Argentino revela como é morar e trabalhar no Japão, e alguns choques culturais pelos quais passou após mudar-se para lá

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há 2 anos

Nakandakari, mais conhecido como Naka, é um argentino filho de pais japoneses, membro do canal Japatonic, guia turístico e profissional da área elétrica. Há cerca de 14 anos, ele se mudou da Argentina para o Japão, e no YouTube conta como foi e como tem sido sua experiência de passar a viver no país.

Por meio deste artigo, o Incrível.club compartilha com você a história de Naka e da sua mudança de vida, mostrando os aspectos mais relevantes de sua jornada no Japão.

1. Razões para morar (ou não) no Japão, segundo Naka

Naka revelou alguns prós e contras de morar no Japão. Para ele, questões envolvendo política e religião não são problema, pois existe muita tolerância. Além disso, os órgãos administrativos do governo e os serviços são eficientes e rápidos, ainda que um tanto burocráticos. Outro ponto favorável é o fato de o Japão ser quase sempre impecável.

Há diversas alternativas de alimentos e alta qualidade dos produtos, mas se você for estrangeiro, possivelmente terá dificuldades para encontrar itens do país de origem. E se seu tamanho de roupas ou calçados não corresponderem às medidas padronizadas no Japão, também pode se ver obrigado a procurar muito até achar algo que sirva. Por outro lado, os japoneses costumam seguir vários hábitos ao pé da letra, deixando um pouco mais complicada a missão de se adaptar à cultura local.

Já como ponto positivo, o Japão conta com grande variedade de atividades recreativas. Muitas delas são gratuitas, mas ainda assim é preciso cuidar bem do orçamento, pois a cidade de Tóquio é bem cara: os aluguéis, mesmo de apartamentos pequenos, costumam ter preços elevados. O país conta com quatro estações bem marcadas em termos de temperaturas.

2. Como trabalhar no Japão e qual o custo de vida

Para muita gente que considera a possibilidade de aventurar-se a viver no Japão, uma das dúvidas que comumente surgem é sobre como se sustentar financeiramente e encontrar trabalho no novo país. A primeira coisa a levar em conta é que, para trabalhar no Japão, é preciso ter um visto de permanência ou de trabalho. Geralmente, estrangeiros latinos solicitam um visto do tipo “Working Holiday”.

O passo seguinte é conseguir um emprego. Para quem não domina o idioma local, as oportunidades são poucas, mas com um pouco de sorte é possível encontrar algo. Segundo Naka, funções menos qualificadas (atendimento ao público ou em plantas de produção de fábricas) pagam em média cerca de 2 mil dólares (aproximadamente R$ 10 mil). Um professor de inglês pode receber por volta de 2.500 dólares (quase R$ 13 mil), enquanto o salário de um auxiliar de escritório chega em média aos 3 mil dólares (R$ 15.500). Já no setor de construção, os profissionais recebem aproximadamente de 2.500 dólares a 4 mil dólares (R$ 13 mil a R$ 20 mil).

Por outro lado, o salário em funções de maior qualificação varia entre 4 mil e 10 mil dólares (de R$ 20 mil a R$ 50 mil). Os valores correspondem ao salário bruto, sendo que é preciso descontar os impostos nacionais. Mas e quanto aos gastos mensais? Os serviços (água, luz e Internet) giram em torno dos 250 dólares (R$ 1.300) e o aluguel de um apartamento pequeno costuma ficar perto dos 700 dólares (R$ 3.600), podendo variar de acordo com o bairro. Já com alimentação para duas pessoas costuma-se gastar aproximadamente mil dólares (cerca de R$ 5 mil). Todos esses valores são aproximados e mensais.

3. Como os bichos de estimação são tratados no Japão

Os japoneses adoram os pets. Nos últimos anos, o país registrou um aumento na preferência dos humanos pelos gatos em relação aos cães, já que estes últimos exigem mais disponibilidade de tempo, além de maiores cuidados e passeios constantes.

Segundo Naka, comprar um bicho de estimação no Japão é caro, pois dependendo da raça e do tamanho, eles podem custar o equivalente a R$ 5 mil a R$ 15 mil. Já a manutenção, por outro lado, tende a sair por menos de R$ 250 por mês.

No Japão existe uma lei que obriga os donos de pets a colocar microchips nos bichos. A intenção é fomentar a responsabilidade, evitar maus-tratos e o surgimento de bichos de rua. Segundo Naka, os tutores que provem não ter mais condições de cuidar dos respectivos animais podem acionar o Centro de Saúde Veterinária.

O serviço dá abrigo aos pets e os disponibiliza para adoção. Felizmente, existe muita consciência social a respeito disso, e há vários abrigos comprometidos com o bem-estar animal. Aliás, há certos lugares marcados pela forte presença animal. Na ilha de Aoshima, por exemplo, vivem cerca de 120 felinos e apenas 20 pessoas.

4. Diferenças do idioma japonês para o português e o inglês

Naka revelou que, ao chegar no Japão, não sabia ler nem falar o idioma com fluência, até porque lá existem três tipos diferentes de abecedários: hiragana, katakanakanji. Os dois primeiros tipos representam um alfabeto composto por letras ou sílabas que, combinadas, formam palavras. Já o último é formado por símbolos que representam uma palavra em si.

Mas algo muito peculiar notado pelo argentino é a forma com que os japoneses usam o inglês. Como em muitos casos as letras japonesas são sílabas, os nativos daquele país têm dificuldade para pronunciar o inglês por conta da união de sílabas compostas ou pela falta de letras, caso da letra “L” . Em um de seus vídeos, Naka deu diversos exemplos de palavras sem tradução do inglês, mostrando como os japoneses as pronunciam.

5. Hotéis-cápsula

Uma das particularidades encontradas no Japão são os hotéis-cápsula, criados originalmente para funcionários de escritórios, dando a eles a oportunidade de ter hospedagem sem pagar muito. Hoje, há estabelecimentos em várias categorias e faixas de preços.

A cápsula oferece alguns acessórios para um maior conforto, como travesseiros, cobertores e até pijamas em alguns casos, além de conexão à Internet e carregadores para dispositivos eletrônicos. Há ainda vasos sanitários inteligentes que emitem sons e chegam até a dar as boas-vindas ao usuário. Tudo isso proporciona uma experiência única, ao menos de acordo com o descrito por Naka em um de seus vídeos.

Na mesma publicação, ele contou um episódio divertido vivido quando ele alugou uma cápsula para mostrar aos seus seguidores. O youtuber achou tudo muito interessante até se dar conta de algo: o lugar não tinha portas. Foi quando ele notou a presença de uma cortina ajustável na lateral. Ou seja, ele conseguia ouvir tudo o que acontecia nas outras cápsulas e vice-versa.

6. Ir ao banheiro no Japão

Naka já contou em seus vídeos como são os banheiros japoneses. Muitos deles são limpos e tecnológicos, a maioria é de uso público e com fácil acesso para qualquer pessoa. Aqueles destinados a pessoas com dificiência contam com uma gravação indicando todas as instruções, além de um botão de emergência para chamar alguém que dê assistência, caso necessário.

Existem lugares onde a privada é climatizada. Além disso, alguns vasos sanitários permitem regular a quantidade e a pressão da água para mandar os dejetos embora. Muitos também lançam jatos de água para higienização após o uso, chegando até a tocar música durante a experiência.

7. Coisas do Japão que ele não acha tão agradáveis

Entre as coisas peculiares do Japão e das quais Naka não gosta estão:

  1. O nível de privacidade é excessivo, tanto que muita gente sente o peso da solidão.
  2. A falta de contato físico ou expressões de carinho. Os japoneses não costumam andar de mãos dadas, enquanto abraços são bem raros.
  3. Cultura do trabalho: “Viver para trabalhar”.
  4. Tatemae: os japoneses costumam ser muito simpáticos, mas nem sempre são sinceros quanto aos próprios sentimentos.
  5. Os trâmites envolvem muita burocracia.
  6. Os médicos só trabalham em dias úteis e até as 17 horas.

8. Alguns choques culturais

Em alguns de seus vídeos, Naka contou certas coisas que o deixaram surpreso no Japão. Entre elas podemos destacar: os carros avançam pelo lado esquerdo e retornam pelo direito (e é comum que as pessoas andem pelas calçadas da mesma forma); os japoneses têm a capacidade de dormir em qualquer lugar, como praças, bancos ou transporte público; e existe um consumo excessivo de plástico.

Além disso, a influência da cultura dos desenhos animados é bastante visível, então é comum observar jovens vestidos com roupas que remetam a personagens de animes. Por último, mais uma curiosidade: para os trâmites legais, eles não usam firmas reconhecidas, e sim carimbos personalizados feitos em madeira.

9. Do que Naka mais gosta no Japão

Já entre as coisas tipicamente japoneses preferidas do jovem estão:

  1. A segurança
  2. A praticidade (banheiros em todo lugar, lojas abertas 24 horas).
  3. Estabilidade econômica.
  4. Cultura do respeito.
  5. A honestidade dos japoneses.
  6. O Japão está sempre em busca de avanços tecnológicos e construções inovadoras.
  7. Há fácil acesso a todo tipo de hobbies e esportes.
  8. A comida. A maioria é saborosa e barata.
  9. Ampla riqueza cultural.

Em sua opinião, o que o Japão parece ter de mais interessante? O que acha da ideia de mudar-se para lá? Não deixe de registrar seu comentário!

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