algumas coisas incomuns. Como casas e lojas grudadas nas paredes. A maneira como as pessoas circulam por essas pontes de madeira conectadas por fios. As pessoas que você vê aqui são as primeiras a explorar todas as novidades que o cânion tem a oferecer. Os exploradores do desfiladeiro, se você preferir.

Eles se acostumaram com a vida ali e decidiram ficar. Não posso culpá-los. Existe até uma comunidade inteira de pessoas que vivem no cânion. São 12 horas de sol, é quente e tem muita água. O que mais você poderia querer?
Costuma ser muito calmo no cânion, então há pouca chance de algo acontecer a essas estruturas. Os níveis da água não aumentam há anos. Cada vez mais pontes são construídas também, para que as pessoas possam cruzar de um hemisfério para o outro sem esforço. A maioria delas é feita de vidro. Não é aconselhável olhar para baixo se você tem medo de altura, mas recomendamos que olhe, se você gosta de vistas deslumbrantes. As paredes onde a água não alcança são semelhantes às do Grand Canyon, secas e de cor acastanhada.

Como o cânion tem uma profundidade enorme, em alguns lugares foi encontrado magma, e quando você mistura magma e água, ilhas são criadas. Embora elas sejam bem pequenas, foram transformadas em resorts onde as pessoas vão para relaxar e se esconder um pouco do mundo. Normalmente, há apenas algumas casas por resort, então sua paz está garantida.

De volta à viagem ao redor da linha do equador, é possível observar novas espécies de peixes. Alguns dos que normalmente se escondiam onde a luz não brilha ficaram presos no cânion e foram forçados a subir conforme ele mudava, ao longo dos anos. Eles evoluíram para sobreviver em lugares com luz, mas como se pode ver, eles mantêm seu aspecto primitivo. Este ainda tem uma lanterna na cabeça!

Alguns dos troncos exóticos que flutuavam encontraram seu caminho para as ilhas, deixando cair nutrientes e sementes, que, com o passar dos anos, resultaram em pequenas florestas tropicais. Exuberantes, verdes e diversificadas! E isso, por sua vez, atraiu vários animais. Principalmente insetos. Este Cânion tornou a linha do equador real e palpável, mudando a paisagem da Terra para sempre.