Como pessoas sem impressões digitais vivem e viajam
Por que os flamingos se apoiam em uma perna só? E por que os escorpiões são fluorescentes? Porque eles gostam! Bem, na verdade é mais complexo que isso.
Hoje vamos fazer um tour para explorar alguns fatos científicos sobre humanos, animais e muito mais.
Este é o Apu. Agora dê uma olhada na palma da mão dele. Viu algo estranho? Preste atenção nas pontas dos dedos. O Apu e a família dele têm uma mutação genética super-rara. Tão rara que só é vista em pouquíssimas famílias no mundo todo. Eles não têm impressões digitais! Essa condição é chamada de adermatoglifia e se tornou conhecida somente em 2007.
Você pode pensar, “Ah, não é nada de mais.” Mas pense em todas as situações nas quais usamos digitais, como para desbloquear o celular, por exemplo. Esse tipo de dado biométrico está entre os mais coletados do mundo. O Apu e a família dele sofrem com essa condição enquanto o mundo usa cada vez mais as digitais.
Em 2008, Bangladesh implantou um sistema de carteira de identidade para todos os adultos, e adivinhe só o que a base de dados exigia? Uma impressão digital do polegar. Os funcionários não sabiam o que fazer, então acabaram entregando uma carteira de identidade para essa família atípica com um selo que dizia “sem impressão digital”.
Da mesma forma, em 2010 as impressões digitais se tornaram obrigatórias para passaportes e carteiras de habilitação. Os membros da família agora têm um laudo médico para apresentar às autoridades, mas ainda assim enfrentam problemas.
Em 2016, por exemplo, o governo tornou obrigatório vincular uma impressão digital com o banco de dados nacional para comprar um chip de celular. As empresas não sabiam da condição do Apu, então ele registrou seu cartão no nome de sua mãe. Mas ele não é o único.
Uma mulher suíça quis entrar nos Estados Unidos. Tudo estava dentro dos conformes: o rosto dela era o mesmo da foto no passaporte, mas ela não tinha impressões digitais para comparar. Na verdade, ela não tinha digital nenhuma. Essa raridade é hereditária. Então, em uma família, duas ou mais pessoas podem tê-la. Ainda bem que, até onde sabemos, o único problema que isso causa é navegar pelo mundo sem um tipo de identificação.
Quando você pensa na Torre de Pisa, provavelmente a imagina um pouco inclinada para o lado. Bem, é melhor atualizar essa imagem. A torre está se endireitando. Apesar de parecer legal e especial, o ângulo de inclinação dela não era uma coisa boa, considerando a “idade” da torre. Ela foi construída no século 12, então precisava ser alinhada. Sendo assim, a construção foi fechada para o público para ser reforçada. Engenheiros colocaram toneladas de contrapeso de chumbo na fundação e tiraram terra do lado inclinado. Todos os esforços foram bem-sucedidos e reduziram a inclinação da torre em 4 centímetros. Pois é, isso fez uma diferença enorme. Depois, em 2001, o monumento foi reaberto a turistas, com fundações mais seguras e mais fortes.
Vamos voar da Itália para o Peru para ver a famosa cidadela inca Machu Picchu. Você já ouviu falar que é impossível ver as principais partes dessa cidade histórica? Sim, é verdade — 60% da infraestrutura está debaixo da terra! Os incas não queriam ser encontrados. Apesar de haver muitas rotas, câmaras e escavações interessantes, especialistas dizem que isso não é nada comparado ao que está escondido lá embaixo, pois esse povo antigo construiu estruturas profundas. Além disso, eles tinham um sistema de drenagem extenso, feito de pedras britadas, para conseguirem lidar com as variações climáticas. Só essas escavações históricas já fazem valer a pena se deslocar até o Peru para visitar essa cidade, não é mesmo?
Agora vamos falar sobre outra invenção humana — desta vez, ela é moderna e veio do Japão. Se você é fã de sorvete, preste bastante atenção, pois cientistas japoneses inventaram um que não derrete! Esses profissionais descobriram nos morangos uma substância que pode manter essa sobremesa congelada mesmo sob um calor de 30 graus Celsius. O sorvete derrete muito depois do que deveria, por que esse ingrediente dificulta a separação da água e do óleo.
Aqui está outra doçura, só que não é de comer — é do reino animal. Você já se perguntou por que os gatos ronronam? Muitas pessoas acham que, quando eles emitem esse som, significa que estão felizes. Mas não é só isso. Os gatos usam esse recurso, que é parcialmente voluntário, parcialmente instintivo, para se comunicar, mas também fazem isso para se acalmar e até para se curar.
Veja bem — os bichanos geralmente ronronam quando estão machucados ou quando passam por alguma situação estressante. Eles não conseguem enxergar nem ouvir nada quando chegam a este mundo e isso dura cerca de duas ou mais semanas. Mas o interessante é que eles começam a ronronar dois dias após o nascimento. Isso é para informar à mãe onde eles estão e, claro, para pedir leite. Os gatos continuam a fazer isso mesmo depois de adultos. É por esse motivo que seu gato ronrona quando você coloca comida na vasilha dele.
Quanto à parte calmante, é só comparar o ronronado a um choro humano. Enquanto nos debulhamos em lágrimas em situações de estresse, os bichanos ronronam. O barulho que eles emitem é terapêutico não só pra gente, mas para eles mesmos. Alguns veterinários dizem que os gatos se deitam perto uns dos outros e ronronam quando um deles está ferido. Isso é chamado de “ronronterapia”. Enfim — os gatos domésticos ronronam a uma frequência de mais ou menos 26 Hertz. Isso está dentro da gama que ajuda na regeneração dos tecidos. Na natureza, os gatos se deitam e ficam à espera de sua presa. É assim que eles passam grande parte do tempo. Considerando esse cenário, ronronar pode estimular os ossos, para que eles não enfraqueçam.
O mesmo se aplica aos humanos, pois temos produtos que emitem vibrações parecidas com a de um ronronar, criados com fins terapêuticos. Vários pesquisadores acreditam que colocar uma placa vibratória sobre a perna de um astronauta pode ajudar a manter a densidade óssea durante longas missões espaciais. Então, o ronronar vai muito além de uma carinha feliz.
Lembra que falamos sobre os flamingos no começo? Ao ouvir o nome deles, geralmente o que vem à mente são duas coisas; primeiro a cor rosa, e depois o fato de eles se apoiarem em uma perna só. Há algumas teorias que explicam por que essas aves ficam em uma perna só. Os flamingos fazem isso por horas a fio, principalmente quando estão dormindo ou tirando uma soneca no meio do dia.
A teoria mais popular entre os zoólogos é de que é uma forma de poupar energia. Esses animais se apoiam em uma perna só para prevenir a fadiga muscular, pois ficam mais equilibrados e estáveis usando uma perna do que as duas. Isso tem a ver com a anatomia de seus ligamentos e tendões. Com uma perna, fica mais fácil permanecer em uma só posição.
“Não dá pra ter tudo nesta vida!” é um ditado que se aplica às aves também. Pelo que dá pra perceber, ou os passarinhos são bons cantores, ou são bonitos. Cientistas chegaram a essa conclusão após analisarem mais de quinhentas espécies de animais voadores. Passarinhos com penas coloridas são mais propícios a cantarem só o básico, enquanto os que se assemelham com as fêmeas, com plumagem menos atraente, têm mais talento no canto.
Agora que você sabe que os passarinhos machos não podem agradar seus olhos e ouvidos ao mesmo tempo, podemos falar sobre o puffin. O bico dessa ave pode ser fluorescente. Os bicos dos puffins do Atlântico acendem quando vistos sob luz UV. Esses animais conseguem enxergar ondas de comprimento UV também. Então, os puffins são capazes de distinguir os bicos uns dos outros durante o dia. Algo relacionado às pontes dos bicos deles permite que a luz UV seja absorvida e reemitida como um brilho, mas especialistas ainda não descobriram como isso acontece. O tal brilho provavelmente serve para atrair outros pássaros. Sim, se você fosse um puffin, não ia querer ter um bico sem graça.
Existem outros animais que brilham sob luz ultravioleta, como os escorpiões. Esses certamente fazem isso para enxergar melhor à noite. Cientistas acreditam que os escorpiões convertem a luz UV vinda da lua para fluorescerem. O brilho deles é azul esverdeado e não é à toa que essa seja a cor que eles enxergam melhor. O Bicho-pau, o piolho-de-cobra, o gafanhoto e um certo tipo de rã também brilham sob luz UV. Agora eu tô aqui matutando: Como seria se a gente também tivesse visão ultravioleta?