A sujeira mais cara na Terra custará 9 bilhões de dólares

Curiosidades
há 6 meses

As pessoas estão gritando e acenando com as mãos na sala de leilões. O leiloeiro não consegue acalmar todos porque o lote sobre a mesa é a sujeira mais cara do mundo. Seu preço é de cerca de US$ 9 bilhões. Mas é muito difícil imaginar seu valor real. Porque é sujeira de Marte. É tão cara porque vai levar uma década, bilhões de dólares e três missões espaciais para trazer a sujeira aqui, na Terra. E já começamos a primeira missão.

Em 30 de julho de 2020, o foguete Atlas cinco de uso único foi lançado da superfície da Terra em direção a Marte. O custo dessa operação foi de cerca de US$ 109 milhões. O foguete carregava o rover Perseverance e o drone Ingenuity. O voo durou cerca de sete meses. No dia 18 de fevereiro de 2021, o destino finalmente foi alcançado. O módulo de pouso que transportava o rover e o drone foi lançado na atmosfera de Marte. Os heróis robóticos viajaram dentro de uma cápsula mais rápido do que a velocidade do som. Embaixo, a cápsula era protegida por um escudo térmico para evitar que a valiosa carga queimasse devido às altas temperaturas.

Era hora de a equipe do Centro de Controle da Missão da NASA cerrar os punhos e torcer para que o pouso ocorresse sem problemas. Todo o processo foi automático. Assim que a cápsula de carga entrou na atmosfera de Marte, um paraquedas foi aberto com sucesso. Isso reduziu a velocidade dela para 420 metros por segundo. Assim que a velocidade de queda caiu para subsônica, o escudo térmico foi removido. Neste ponto, as pessoas viram a superfície de Marte pela primeira vez com a ajuda da câmera e do radar colocados dentro da cápsula, que já estava se movendo a uma velocidade comparável à de um supercarro em uma pista de corrida.

A velocidade de queda caiu para 145 metros por segundo a uma altitude de 9 km e meio acima da superfície. É a essa altura que os aviões voam na Terra. A uma altitude de cerca de 3 km e meio, os oito motores a jato do módulo de pouso foram acionados. O sistema de navegação ajustou a trajetória. O módulo de pouso então se separou da cápsula do paraquedas e começou sua descida independente a uma velocidade de 75 metros por segundo.

Todos no Centro de Controle de Missão da NASA estavam esperando por um pouso bem-sucedido.

300 m acima da superfície.

A taxa de descida é de 30 metros por segundo. A cerca de 20 metros acima da superfície, o sistema de guindaste começou a baixar o rover até a superfície. O Perseverance lançou suas seis rodas como um avião libera seu trem de pouso. As rodas do veículo espacial estavam cada vez mais perto do solo! Mais alguns metros e... Touchdown! No mesmo momento, o Perseverance cortou os cabos do guindaste. Toda a equipe na Terra explodiu de alegria!

No momento seguinte, o rover também cortou os cabos que o conectam ao módulo de aterrissagem. Ele voou e fez sua própria aterrissagem descontrolada. Em outras palavras, caiu na superfície do Planeta Vermelho.

A segunda etapa da missão que supostamente entregará a sujeira mais cara da história para a Terra começou com a coleta de amostras. Essa fase realmente começou há muito tempo na Terra. O rover carrega 43 tubos de titânio. Cada um deles pode conter uma amostra de solo do tamanho de um dedo mínimo humano. Enquanto preparavam esses tubos em um laboratório na Terra, os cientistas primeiro sopraram um pouco de ar através dos tubos. Em seguida, os banharam em banheiras cheias de acetona e outros produtos químicos para garantir que nenhuma bactéria permanecesse dentro. Depois, foram colocados em um forno aquecido a 150 graus por 29 horas.

Quando a Perseverance coleta amostras nesses tubos, elas podem ser armazenadas por pelo menos 10 anos. Em comparação, o material de solo lunar colocado em caixas seladas só podia ser armazenado por 10 dias. A Perseverance também possui muitos equipamentos e espectrômetros para a pesquisa de material. E ainda tem um laser poderoso. O rover pode derreter rochas sólidas em plasma e então analisar sua composição. Os cientistas esperam encontrar vestígios de organismos vivos nessas amostras de solo. É exatamente por isso que Perseverance pousou na Cratera Jezero.

Ela tem a largura do Grande Lago Salgado, nos EUA, e já foi cheia de água. Você pode ver leitos de rios secos e depósitos de argila ali. Isso faz os cientistas acreditarem que antes existia água naquela região. E como a água é a base de toda a vida, os pesquisadores esperam encontrar aqui vestígios de sua existência.

Outro objetivo do Perseverance é testar a tecnologia que permitirá a produção de oxigênio em Marte. As pessoas precisariam dele para respirar e como combustível de foguete. Para fazer isso, o rover usa MOXIE — ou Mars Oxygen In-Situ Experiment em inglês, Experiência ISRU de oxigênio em Marte, na tradução. Essa é uma caixa do tamanho de uma gaiola de hamster que pesa tanto quanto um cachorro grande. O objetivo é pressurizar o ar marciano de modo que se pareça com o da Terra e então aquecê-lo. Uma reação química com um metal especial dentro da caixa deve separar um átomo de oxigênio do dióxido de carbono. Como resultado, teremos monóxido de carbono e oxigênio puro.

Se a tecnologia for bem-sucedida, ela será dimensionada 200 vezes. Assim, produziremos oxigênio suficiente para que os astronautas respirem e para que os foguetes sejam lançados de volta à Terra. Portanto, o rover de US$ 2 bilhões e 700 milhões (esse preço inclui design, construção e manutenção) coletará amostras de terra e rocha até 2023. Ele deixará tubos fechados com material diretamente na superfície de Marte. E quase uma década depois, eles serão coletados. As pessoas precisarão de outro veículo espacial para fazer isso.

Uma nova missão precisará de vários bilhões de dólares para ser construída. Então, serão necessários 7 meses para chegar a Marte. Depois disso, haverá outro pouso complicado. Será um veículo espacial simples com rodas grandes. Elas o ajudarão a contornar as colinas marcianas. Grandes painéis solares irão alimentá-lo com eletricidade. Este rover irá reunir todas as amostras coletadas pela Perseverance. Em seguida, vai carregá-las em uma caixa do tamanho de uma bola de basquete e levá-la em direção ao foguete que pousará em Marte junto com o rover.

O próximo passo será trazer as descobertas à Terra. O foguete com o material de solo e rocha terá que decolar de Marte e entrar em sua órbita. Outra espaçonave estará esperando por ele lá. O foguete lançará o estojo de amostra e a espaçonave o pegará. Ela dará partida em seus motores e retornará à Terra.

Após a chegada, soltará um veículo de entrada. É basicamente uma cápsula protegida por escudos térmicos com a caixa de amostra dentro. Quando a cápsula entra na atmosfera da Terra, fica muito quente devido ao atrito com o ar. Mas os escudos protegerão o material e a cápsula pousará em algum lugar de Utah. Toda a missão de entrega das amostras ira durar cerca de 5 anos.

Só depois disso as amostras estarão prontas para pesquisa. E as pessoas finalmente descobrirão se houve vida em Marte. Foi antes do nascimento da Terra, cerca de 4 bilhões de anos atrás? Ou antes de os humanos se tornarem uma espécie inteligente? Os cientistas esperam encontrar as respostas para essas perguntas. É por isso que essas amostras valem, na verdade, muito mais do que US$ 9 bilhões.

E se Marte realmente se tornasse um lugar potencialmente habitável e as pessoas quisessem construir uma colônia lá? Então, seriam necessárias mais algumas décadas de trabalho antes que pudéssemos chegar ao Planeta Vermelho. Para fazer isso, as pessoas teriam que usar muitas dezenas de foguetes. Primeiro, uma espaçonave vazia seria colocada em órbita com a ajuda de um foguete de lançamento. Em seguida, outro foguete levaria carga para ela. E seria necessário mais um para reabastecer o veículo espacial. Só então começaria uma viagem de sete meses a Marte.

A espaçonave teria que entregar equipamentos de pesquisa, materiais de construção e outros suprimentos para Marte. Então, precisaríamos organizar a produção de energia. Podemos utilizar usinas nucleares ou painéis solares para isso. As casas para as pessoas provavelmente estariam localizadas no subsolo. A atmosfera de Marte não tem muita proteção contra a radiação solar. Portanto, seria necessário se esconder do sol.

As próximas tarefas seriam a produção de combustível e oxigênio. A MOXIE poderia nos ajudar com isso. E, claro, há o cultivo de alimentos. Isso seria feito em estufas herméticas em solo marciano. Mas ainda teríamos que usar trajes espaciais lá. Para se sentir em casa, as pessoas teriam que terraformar Marte. Teríamos que aquecer o planeta e criar uma atmosfera semelhante à da Terra. A pressão por lá agora permite apenas que a água exista em seu estado sólido. Teríamos que torná-la líquida.

Os cientistas oferecem muitas maneiras de fazer isso. Uma delas é fazer um enorme meteorito colidir com Marte. Mas seja qual for o método, ainda levaria muitas dezenas ou mesmo centenas de anos antes que pudéssemos chamar Marte de nosso novo lar.

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