Saiba identificar sinais da esquizofrenia e como lidar com ela
A esquizofrenia é um dos distúrbios psiquiátricos mais controvertidos. Seus sintomas são tão variados que os especialistas têm dificuldade em entender se trata-se de um único problema ou da combinação de diferentes síndromes. Muitos leigos confundem o Transtorno Dissociativo de Identidade (como o que acometia o criminoso Billy Milligan, por exemplo) com esquizofrenia, mas os problemas são totalmente diferentes. Embora apenas quatro a seis de cada mil pessoas corram o risco de desenvolver o problema, seus sintomas podem surgir de repente. Por isso, todos devemos conhecer os indícios desse problema.
O Incrível.club conhece a importância de se ter consciência sobre esse tipo de problema de saúde para que a busca pelo tratamento ocorra o mais rapidamente possível, se for o caso. Seja para nós mesmos ou para algum ente querido.
Qual a causa da esquizofrenia?
Até pouco tempo atrás, as causas da esquizofrenia eram um mistério completo para os estudiosos, mas o desenvolvimento da neurociência permitiu que um pouco de luz fosse jogado sobre o assunto. De acordo com algumas pesquisas, o principal fato é a predisposição genética. Entretanto, as condições sob as quais a pessoa viveu seus primeiros anos de vida também têm grande importância. Por exemplo, abusos mentais ou físicos, quando sofrido durante a infância, aumentam o risco do desenvolvimento de esquizofrenia.
Outros fatores de risco são nível social baixo, pobreza, perseguições por motivos raciais ou outros preconceitos, desemprego e solidão. Além disso, alguns especialistas consideram que as doenças virais contraídas pela mãe durante a gravidez, assim como a falta de vitaminas, também podem abrir caminho para o problema.
Quem tem mais tendência de sofrer com esquizofrenia?
A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial, ou seja, aproximadamente 75 milhões de pessoas. Os números revelam ainda que o distúrbio surge em 10% dos indivíduos cujos familiares também foram diagnosticados com o mesmo problema.
Tanto homens quanto mulheres podem ser afetados pela esquizofrenia, e na maioria das vezes os sintomas surgem cedo. Homens tendem a adoecer entre os 20 e os 28 anos, enquanto as mulheres, entre os 26 e os 32. Além disso, costuma acometer as pessoas que moram em áreas urbanas, enquanto é praticamente inexistente em municípios menores e áreas rurais.
Nas pessoas esquizofrênicas, o risco de morrer cedo é entre 2 a 2,5 vezes maior do que em indivíduos saudáveis, já que o distúrbio costuma vir acompanhado por transtornos do sistema cardiovascular. Pesquisadores sabem que portadores de esquizofrenia costumam ser fumantes, o que compromete ainda mais a expectativa de vida.
Sintomas positivos da esquizofrenia
Os sintomas positivos se manifestam de maneira tão incomum e estranha em comparação com o comportamento de pessoas saudáveis que mesmo quem não é especialista consegue percebê-los.
- Alucinações. Geralmente são auditivas, e podem se manifestar na forma de uma voz que comenta sobre as ações do paciente ou então dá ordens a ele. Em alguns casos, são ouvidas duas vozes que conversam entre si (geralmente sobre o paciente). Há relatos também de alucinações visuais, olfativas e até táteis: a pessoa sente como se tivesse sido tocada.
- Delírio. Uma pessoa com esquizofrenia pode acreditar que está sendo perseguida por seres ou organizações que controlam sua vida por ondas de rádio. Podem ocorrer também alguns delírios de grandeza: o paciente passa a ter certeza de que é algum personagem histórico famoso, vivo ou morto.
- Despersonalização. O esquizofrênico começa a sentir a si mesmo como se estivesse observando-se de fora, perdendo a capacidade de controlar o próprio corpo e suas emoções. Por exemplo, pode não reconhecer a própria voz ou o próprio reflexo no espelho.
- Desrealização. O sintoma costuma vir junto com a despersonalização. Quando a pessoa está nesse estado, o mundo a sua volta parece irreal ou distante, e o paciente pode se encontrar num permanente quadro de déjà vu ou jamais vu (lugares e situações familiares parecem ser vistos pela primeira vez).
- Desorganização da fala e do pensamento. Esse sintoma se caracteriza por um discurso abrupto e imagens incoerentes, que mudam rapidamente. Às vezes, a pessoa fica em silêncio de repente, como se tivesse se perdido em meio aos próprios pensamentos.
Sintomas negativos da esquizofrenia
Para as pessoas que não são da área da psiquiatria, é bem difícil identificar os sintomas negativos desse distúrbio, já que eles podem ser interpretados como traços da personalidade do indivíduo. Esses sinais podem surgir como resultado dos sinais positivos ou de alguma medicação.
- Interrupção do pensamento abstrato. Se expressa na incapacidade de pensar figurativamente. Se você, por exemplo, pedir que a pessoa explique o significado de uma metáfora, ela interpretará literalmente.
- Falta de desejos e aspirações. Os pacientes que apresentam esse sintoma podem não apenas se recusar a fazer algo (ir ao trabalho ou ler, por exemplo), mas também podem deixar de cuidar de si mesmas e da própria higiene.
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Apatia. A pessoa fica indiferente a tudo o que ocorre so seu redor, nada causa emoções negativas nem positivas. Esse sintoma também é caracterizado pela falta de expressões faciais e gestuais. Entretanto, a ausência de demonstração de sentimentos não quer dizer necessariamente que o paciente não sinta emoções. Muito pelo contrário: às vezes, essas sensações são mais intensas do que nas pessoas saudáveis.
- Autismo. O paciente com esse sintoma perde o interesse pelo mundo exterior e acaba fechando-se em si mesmo. O contato com outras pessoas fica comprometido, e pode até ser totalmente interrompido. Além disso, a pessoa pode demonstrar hostilidade. Contudo, raramente os esquizofrênicos protagonizam episódios de violência: em outras palavras, se a pessoa não cometeu atos violentos antes do problema, dificilmente se tornará violenta à medida em que houver um agravamento do quadro.
Quando é preciso começar a se preocupar?
Acredita-se que um dos primeiros sinais do desenvolvimento do distúrbio seja o comprometimento dos hábitos de higiene. A pessoa que escovava os dentes várias vezes ao dia, por exemplo, passa a fazer isso uma só vez. Com o tempo, o hábito pode ser abandonado de vez. Além disso, o tempo para realizar uma ação aumenta consideravelmente: se no começo, a pessoa levava de 10 a 20 minutos tomando banho, o agravamento do quadro pode fazer com que um único banho demore horas para ser concluído.
O paciente pode também passar a demonstrar emoções inapropriadas para um determinado momento: por exemplo, chorar durante acontecimentos alegres ou rir numa situação trágica. Às vezes, nas etapas iniciais, as emoções podem desaparecer por completo. Há pacientes que assistem calmamente a cenas de torturas de pessoas ou animais.
Em alguns casos, o começo da enfermidade vem acompanhado por uma mudança brusca de hábitos. Uma pessoa que saía muito e conhecia gente nova o tempo todo pode virar alguém que não sai de casa e não conversa com ninguém. Há registros de pessoas que viraram religiosas ou passaram a se dedicar ao misticismo, quando antes sempre tinham se identificado como ateias.
Mudanças repentinas de humor também são motivos de alerta. Assim como alterações nas expressões faciais: em quase todos os pacientes nas etapas iniciais da esquizofrenia, surgem no rosto contrações involuntárias e, em alguns casos, o piscar de olhos fica mais lento.
Como ajudar um paciente esquizofrênico?
Embora o conhecimento sobre as causas da esquizofrenia tenham avançado muito, o tratamento desse problema tem como objetivo eliminar os sintomas que impedem o paciente de levar uma vida normal. Para tanto, são usados remédios chamados antipsicóticos.
Infelizmente, ainda não existe uma cura total. Por isso, a esquizofrenia é considerada um distúrbio crônico, que requer acompanhamento pelo resto da vida da pessoa. E os parentes do indivíduo podem e devem ajudar nesses cuidados.
Aqueles que cuidam de pacientes com esquizofrenia devem monitorar a ingestão dos medicamentos, já que sem eles, os sintomas podem se desenvolver muito rapidamente. Também é importante que o paciente frequente grupos de apoio.
Mas o que fazer quando o paciente começa a delirar ou a ter alucinações? Não devemos tentar convencê-lo de que aquilo que ele vê ou escuta é irreal, mas também não podemos concordar com ele. É melhor que a pessoa saudável diga que tem uma opinião diferente, entrando em contato com o médico imediatamente. É fundamental lembrar que tratar bem, ter paciência e compreensão são muito importantes ao lidar com um paciente com esquizofrenia.