A razão pela qual os Dukha não precisam de dinheiro para serem felizes
Um fato de conhecimento universal é a existência de diferentes culturas ao redor do mundo, cada uma vivendo de forma distinta e falando línguas diversas, algumas das quais são utilizadas por um grupo pequeno de pessoas. Enquanto isso, algumas culturas podem ser facilmente compreendidas, e outras difíceis de imaginar. Esse é o caso dos Dukha, uma sociedade semi-nômade que cria animais diferentes daquela que estamos acostumados. Com isso, confira a história desse povo e se envolva nessa cultura.
Os dukha e as renas (desde sempre)
O povo Dukha hoje vive pelas regiões ao norte da Mongólia. Porém, nem sempre foi assim. Originalmente, eles viviam na região de Tuva, que também fazia parte do país. Entretanto, quando a mesma foi integrada à Rússia, eles fizeram a migração para outro espaço. A outra região, constituída pela floresta de taiga, uma vegetação com pinheiros e abetos, enfrenta um inverno rigoroso e um verão ameno, o que a torna o espaço ideal para a perpetuação da criação de renas.
Sim, renas! Esse povo é conhecido por domesticar esses animais, utilizando-os como meio de transporte e para a caça. Além disso, eles utilizam o leite das renas para fazer chá, iogurte e queijo. Os chifres, quando retirados, são vendidos para o uso em remédios e suplementos alimentares. E, ao contrário do que se possa pensar, eles não se alimentam comumente da carne do animal, no máximo, um ou dois acabam sendo abatidos no ano.
A história dos dukhas através do tempo
Antigamente, muitas famílias seguiam as tradições dos Dukha, cerca de 200 grupos, porém esse número vem diminuindo com o passar do tempo. Muitos jovens acabam se deslocando das tradições e indo viver nas grandes cidades. Hoje, estima-se que existam cerca de 40 famílias.
O antropólogo de Harvard, Hamid Sardar-Afkhami, viveu com o povo por um período e afirma que os mais jovens já não aguentam mais viver nas duras condições, enfrentando o frio severo em meio à floresta de taiga: “Há um grande apelo à vida moderna. As dificuldades da vida tradicional como pastor de renas certamente desempenham um fator”. O que pode significar, a longo prazo, o sumiço desse povo.
Além disso, há outras dificuldades que acabam deixando o povo cada vez mais no limite para largar a vida semi-nômade. Como o fato do governo mongol ter delimitado a área de caça deles, abrangendo o espaço aos parques nacionais, deixando-os cada vez mais à margem da situação.
Uma vida dedicada as renas
Pode parecer distante para muitas culturas, mas na comunidade Dukha, a estrutura da sociedade gira em torno das renas. A importância é tamanha que, na opinião de alguns Dukha, sem as renas, a cultura se desfaz. As renas são parte essencial da comunidade, sendo treinadas desde os dois anos de idade. Curiosamente, quem efetua esse trabalho são as crianças, uma vez que as renas menores não conseguem carregar o peso de um adulto.
É por meio das renas que grande parte do trabalho é realizado. Elas são levadas para pastar, utilizadas para caçar e servem como meio de transporte para acessar diferentes áreas. Além disso, como os Dukha evitam o abate para alimento, possuem uma dieta baseada nos laticínios produzidos com o leite do animal. Em resumo, a vida dos Dukha se concentra no cuidado e manutenção desses animais.
Por muito tempo, eles se moviam quase mensalmente, sempre seguindo os animais. De acordo com as famílias dessa comunidade, as renas são mais espertas do que os humanos, por isso, eles sempre as estavam seguindo. Todavia, isso precisou mudar por conta das mudanças no ciclo de chuva e neve, o clima na floresta se tornou menos previsível. Com isso, o líquen, alimento principal na dieta das renas, fica vulnerável ao clima. Portanto, a população tem ainda mais cuidado com as movimentações, afinal, um passo errado e todo o rebanho pode estar em perigo.
Turismo Dukha
E engana-se quem acredita que esse povo fica afastado da civilização e sem contato com o mundo externo. Muito pelo contrário, durante todo o verão, o fluxo de turistas é constante, com pessoas vindo de todos os cantos do mapa. Enquanto alguns ganham dinheiro com os passeios turísticos, outros vendem itens como chifres, peles e sementes de pinheiro.
Apesar do dinheiro nem sempre ter sido utilizado entre esses habitantes, hoje ele acaba sendo importante. Primeiro, para a sobrevivência durante o inverno, já que a caça foi limitada. E também para aqueles que mandam os mais novos para a escola nas grandes cidades, necessitando de uma renda para pagar as mensalidades.
Ao fim, podemos notar como toda a vida dos Dukhas foi construída em cima da convivência harmoniosa com as renas, mas também com a adaptação à nova realidade, sempre tendo em vista não perder as raízes culturais.
Se os Dukhas são capazes de despertar mil sensações e deixa na imaginação como seria viver nas florestas da Mongólia rodeadas de renas, os Fulânis também não ficam para trás. Afinal, esse grupo é conhecido por ter os homens mais bonitos do mundo.