9 Provas de que a vida no século XVIII não era tão simples como mostram as novelas
As novelas de época costumam entreter as pessoas mostrando uma vida que já está bem longe da nossa realidade. As roupas, os penteados, o modo de falar e os móveis de séculos passados são de encher os olhos e alimentar a imaginação. Porém, os historiadores têm uma visão muito menos glamourosa sobre como os brasileiros do passado viviam. E os seus hábitos eram tão peculiares que nos fazem ser gratos por nascer em outro período.
1. O comportamento das mulheres à mesa era regulado
A historiadora Leila Algranti fez uma pesquisa para desvendar como era a alimentação nos tempos coloniais do Brasil. Ela estudou não só o que os brasileiros da época comiam, mas também os seus costumes à mesa. Para as mulheres, por exemplo, era de bom-tom que comessem pouco para demonstrar educação e autocontrole. Além disso, existiam alimentos que apenas homens podiam comer, enquanto outros eram reservados às mulheres.
2. A privacidade só existia fora de casa
Não havia muita privacidade nas casas do século XVIII, já que as paredes tinham muitas frestas e buracos — isso quando elas não eram construídas pela metade. Assim, quando as pessoas precisavam disso, era mais fácil recorrer ao meio do mato, onde se podia estar sozinho e longe dos olhos dos outros. Inclusive, o banheiro era chamado de secreta e costumava ser um buraco na terra, que podia desembocar em um chiqueiro.
3. As paredes eram construídas de barro e esterco
Outra historiadora que desvendou o cotidiano do Brasil colonial foi Mary Del Priore, em seu livro Histórias da gente brasileira — Vol.1: Colônia. Uma das suas descobertas foi o uso de esterco de vaca misturado ao barro para construir as paredes das casas. O esterco era um ingrediente essencial para manter os insetos afastados. Geralmente, as pessoas reuniam a cozinha, o quarto e a sala em um único cômodo, mas o fogão a lenha ficava do lado de fora.
4. O passatempo era fofocar e catar piolho
Muitas pessoas podem se perguntar o que os brasileiros dos séculos passados faziam para passar o tempo, sem TV, celular, nem internet. Mary Del Priore também tem resposta para isso. Ela afirma que uma das principais formas de “lazer”, ou seja, descanso do trabalho, era catar piolhos. Outro passatempo era fazer fofoca, o que podia ser muito divertido entre amigos. Ainda assim, eles arrumavam motivos diversos para fazer festas, geralmente em relação às colheitas.
5. Os beijos eram dados apenas nas bochechas
A historiadora Mary Del Priore também falou sobre o romance. Ou mais precisamente, sobre como eram os beijos na época. Segundo ela, não havia o costume de dar beijos na boca, por um inconveniente que muitos já podem ter vivido: o mau hálito. Na época, a higiene bucal era muito precária, então as bocas realmente não eram lugares muito convidativos. Por isso, para os moradores do Brasil colonial, beijos só na bochecha e nas mãos.
6. As paqueras envolviam fungadas e tossidas
Ainda no assunto “xaveco”, o modo como os rapazes dos séculos XVII e XVIII chamavam a atenção das raparigas era bem curioso. Mary Del Priore explica a tática que ficou conhecida como “namoro de escarrinho”. Nela, os homens se postavam em frente às janelas onde as moças observavam a rua e não diziam nada. Apenas ficavam fungando, como quem está resfriado. Caso a moça correspondesse ao interesse, seguia-se uma série de tosses, cuspidas e assoar de narizes de ambos. Muito romântico.
7. Os almoços podiam ser bagunçados e anti-higiênicos
A imagem que temos de uma família barulhenta no almoço de domingo não se equipara a um almoço brasileiro do século XIX. Tenha em mente que guardanapos e talheres eram raros nas casas. Acrescente a informação que as pessoas não costumavam lavar as mãos (ou nem mesmo tomar banho). Agora, imagine uma mesa cheia, onde as pessoas comem dos pratos uns dos outros, em sinal de amizade e lealdade. O resultado é uma mesa com comidas saindo dos pratos, nada higiênica e com muito barulho.
8. A cebola era usada como desodorante
Sabendo que, na época, as pessoas não tinham o hábito de se banhar diariamente, nós já imaginamos como devia ser forte o cheiro delas, principalmente nas axilas. Sem desodorantes ou antitranspirantes, os nossos criativos antepassados pensaram logo em uma saída para combater a “sovaqueira”. A solução mais comum era esfregar uma cebola crua debaixo dos braços, combatendo um mau cheiro com outro mau cheiro.
9. Para tratar de doenças, médicos podiam receitar pólvora
Se hoje muitas pessoas reclamam da qualidade do atendimento médico, espere até saber a situação no final do século XVIII. Havia no Brasil cerca de doze médicos formados, todos vindos do exterior, para uma população que já contava com três milhões de habitantes. Devia mesmo ser muito difícil conseguir uma consulta. Entretanto, quando conseguiam, os “remédios” receitados pelos profissionais são, hoje, bem peculiares: desde pólvora até esterco de cavalo.
Com essas informações curiosas e reveladoras, nós vamos assistir às novelas de época com outros olhos a partir de agora. E você, se pudesse escolher uma época para viver, qual seria e por quê?