Do improvável ao revolucionário: 11 invenções fruto do acaso
Geralmente, grandes descobertas e invenções são resultado de anos de trabalho árduo e dedicação. No entanto, algumas delas surgiram de forma completamente inesperada. Um exemplo clássico é a penicilina, que muitos, certamente, já conhecem, resultado inusitado de um experimento. Mas hoje, queremos explorar como outras coisas e utensílios, tão familiares no nosso dia a dia, nasceram por pura casualidade.
Macarrão instantâneo
Na década de 1960, o Japão enfrentava uma grave escassez de alimentos. Foi então que o empresário Momofuku Ando, ao observar as longas filas para comprar lamen fresco, teve a ideia de criar uma versão de macarrão que pudesse ser preparada em casa em apenas dois minutos, usando apenas água quente. Durante um ano, ele trabalhou sem sucesso no seu galpão até que, certo dia, viu sua esposa preparando tempurá [prato japonês feito com frutos do mar ou vegetais fritos em uma massa — nota Incrível]. Naquele momento, Ando teve a inspiração que precisava: se o óleo quente da fritura remove a umidade da massa do tempurá, o mesmo princípio poderia ser aplicado à massa do lamen. A desidratação permitiria que o macarrão tivesse uma longa vida útil.
A primeira versão do macarrão instantâneo foi lançada como um item de luxo, custando seis vezes mais que o lamen comum. Contudo, com o tempo e algumas melhorias, os custos foram reduzidos, e o prato conquistou o mundo, tornando-se um dos alimentos mais populares globalmente.
Borracha
As primeiras borrachas podiam ser comidas, pois — curiosamente — eram feitas de migalhas de pão. Antes das versões modernas, era comum usar farelos de pão para apagar as marcas de lápis. No entanto, em 1770, o oftalmologista Edward Nairne por acaso pegou um pedaço de borracha em vez de pão e percebeu que ela apagava perfeitamente as linhas do papel. Nairne, então, começou a fabricar e vender borrachas feitas de borracha natural, que, na época, tinham um preço consideravelmente alto.
Chips de batata frita
Os chips de batata frita também foram inventados por acidente. Uma das versões da história conta que um cliente influente reclamou que as batatas fritas servidas estavam grossas demais e pediu que fossem cortadas mais finas. O chef, irritado, decidiu provocá-lo e cortou as batatas em fatias extra finas, quase como papel, fritando-as até ficarem crocantes. E para sua surpresa, o cliente adorou, e o alimento se tornou um sucesso.
Segundo outra versão, a irmã do chef estava descascando batatas e acidentalmente deixou cair uma fatia fina em uma panela com óleo fervendo. E foi assim que ela teve a ideia de fazer os chips.
Microondas
Na década de 1940, o engenheiro Percy Spencer estava trabalhando com magnétrons ressonantes compactos, utilizados para detecção de objetos, quando notou algo curioso: uma barra de chocolate que estava em seu bolso havia derretido. Isso lhe deu a ideia de que as ondas poderiam ser usadas para aquecer alimentos. Decidido a explorar sua teoria, Spencer começou a direcionar a energia do magnétron para outros alimentos, como ovos e pipoca. Posteriormente, ele colocou o magnétron dentro de uma caixa de metal com uma porta, criando o primeiro protótipo do forno de micro-ondas — que, naquela época, era um equipamento enorme.
Alfinete de segurança
Em 1849, Walter Hunt, um mecânico, estava sentado em sua oficina pensando em como pagar a seu amigo os US$ 15 que ele havia lhe emprestado. Enquanto refletia, distraidamente, enrolava e desenrolava pedaços de arame. E então notou que o fio dobrado, entrelaçado sobre si mesmo, mantinha flexibilidade suficiente para ser dobrado e desdobrado repetidamente. Essa descoberta o levou à ideia de criar o alfinete de segurança. Hunt rapidamente esboçou alguns desenhos e, em seguida, vendeu a patente por US$ 400 — um valor bem acima do que ele precisava para quitar sua dívida.
Lavagem a seco
Durante séculos, as roupas foram lavadas para remover as manchas e a sujeira. Até que, em 1825, um empregado da casa de Jean-Baptiste Jolly derrubou acidentalmente o combustível de um abajur em uma toalha de mesa suja. Quando o líquido secou, as manchas desapareceram. Acredita-se que a lâmpada continha canfeno, do qual a terebintina é um dos principais ingredientes.
Esse acaso levou à ideia revolucionária de limpar tecidos sem lavá-los. O uso de líquidos orgânicos voláteis para a limpeza passou a ser chamado de “limpeza francesa” na Escócia e “limpeza a seco” na Alemanha.
Café
Segundo a lenda mais popular, por volta de 850 d.C., nas montanhas do Iêmen, um pastor chamado Kaldi notou que suas cabras estavam comendo os frutos de uma árvore desconhecida, semelhantes a cerejas. Após consumirem as frutas, os animais ficaram notavelmente mais enérgicos. Movido pela curiosidade, Kaldi experimentou um dos frutos e sentiu um aumento de energia. Ao encontrar um monge, Kaldi compartilhou sua descoberta. O monge, intrigado, colheu as frutas e as levou para o mosteiro, onde os outros monges passaram a utilizá-las para combater o sono durante orações e estudos.
Curiosamente, o café inicialmente era consumido como alimento: os grãos eram misturados com gordura animal para aumentar a disposição. Somente no século XI alguém teve a ideia de transformar os grãos em uma bebida, dando origem ao café como o conhecemos hoje.
Vaselina
Robert Chesebrough, um químico de 22 anos, certa vez decidiu visitar uma pequena cidade onde petróleo havia sido recentemente descoberto, em busca de novas formas de utilizá-lo. Durante a viagem, notou que o processo de perfuração produzia um subproduto curioso. Mais intrigante ainda era o fato de que os trabalhadores aplicavam esse material na pele para acelerar a cicatrização de cortes e queimaduras leves.
Em 1870, Chesebrough fundou uma fábrica dedicada à purificação e produção desse produto, que inicialmente chamou de “Gel Milagroso”. Dois anos depois, deu ao cosmético o nome que todos conhecemos hoje, combinando o termo alemão para “água” (wasser) com a palavra grega para “óleo” (oleon): Vaselina.
Fecho de velcro
Imagine estar passeando pelo bosque com seu cachorro e, de repente, ter uma ideia para uma invenção revolucionária. Foi exatamente o que aconteceu com George de Mestral. Durante a caminhada, ele notou que tanto ele quanto o cão ficaram cobertos de sementes de carrapicho. Qualquer outra pessoa em seu lugar não teria prestado muita atenção a um fato tão insignificante, mas George se perguntou por que a planta se prendia com tanta força às roupas e cabelos. Observando as sementes no microscópio, o inventor descobriu que elas eram cobertas por minúsculos ganchos que se agarravam a qualquer superfície com textura que se assemelhasse a alças. Inspirado por esse mecanismo natural, ele criou o fecho de velcro: uma das partes coberta por pequenos ganchos de nylon e a outra composta por pequenas alças, formando um sistema de fixação simples e prático que revolucionou o design de roupas e acessórios.
Massa de modelar
A Kutol Products, fundada em 1912, prosperou por anos vendendo uma massa para limpar fuligem de papel de parede. No entanto, na década de 1950, com a transição gradual do aquecimento a carvão para o uso do gás ou eletricidade para calefação das casas, o produto perdeu sua utilidade e o futuro da empresa parecia incerto.
Foi então que Kay Zufall, nora do fundador da empresa e professora infantil, deparou-se com um artigo mencionando que a massa de limpar papel de parede podia ser usada para modelagem. Inspirada, ofereceu o produto às crianças da sua turma, que adoraram a ideia. Assim, o que antes era uma ferramenta de limpeza ganhou uma nova vida como brinquedo. Com algumas adaptações, a massa foi transformada no Play-Doh, um dos tipos mais famosos de massinha de modelar.
Efeitos especiais no cinema
Uma cena do filme de Georges Méliès O Desaparecimento de uma Dama no Teatro Robert Houdin
O cineasta e mágico Georges Méliès estava filmando o trânsito de Paris quando sua câmera travou e só voltou a funcionar quando ele já estava em outro local. Inicialmente, ele não deu importância ao incidente, mas ao rever o material filmado à noite, percebeu algo curioso: na película, um ônibus de passageiros parecia se transformar em um carro funerário. Foi então que Méliès entendeu que, ao simplesmente parar a câmera e mudar o cenário, ele podia criar ilusões semelhantes às que fazia no palco como mágico. Esse momento marcou o nascimento do primeiro filme com efeitos especiais: O Desaparecimento de uma Dama no Teatro Robert Houdin (1896), no qual sua futura esposa aparece sentada em uma cadeira, desaparece e é substituída por um esqueleto.
Posteriormente, Georges Méliès desenvolveu muitos outros efeitos especiais para o cinema, alguns dos quais ainda são utilizados até hoje.
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