De acordo com pesquisas, um chip implantado no cérebro é a nova esperança para conter a gula e fazer as pessoas emagrecerem
Pequenos chips implantados no cérebro podem ser a esperança para pessoas que sofrem com a compulsão alimentar e com a obesidade mórbida. A nova tecnologia já está sendo testada em humanos e há chances de a experiência ser bem-sucedida.
Mas como um chip eletrônico pode ajudar a saciar a vontade de comer uma caixa de bombons?
O Incrível.club conta como o estudo está sendo desenvolvido e como esse novo dispositivo pode auxiliar pessoas a controlar a obsessão por comida, atuando na área do cérebro responsável pela sensação de prazer. No final, um bônus que explica por que essa mesma sensação de satisfação salvou a humanidade da extinção.
Como funciona a compulsão por alimentos
Sabe aquela vontade de “comer o mundo” que às vezes temos quando estamos nervosos ou ansiosos? É colocar um pacotinho de salgado ou um bolo de fubá na nossa frente para sermos capazes de devorar tudo muito rapidamente, sem nos darmos conta.
Nas pessoas compulsivas por alimentos, esse padrão se repete com maior frequência e não acontece apenas naquela festa em que a coxinha estava mesmo uma delícia e foi difícil manter o controle. Os compulsivos têm esse tipo de episódio periodicamente, de uma a duas vezes por semana (às vezes até mais) ao longo de meses. Quem está capacitado para diagnosticar a compulsão é sempre um especialista, como o psiquiatra ou o endocrinologista.
O tratamento para a compulsão pode envolver acompanhamento psicológico e um trabalho de reeducação alimentar, que estabelece horários para as refeições e os alimentos adequados para cada hora do dia. Já há um remédio indicado para casos de compulsão, mas agora um chip eletrônico pode revolucionar a relação que temos com a comida.
É possível estimular a região do cérebro responsável pelo prazer e diminuir a compulsão por comida
O ato de comer está diretamente relacionado ao prazer. Há uma região no nosso cérebro e no cérebro de outros animais, o nucleus accumbens, responsável pela sensação de satisfação proporcionada pelos alimentos e por outras atividades capazes de nos deixar felizes.
Um estudo da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA), analisou a atividade elétrica do nucleus accumbens em ratos e em um ser humano com um sério quadro de transtorno obsessivo-compulsivo. Todos eles esperavam ansiosamente por uma satisfação poderosa — comida altamente gordurosa, no caso dos ratinhos, e recompensa financeira, no caso do humano.
Os cientistas perceberam que o momento de espera pela recompensa (um pouco antes de acontecer um ataque de gula) era marcado por uma atividade mais forte de ondas delta no nucleus accumbens. O chip implantado nos ratos disparava sinais elétricos que estimulavam aquela área do cérebro e aplacavam a voracidade dos animais. Mesmo altamente viciados em alimentos gordurosos e calóricos, os bichinhos passavam a comer quantidades sensivelmente menores depois de ter o cérebro estimulado pelo chip.
Como o chip pode ajudar as pessoas compulsivas
O chip usado na pesquisa californiana chama-se RNS (responsive neurostimulation system) e já é adotado na prevenção de eventos de epilepsia. O dispositivo reconhece as ondas cerebrais que precedem uma convulsão e consegue impedi-la, enviando pequenos choques elétricos à região afetada. A partir dessa tecnologia, os estudiosos decidiram investigar se ele também era capaz de aplacar a compulsão alimentar.
Convencidos de que o chip pode influenciar no mecanismo que leva aos ataques compulsivos de gula, os cientistas já estão prontos para monitorar um grupo de pessoas com obesidade mórbida que não conseguiram superar o problema com outras terapias, como a cirurgia bariátrica. Elas terão o chip implantado por 18 meses e serão submetidas a vários testes, inclusive para saber se há diferenças entre a resposta do cérebro para comidas saudáveis e para comidas gordurosas e doces.
Um dos perigos da técnica, segundo os estudiosos de Stanford, seria a supressão dos sentimentos de prazer, o que poderia levar a quadros de depressão e falta de interesse pela vida. Caso seja um sucesso, a experiência traz grande esperança a quem passa a vida lutando contra a obesidade e a compulsão alimentar.
Bônus: Sem a sensação de prazer e recompensa, a raça humana poderia ter sido extinta
Representação do Homem de Neandertal no Museu da República Sérvia em Banja Luka, Bósnia e Herzegovina
O prazer teve uma função primordial na sobrevivência dos nossos ancestrais durante a evolução da espécie. A identificação dessa sensação por parte do cérebro fez com que nossos antepassados repetissem, até ficarem saciados, atividades que os mantiveram vivos. Por exemplo: comer o máximo de comidas calóricas para suportar os períodos de escassez, dormir bem, aprender habilidades, conseguir apoio social e fazer sexo, perpetuando a espécie.
Acontece que o nucleus accumbens também é estimulado por atividades prazerosas que não estão ligadas diretamente à sobrevivência e podem se tornar compulsivas, como jogos e drogas. Ou outro tipo menos nocivo de recompensa, como ouvir música, assistir a filmes e dançar. Hoje a comida também entra na categoria de compulsão, uma vez que o ser humano moderno não precisa mais caçar para sobreviver — temos tudo à disposição nos supermercados.
E você? Acha que essa novidade da ciência vai conseguir ajudar as pessoas que sofrem com a obesidade? Qual é a sua opinião sobre isso? Comente com a gente e não se esqueça de compartilhar com todos os seus amigos. ?