16 Provas de que o ambiente de trabalho pode ser tudo, menos entediante

Você já se perguntou se personagens de desenhos animados podem ter sido inspirados em pessoas reais? Embora isso não aconteça com frequência, há casos que levantam essa suspeita — e o Shrek é um deles. Afinal, como explicar a semelhança impressionante entre o ogro mais famoso dos cinemas e o lutador Maurice Tillet, que fez sucesso no século passado? Além das feições marcantes, os dois compartilham algo ainda mais especial: um coração enorme.
Quando o filme de animação Shrek foi lançado em 2001, milhões de pessoas de todas as idades se apaixonaram pelo ogro grandalhão de coração generoso. Na mesma época, fãs de história e esportes notaram uma semelhança impressionante entre o personagem e um famoso lutador do século XX: Maurice Tillet. A DreamWorks, por sua vez, preferiu se manter em cima do muro — nunca confirmou, mas também nunca negou a inspiração.
Curiosamente, nos primeiros rascunhos do personagem, Shrek tinha um visual bem diferente. Foi só graças ao trabalho dos animadores da DreamWorks que ele ganhou suas orelhas alongadas, dentes espaçados e uma cabeça desproporcionalmente grande.
Seja como for, foi graças à estreia de Shrek nas telonas que o público começou a ouvir falar sobre o suposto lutador que inspirou o personagem — e descobriu que a vida dele foi tão cheia de aventuras quanto a do ogro verde do pântano.
Maurice Tillet nasceu em 23 de outubro de 1903, na região dos Urais, na Rússia. Filho de imigrantes franceses, sua mãe era professora e seu pai, engenheiro ferroviário. Na infância, Maurice não se diferenciava das outras crianças — exceto pela aparência encantadora, que lhe rendeu o apelido carinhoso de “Anjo” entre os familiares.
Em 1917, para escapar da Revolução Russa, a família de Tillet retornou à França. Maurice tinha apenas 14 anos na época. Foi nesse período que surgiram os primeiros sinais da doença que, com o tempo, mudaria sua aparência radicalmente e de forma irreversível.
Aos 17 anos, seu rosto e extremidades começaram a sofrer alterações visíveis. Dois anos depois, os médicos finalmente descobriram a causa: Maurice foi diagnosticado com acromegalia — uma condição caracterizada pelo crescimento desproporcional e deformação dos ossos, principalmente do crânio. Com o passar do tempo, a aparência angelical desapareceu completamente, e Maurice passou a ser alvo de piadas maldosas.
Ainda assim, ele se destacava nos estudos e nos esportes. Era um excelente jogador de rúgbi e, em 1926, teve até a honra de apertar a mão do rei George V da Inglaterra. Além disso, Maurice era um brilhante jogador de xadrez e dominava cinco idiomas: francês, russo, lituano, búlgaro e inglês.
Mais tarde, ingressou na faculdade de Direito, mas acabou precisando abandonar o curso quando a progressão da doença começou a afetar suas cordas vocais. Foi então que Maurice decidiu mudar os rumos de sua vida e buscar uma nova carreira.
Depois de trabalhar por cinco anos como engenheiro na Matinha, Maurice decidiu tentar a sorte no cinema, fazendo pequenas participações de comédia. No entanto, após atuar em alguns filmes, percebeu que dificilmente construiria uma carreira sólida na área. Mais uma vez, mudou de rumo — e acabou trabalhando como segurança em um estúdio de cinema.
Em 1937, Maurice conheceu por acaso o lutador profissional lituano Karl Pojello. Impressionado com a aparência marcante e o porte físico de Maurice, Karl o convenceu a se mudar para os Estados Unidos e investir na carreira profissional de lutador de wrestling.
Nos ringues americanos, sua aparência incomum e seu histórico esportivo se tornaram grandes aliados. Maurice adotou o apelido de infância como nome artístico, ficando conhecido como “O Anjo Francês”. E não demorou para o Anjo ganhar fama mundial. O wrestling o transformou em celebridade e o consagrou como campeão mundial dos pesos pesados — duas vezes.
Carismático, ele rapidamente conquistou o público. Seu golpe mais famoso, o “abraço de urso”, lhe garantiu diversas vitórias. O Anjo Francês encantou a Europa e, depois, virou o queridinho dos fãs do esporte nos Estados Unidos. Sua carreira no wrestling durou impressionantes 20 anos, período em que Maurice acumulou títulos e admiração por onde passava.
Se existe um motivo real para comparar o Shrek à pessoa em que ele foi possivelmente inspirado, essa razão está muito mais no coração do que na aparência. O que unia os dois era a vontade de ajudar os outros e fazer o bem. Apesar do ambiente duro — e muitas vezes brutal — da sua profissão, Maurice permaneceu gentil e empático. Ele realizava apresentações beneficentes e doava todo o dinheiro arrecadado para orfanatos e hospitais.
Maurice também entrou para a história como o único lutador de wrestling a ser recebido em audiência por um Papa — no caso, Pio XII. E protagonizou ainda uma cena inusitada: certa vez, aceitou posar como um homem de Neandertal em um museu nos Estados Unidos, numa brincadeira com sua aparência que divertiu tanto os visitantes quanto ele próprio.
Tillet e seu mentor, Karl Pojello, tornaram-se mais do que colegas de profissão — viraram grandes amigos. Infelizmente, quase ao mesmo tempo, ambos começaram a enfrentar sérios problemas de saúde. Karl foi diagnosticado com câncer de pulmão, enquanto Maurice lidava com o agravamento das complicações causadas pela acromegalia.
Karl Pojello faleceu em 4 de setembro de 1954. E Maurice Tillet morreu de um ataque cardíaco poucas horas depois de receber a triste notícia sobre o seu grande amigo. Os familiares decidiram não separá-los nem mesmo na morte e os enterraram juntos. Eles descansam lado a lado no mesmo jazigo em um cemitério lituano na cidade de Justice, nos Estados Unidos. Na lápide compartilhada, está gravada a frase: “Nem mesmo a morte é capaz de separar verdadeiros amigos”.
Quem sabe como teria sido o destino desse homem grandioso se a doença não tivesse cruzado seu caminho? Talvez ele tivesse se tornado um advogado brilhante. Mas a história não trabalha com “e se”. O século XX se lembra de Maurice Tillet como alguém talentoso, generoso e, acima de tudo, positivo, apesar de todos os desafios. E no século XXI, ele nos ensinou mais uma vez sobre empatia e bondade — mesmo que disfarçado na pele de um ogro desajeitado, mas de coração imenso.
A tão aguardada estreia de Shrek 5 trouxe mais do que apenas nostalgia — gerou um debate acalorado sobre o novo estilo da animação. Com mudanças polêmicas no visual dos personagens e novos dubladores, as opiniões estão bem divididas. E aqui você confere todos os detalhes e o que esperar dessa nova aventura, com lançamento programado para 2026!