Como sobreviver a quedas das mais diversas alturas

Dicas
há 3 anos

Qual a altura máxima da qual uma pessoa pode cair e sair com vida? Sabemos que, dependendo das condições, até mesmo um tropeço pode ser fatal. Mas a história da comissária de bordo sérvia Vesna Vulović, que caiu de um avião em pleno voo a 10 mil metros de altitude e sobreviveu, é algo realmente impressionante e sem precedentes. Sim, ela saiu gravemente ferida, mas sobreviveu e, inclusive, voltou a trabalhar.

O Incrível.club pesquisou junto a dublês, físicos e outros especialistas quais as melhores formas de escapar de uma queda. Acompanhe conosco.

Queda de janela

  • A dica é óbvia: durante a queda, procure se agarrar no que for possível. Isso ajudará a diminuir a velocidade da queda. Se, em seu caminho, houver um toldo ou uma cobertura de policarbonato (plástico) ou mesmo de vidro, não pense duas vezes e tente usar esses obstáculos como anteparos para reduzir a velocidade da queda. Talvez você se machuque, mas, se não fizer isso, pode morrer. O que prefere?
  • Esta outra dica pode soar como uma piada, mas é importante saber: procure não tensionar os músculos, mantendo-se relaxado. As estatísticas mostram que pessoas embriagadas e crianças pequenas – que não têm tanta noção do perigo e, portanto, estão propensas a ficar mais relaxadas – tendem a ter mais chances de sobrevivência. No caso das crianças, há outro ponto a favor: os ossos geralmente ainda não estão bem formados, então têm maior possibilidade de não se quebrar. Mas isso, claro, não é motivo para descuidar. Se você vive em apartamento e tem crianças ou animais domésticos, tome todas as precauções devidas.
  • Procure dobrar os joelhos e juntar as pernas para que, no impacto, os pés toquem o solo juntos e seu corpo funcione como uma espécie de mola, amortecendo minimamente a pancada. É importante saber que, mesmo com esse tipo de manobra, você quebrará as pernas, mas esse é um mal menor.
  • Enquanto estiver caindo, tente proteger a cabeça com as mãos. No momento em que seus pés tocarem o solo, com o impacto é possível que haja um efeito rebote, fazendo com que sua cabeça bata no chão. Nessa situação, suas mãos poderão representar alguma proteção.
  • Se, depois disso, você sobreviveu, acredite: a sorte está ao seu lado – ou, pelo menos, esteve nesse caso. Agora, independentemente de seu estado, procure não se movimentar e esperar ajuda. Não custa lembrar os números do Samu (192), Bombeiros (193) e, em Portugal, Número Nacional de Emergência (112). O ideal é que o primeiro atendimento seja feito por um profissional especializado em resgate. Mas, diante de um prédio em chamas ou de risco de explosão, qualquer ajuda para sair da zona de risco é importante.

Queda de avião

Uma queda de 10.000 metros (a altitude em que voam os jatos comerciais) leva de 3 a 6 minutos, a uma velocidade de 190 quilômetros por hora. Nessas condições, as chances de sobreviver são bem próximas de zero, mas, como já mencionamos, há um precedente. Então, por que não tentar?

  • Primeiro, tenha em mente que a parte do avião em que há maior chance de sobreviver em caso de acidente é a traseira.
  • No caso terrível de você estar num avião e este explodir ou ser derrubado, primeiro, é provável que ouça um ruído ensurdecedor; em seguida, um frio insuportável (afinal, estará a uma altitude maior que a do Monte Everest) e, por fim, começará a cair. Haverá pouquíssimo oxigênio e, justamente por isso, você provavelmente perderá a consciência que deverá voltar quando a queda estiver no final, em altitudes mais baixas.
  • Procure sentar-se em seu assento, montando nele como se fosse um cavalo (ou tente fazer o mesmo em algum destroço do avião). É uma das poucas possibilidades de sobreviver e é o que relata ter feito a russa Larissa Savitskaya, que sobreviveu a uma queda de 5.200 metros.
As asas, o teto e o tanque de combustível do Antonov An-24 em que estávamos foram arrancados quando colidimos com outro avião. Eu estava dormindo. Lembro de sentir um golpe terrível e uma sensação de queimadura. A temperatura despencou bruscamente de 25 graus para 30 abaixo de zero. Gritos e chiados infernais invadiram o ar. Eu estava na parte traseira da aeronave e fui arremessada para o corredor. E me lembrei na hora de um filme italiano I miracoli accadono ancora (sem tradução em português), uma história em que a protagonista sobrevive a um acidente de avião agarrando seu assento. Não me lembro como, consegui chegar até ele. Não esperava sobreviver, apenas ter uma morte sem dor. Vi um clarão verde e, em seguida, senti um golpe. Havia caído em um bosque de bétulas e a sorte havia sorrido para mim.

As estatísticas mostram que o número de sobreviventes que não se agarram a nada nas quedas é duas vezes menor (13 pessoas ao todo) do que o total de sobreviventes que se agarraram a algum destroço. Uma dessas pessoas é piloto militar Alan Magee, que caiu de uma altitude de 6.000 metros e saiu com vida após romper o teto de uma estação com os pés. Se, por uma infelicidade extrema, esse for o caso caso, tenha em mente a seguinte dica:

  • Adote a postura dos paraquedistas, extendendo os braços e as pernas enquanto cai. Isso diminuirá a velocidade da queda.

  • Procure, de alguma maneira, controlar a queda. Para ir para a direita, por exemplo, abaixe o ombro direito e incline o corpo para a direita.
  • Se, seguindo a dica anterior, você conseguiu ter algum controle do voo, aqui vai a dica seguinte: evite pousar sobre um rio ou lago, mesmo que tenha prática em saltos. A essa altura, a superfície da água é tão dura quanto concreto. Melhor é buscar uma área de vegetação, com árvores ou arbustos – ainda que haja o risco de um galho atravessar seu corpo. Melhor ainda é cair sobre palha ou, em lugares mais frios, neve.
  • Após a queda de uma altitude tão elevada, começa a parte seguinte e tão difícil quanto. Dependendo do local onde você caiu (especialmente, se foi de avião), terá de buscar ajuda em lugares distantes. A peruana Juliane Kopcke sobreviveu a uma queda de avião a 3.000 metros num voo sobre a Amazônia peruana – a queda for amortecida pelas árvores. Numa das mais espetaculares histórias de sobrevivência de que se tem notícia, ela seguiu o curso de um riacho, mesmo com a clavícula quebrada, e nove dias depois conseguiu encontrar ajuda.

É evidente que, nos casos como os descritos, por mais que você domine algumas técnicas e saiba o que está fazendo, o fator sorte é o mais crucial. De qualquer forma, é bom ter em mente estas dicas. No mínimo, suas chances de sobreviver aumentarão.

Ilustradora Natalia Kulakova exclusivo para Incrível.club

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