Cientistas encontraram algo bizarro sob essas camadas de gelo
Descobrir lugares escondidos em nosso planeta é extremamente emocionante! Hoje, vou levar você em uma viagem da qual não vai se esquecer tão cedo. Mas vista-se! Vai ficar muito frio por aqui. Você pega um avião e aterrissa na ilha coberta de gelo da Groenlândia. Uma vista inacreditável da Aurora Boreal, também conhecida como Aurora Polar, veio saudar você. Você não acredita no que está vendo! Seu guia diz quão raro é esse fenômeno. Normalmente, as pessoas passam dias tentando visualizá-lo. Você se sente com sorte e aproveita o tempo para apreciar essas belas luzes esverdeadas dançantes. Está feliz por ter trazido a câmera, não está? Entre cliques, você descobre que a Aurora Boreal é o resultado de alguns eventos bastante difíceis. Esse show de luzes espetacular ocorre quando partículas de alta energia do Sol batem na atmosfera superior da Terra.
No segundo dia, você continua a explorar o local por via aérea. Isso pode não ser uma surpresa, mas a Groenlândia é uma das maiores ilhas do mundo. Desta vez, a bordo de um helicóptero, você pode ver a paisagem infinitamente gelada. Caso esteja curioso, agora você está voando sobre 1,7 milhões de km quadrados de gelo espesso. Oh! O que é aquilo lá embaixo? Parece uma família de ursos polares! Você não quer chegar muito perto, é claro. As condições na Groenlândia podem ser muito difíceis para as pessoas viverem lá, mas algumas espécies de animais se dão muito bem nessa terra gelada. Ali são renas, lobos e raposas árticas.
A caminho da Groenlândia, você provavelmente fez uma parada em Copenhague. A Dinamarca é um dos poucos países com voos comerciais para a Groenlândia. Você não sabia disso antes, mas descobre que a ilha é, na verdade, parte do Reino da Dinamarca. No mapa, ela fica entre os oceanos Ártico e Atlântico. Você tem sorte de ter um piloto local que lhe conta os segredos escondidos nesse cenário. Sob essa superfície branca de 3,2 quilômetros de espessura há um mundo totalmente diferente. Um mundo cheio de cânions, crateras esculpidas por meteoros e fósseis de plantas milenares. Você está muito animado para visitar tudo isso, mas, claro, terá que usar sua imaginação, pois tudo está escondido sob o gelo. Acredite ou não, quase 80% da superfície da ilha está coberta por ele.
A primeira parada do seu passeio é o Grand Canyon da Groenlândia. Seu desembarque não é muito longe dali, em algum lugar na parte norte da ilha. Você deve saber que os cânions são vales profundos e estreitos com lados íngremes. Mas aposto que não sabia que a palavra cânion, na verdade, vem da palavra espanhola caño, que significa “oco” ou “tubo”, com seu aumentativo canhão. Esse Grand Canyon tem algumas semelhanças com o dos EUA. Em primeiro lugar, em tamanho. Tem pelo menos 750 km de comprimento e até 800 m de profundidade em alguns lugares. Há um verdadeiro vale subglacial lá embaixo. E se você está se perguntando como isso aconteceu.... Bem, o desfiladeiro provavelmente foi formado por um rio que corria pela Groenlândia antes que o gelo tomasse conta de tudo.
É isso mesmo. A Groenlândia nem sempre foi coberta de gelo. Já foi verde — sem brincadeira! Muitos outros lugares gelados da Terra, como a Antártida, já foram cobertos de vegetação. Os cientistas descobriram que, no passado, a Groenlândia era praticamente livre de gelo. Com a ajuda de radares aéreos, eles fizeram descobertas incríveis. (A propósito, o gelo é invisível para a tecnologia de radar! Se você tem dificuldade em acreditar, tente colocar um cubo de gelo dentro do seu micro-ondas. Ele não derrete nem aquece!) Uma descoberta recente de plantas fossilizadas permitiu aos pesquisadores estimar que a Groenlândia costumava ser muito mais quente do que se poderia imaginar! Uma pesquisa de 2021 realizada pela Universidade de Vermont encontrou fósseis de galhos e folhas, o que deixou os pesquisadores boquiabertos. Eles esperavam descobrir areia e rochas na camada mais profunda de gelo. Mas, em vez disso, encontraram uma prova de que ali existia uma rica flora!
A julgar pelo que você vê da paisagem, é difícil acreditar que as florestas já cresceram ali. Hoje, você encontrará alguma vegetação de tundra na parte costeira da ilha. E é praticamente isso. Mas, conforme o material genético encontrado nessas plantas fossilizadas, os pesquisadores acreditam que a ilha costumava ser muito mais verde. É muito provável que existiram florestas cheias de insetos com borboletas e besouros voando por ali. E a temperatura média na ilha variava de 10°C no verão a −17°C no inverno. A Operação IceBridge da NASA sobrevoou a Groenlândia mais de 100 vezes. Isso permitiu que os pesquisadores criassem mapas 3D da ilha e descobrissem a idade de cada camada do manto de gelo da Groenlândia. As camadas de gelo podem ajudar a responder a muitas questões científicas à medida que se formam ao longo de milhares de anos. São camadas de neve em cima de mais neve. A neve é compactada em gelo, que, por sua vez, cria o que chamamos de manto de gelo. Lembra daqueles fósseis de que estávamos falando? Acredita-se que sejam do período Eemiano, que foi de 130.000 a 115.000 anos atrás.
De acordo com as imagens 3D inovadoras da NASA, foi possível identificar três períodos climáticos distintos na camada de gelo. A camada superior é bastante plana e uniforme. Se você decidir cavar mais fundo, encontrará a camada formada durante a última Idade do Gelo. É mais complexa e robusta. O gelo lá é mais escuro do que o que você vê na superfície. Se você deixar sua mente viajar, poderá imaginar como era essa parte do mundo quando os mamutes vagavam por aí. Se você continuasse cavando, acabaria encontrando restos de gelo do período Eemiano de que lhe falei. Mas os cânions não são a única coisa incomum encontrada sob o gelo! Se você pudesse dar uma espiada embaixo de todas essas camadas de neve, veria uma impressionante cordilheira e também fiordes profundos!
Em 2017, os cientistas criaram um mapa que mostrava como era a Groenlândia sem todo aquele gelo. Havia uma depressão em forma de tigela no meio da enorme ilha. Essa depressão possivelmente era um lago. Ao seu redor havia um círculo de cordilheiras costeiras. Esse cenário provavelmente se assemelhava às paisagens da Patagônia moderna. Grandes montanhas com cumes nevados, cercando lagos cristalinos. Esse antigo lago na Groenlândia é uma maravilha por si só. Imagine um poço do tamanho de Rhode Island e Delaware juntos! Acredita-se que o lago tenha coberto mais de 7000 quilômetros quadrados e, no passado, era alimentado por pelo menos 18 córregos diferentes. Essas águas azuis e cristalinas eram certamente muito convidativas! E congelantes, é claro. Mas, se você insistir em nadar, eu diria: tome cuidado! A profundidade da água pode chegar a 243 metros em alguns lugares.
No terceiro dia de sua aventura, você descobre um verdadeiro parque aquático sob o gelo! Enquanto está caminhando pela ilha, seu guia diz para você ficar atento às rachaduras na superfície. Essas rachaduras são responsáveis pelo moderno “aqua lounge” acontecendo lá embaixo. A água do degelo e da chuva escorrem pelas rachaduras do gelo até os leitos dos rios, formando uma paisagem de lagos e riachos cheios de água cristalina. Os pesquisadores estimam que existam cerca de 60 pequenos lagos sob o gelo. E, sim, são lagos de verdade! Talvez uma das características ocultas mais impressionantes desta ilha seja uma cratera de meteoro! Sob a geleira Hiawatha você pode encontrar uma cratera de impacto de 30 quilômetros de largura, grande o suficiente para engolir a cidade de Washington! Aparentemente, um asteroide de ferro de cerca de um quilômetro e meio atingiu a atmosfera da Terra nos últimos 100.000 anos e escolheu a Groenlândia como seu ponto de pouso. Se alguém estivesse por perto para ver, teria testemunhado um verdadeiro show — uma bola de fogo branca brilhante cortando o céu!
Os cientistas especulam que, se o asteroide pousasse em uma camada de gelo, certamente iria evaporar, transformando-se em água e pedra. Alguém parado a centenas de quilômetros do local do impacto teria ouvido um trovão ensurdecedor e experimentado ventos com força de um furacão. Na verdade, isso faz sentido. A velocidade aproximada dos meteoros que entram na atmosfera da Terra é de 72.400 quilômetros por hora. Só pra comparar, isso é duas vezes e meia a velocidade de uma nave espacial! Não teria como escapar de fazer um barulhão e de deixar uma enorme cratera no chão!