A maior cidade do mundo onde ninguém consegue chegar dirigindo
O rio Amazonas, o barco e a selva densa em ambos os lados. Tudo está em silêncio, apenas o motor está girando, e você olha em volta nervosamente sob o olhar sério do guia peruano. De repente, o homem sorri e aponta para a frente. É lá. Você finalmente chegou a Iquitos. A cidade fica escondida nas profundezas da floresta amazônica. De um lado, o local é cercado de água e do outro fica a densa e impenetrável floresta tropical a perder de vista, tornando a cidade extremamente difícil de acessar.
Primeiro, você teve que voar para a capital do Peru, Lima, uma vibrante cidade costeira. De lá, viajou de ônibus pelas vastas montanhas irregulares do Peru antes de mergulhar no coração da floresta amazônica. Após três dias de viagem de ônibus, chegou a um vilarejo onde a estrada acabou de repente. Com mais de 360 km², Iquitos é a maior cidade continental do mundo na qual não se consegue chegar por estradas.
Você ainda está a mais de 320 km de Iquitos, então daqui pega um barco ao longo do quente e úmido rio Amazonas, antes de finalmente chegar à remota cidade, cinco dias depois de deixar Lima. Quando põe os pés ali, nota que muitas das casas são construídas sobre palafitas. Isso porque, na primavera, o rio ao redor de Iquitos transborda, alagando partes da área. Por isso, o local foi apelidado de “a Veneza da Amazônia”. As casas sobre as palafitas são altas o suficiente para evitar as águas turvas do rio Amazonas.
Você ouve um zumbido alto vindo de toda a cidade. Parece que uma gangue de motoqueiros chegou! Na verdade, são motocarros. Existem poucos carros em Iquitos. Em vez disso, há motocicletas com pequenas cabines de passageiros anexadas a elas. São cerca de 45.000 dessas circulando por lá, tornando o local muito barulhento.
Sua viagem aos lugares mais isolados apenas começou, então você segue para a Noruega e chega à capital, Oslo. Imediatamente, entra em outro avião. Depois de um voo de três horas, pousa no aeroporto público mais ao norte do mundo, Longyearbyen. Então sai da aeronave para ver uma pequena e colorida cidade cercada por montanhas cobertas de neve. Não há vilarejo mais ao norte do que este. Longyearbyen se traduz como “A Cidade de Longyear” em homenagem a seu fundador americano, o minerador de carvão John Longyear.
Ali dá um passeio ao longo da costa da pequena cidade. A água é de um lindo azul cristalino e você decide mergulhar o dedo do pé para testá-la. Ai! Péssima ideia. A temperatura média da água aqui é de zero grau, ou seja, congelante!
À distância, você pode ver uma criatura branca e difusa. É um urso polar! Na verdade, um grupo deles! Em Longyearbyen, os ursos polares superam os humanos em quantidade. Cerca de 3.000 desses animais povoam a área, em comparação com a população humana de 2.300 moradores. Finalmente, o sol se põe. Você pega um cobertor e se recosta para admirar a vista deslumbrante da aurora boreal.
Agora, imagine que está caminhando no calor escaldante pelo Grande Mar de Areia do Egito. Você tem andado por quilômetros, horas, dias até. Sonhando com água, vegetação e um lugar para descansar. De repente, se depara com um pequeno povoado com olivais, palmeiras e até nascentes de água doce. Esta não é uma miragem induzida pelo calor. É o Oásis de Siwa, uma cidade egípcia de 23.000 habitantes e um milagre da natureza.
Você viaja para lá voando até a capital do Egito, Cairo, e, em seguida, embarcando em uma longa e desolada viagem de ônibus pelo deserto. Quando finalmente avista alguma vegetação no meio da areia, é porque chegou no Oásis de Siwa. Depois de se refrescar nas águas frescas das nascentes, explora ainda mais o local e se depara com ruínas antigas. A cidade existe desde 10.000 antes de Cristo, e muitos vestígios históricos ainda podem ser encontrados por lá hoje. Entre essas ruínas, você percebe que há construções mais novas. É ali que vive o povo Siwi dos dias atuais.
Você passa algum tempo com os Siwi, uma comunidade amigável e única de egípcios. Eles contam tudo sobre a região deles. O Oasis de Siwa fica localizado no meio do Deserto do Saara e, devido ao seu clima severo, é uma das cidades mais remotas do mundo. Você percebe como o ar é seco e o sol escaldante. A temperatura alcança níveis máximos de 48 °C, e esse calor torna o Oásis de Siwa um lugar difícil de se viver.
É hora de viajar para um clima mais equilibrado. Você segue para o nordeste e chega à capital da Rússia, Moscou. De lá, pega um voo para o leste novamente, viajando cada vez mais pelo território russo até ficar mais perto do Alasca do que de Moscou. Agora, chegou a Petropavlovsk, que se traduz como “cidade de Pedro e Paulo”.
A primeira coisa que vê são montanhas gigantescas cercando a cidade, isolando-a do resto do mundo. Essas montanhas são na verdade vulcões. Nesse extremo leste da Rússia existem mais de 300 vulcões, incluindo 29 ativos. Eles impedem que qualquer estrada chegue a Petropavlovsk. A cidade depende de voos e barcos para importar suprimentos.
Você se afasta dos vulcões para olhar o oceano azul cintilante. A água está linda, então vai até a praia, onde uma multidão de leões-marinhos toma banho de sol na areia. Petropavlovsk é lar de uma vida selvagem incrivelmente diversificada: longe da costa, é possível avistar uma barbatana de baleia saindo da água.
Você explora a paisagem diversificada da cidade. Vai até uma das estações de esqui da cidade e passa o dia nas pistas. Em seguida, anda por um caminho rochoso até a base de um dos muitos vulcões da cidade. Finalmente, é hora de relaxar em um passeio de barco ao redor da ilha para ver a famosa formação rochosa dos Três Irmãos.
Inspirado, parte para outra área vulcânica: a Ilha de Páscoa do Chile. O local não tem porto e apenas uma companhia aérea voa para essa terra remota. Então você viaja um dia inteiro para Santiago, no Chile. Em seguida, sobe a bordo de um pequeno avião e voa para a Ilha de Páscoa.
Nesta ilha árida caminha ao longo dos altos penhascos e se depara com seus famosos monumentos. São estátuas gigantescas e misteriosas de cabeças humanas. Elas são chamadas de Moai e foram esculpidas pelos habitantes locais há cerca de 800 anos.
Você inspeciona a terra sob seus pés, que parece muito seca. A Ilha de Páscoa consiste em três vulcões antigos: o solo vulcânico torna muito difícil o cultivo ou a vegetação. Muitas das árvores foram derrubadas há centenas de anos para dar lugar aos monumentos de pedra, conferindo à ilha a aparência vazia que tem hoje.
Você embarca em um passeio de barco a 1.770 km a oeste da Ilha de Páscoa. E chega a uma pequena terra verde flutuando no Oceano Pacífico: a Ilha Pitcairn. É preciso lembrar que esse lugar desempenhou um papel importante no motim do navio HMS Bounty. Ao descer do barco, começa sua jornada para chegar a Adamstown, o centro da ilha onde vivem seus 43 habitantes. Para isso, caminha pela Hill of Difficulty, ou Montanha da Dificuldade em português, uma subida íngreme e rochosa de 60 m até o topo da ilha.
Agora que finalmente chegou, pode explorar a natureza diversa e única do local. A Ilha Pitcairn abriga a maior reserva marinha do mundo. Então nada melhor que um mergulho com snorkel e nadar ao lado de todos os tipos de peixes exóticos. Dá pra explorar recifes de coral vibrantes e até avistar uma rara baleia jubarte.
Sonhando com dias incríveis no Velho Oeste Selvagem, você decide viajar para Supai, no Arizona. Para atingir este assentamento nativo americano e parte do passado, dirige pela famosa Rota 66 dos EUA. Dá uma parada aparentemente no meio do nada, somente com terras desérticas até onde a vista alcança. Em seguida, pega uma trilha de caminhada de 13 km para chegar a Supai.
Depois anda até o Grand Canyon, com quase 915 m de profundidade, e se depara com uma cachoeira deslumbrante caindo sobre as falésias do cânion. Estas são as Cataratas Havasu, um ponto turístico popular, famoso por suas vívidas águas azul-esverdeadas.
Depois de caminhar mais um quilômetro e meio, finalmente chega a Supai. Mais de 200 membros da tribo indígena Havasupai residem nesta pequena localidade. Muitas vezes ela é referida como a cidade mais remota dos Estados Unidos. À sua esquerda, você vê várias mulas passando com pacotes nas costas. Como nenhuma estrada vai até esse pequeno povoado, a correspondência é entregue por um comboio de mulas. Sem ele, o carteiro levaria em média 16 horas caminhando para completar a rota.
Você anda pela área e se depara com muitas outras imponentes cachoeiras azuis. A natureza intocada e as incríveis vistas do Grand Canyon fazem a longa caminhada valer a pena. Depois de um lindo pôr do sol, a noite cai e não há luzes por quilômetros. A terra fica iluminada pelas inúmeras estrelas que brilham no alto.