Quem foi Anna Wintour e por que ela foi escolhida como inspiração para a protagonista do filme ’O Diabo Veste Prada’

Quem nunca ficou curioso, na aula de história, sobre o que realmente acontecia dentro dos castelos medievais? Esqueça os bailes luxuosos e os torneios de cavaleiros — por trás daqueles portões imponentes, havia costumes inusitados e detalhes do cotidiano que passam longe dos livros. De rituais de higiene pouco convencionais a hábitos de hospitalidade para lá de curiosos, esses fatos têm tudo para transformar a sua visão sobre a vida na Idade Média.
Apesar de servirem como residências da família, os castelos medievais raramente eram ocupados de forma permanente. O senhor feudal, sua esposa e seus criados — que podiam variar de 30 a 150 pessoas — passavam a maior parte do tempo viajando de um castelo para outro com todos os seus pertences: camas, lençóis, tapeçarias, louças, castiçais e baús.
Por isso, durante o ano, a maioria dos aposentos ficava simplesmente trancada. O coração do castelo era o grande salão, o cômodo mais quente e ornamentado, onde aconteciam recepções, festas, danças, apresentações de teatro ou de canto. Os quartos mais reservados tinham camas com dossel e lareiras portáteis especiais. Ainda hoje é possível encontrar nichos nas paredes desses cômodos onde os criados colocavam lamparinas e velas ao anoitecer.
Os aposentos dos criados geralmente ficavam logo acima da cozinha. Eram apertados, mas quentinhos e com cheiro bem mais agradável do que outros cantos do castelo. Os empregados de menor patente nem sonhavam com uma cama própria — dormiam onde fosse possível.
O dia começava antes do amanhecer e terminava por volta das 7 da noite, sem folgas e com pagamentos ínfimos. Em compensação, recebiam uniformes nas cores da casa e alimentação o ano inteiro, o que fazia com que muita gente disputasse uma vaga de trabalho no castelo.
Os cozinheiros tinham uma das tarefas mais difíceis: alimentar até 150 pessoas, duas vezes ao dia. No cardápio da época, podiam aparecer cisnes, pavões, cotovias, faisões e, claro, carnes mais comuns para nós hoje, como boi, porco, cordeiro, coelho, veado. A maioria dos alimentos era preparada diretamente no fogo: caldos e ensopados em caldeirões, e carnes assadas no espeto.
Os pratos eram temperados com mostarda e especiarias, mas o sal era usado principalmente para conservar carnes no inverno, em grandes tonéis. A nobreza comia a maioria dos alimentos com as mãos ou facas — os garfos só apareceram no fim da Idade Média, e muitos nobres inicialmente os viam como uma futilidade divertida.
A nobreza também não dispensava um docinho. Com o tempo — especialmente durante e após as Cruzadas — os cozinheiros passaram a ter acesso a uma variedade maior de ingredientes, incluindo novas especiarias que eram adicionadas às receitas. Assim, aquela massa fina e crocante assada em moldes de ferro acabou evoluindo para uma iguaria mais refinada, que mais tarde seria chamada de waffle. Por volta do século XV, moldes retangulares começaram a ser usados no lugar dos redondos.
Curiosamente, os moldes de waffle da época — assim como ainda hoje em alguns países — eram presentes comuns de casamento. Eram decorados com brasões, desenhos, imagens de animais ou outros símbolos ligados a uma família nobre ou a determinada localidade. Era um presente personalizado e muito prático.
Os castelos eram mantidos sempre limpos, mesmo que isso exigisse bastante trabalho. Os pisos costumavam ser cobertos com juncos ou palha misturados a ervas aromáticas.
Esses tapetes peculiares podiam ser varridos e trocados quando ficassem muito sujos, o que ajudava a manter os cômodos limpos e até a isolá-los do frio. As janelas — quando existiam — eram cuidadosamente limpas para remover fuligem e sujeira.
No quesito higiene pessoal, os nobres tinham muito mais oportunidades de se lavar do que as pessoas comuns. Os castelos geralmente tinham cômodos especiais para banho, onde os criados preparavam a água quente com antecedência para os senhores. E tomar banho era algo comum e até social. Nobres costumavam convidar convidados para banhos coletivos, e a água era perfumada com ervas e flores.
Além dos banhos, a nobreza seguia outros costumes de higiene pessoal: penteavam os cabelos com frequência, usavam pastas de dente rudimentares e lavavam as mãos antes das refeições. As roupas também eram trocadas e lavadas periodicamente, e perfumes e óleos aromáticos eram frequentemente usados para mascarar odores desagradáveis.
Já as pessoas comuns não tinham acesso fácil a água limpa. Por isso, os camponeses se limitavam a lavar as mãos e o rosto todos os dias. O banho completo ficava, geralmente, reservado para datas festivas ou dias quentes de verão, nas margens dos rios.
As mulheres nobres seguiam diversos rituais de beleza: dependendo da moda da época, removiam os pelos das pernas com pedras-pomes ou conchas afiadas e, às vezes, arrancavam os fios indesejados com pinças — mesmo com a desaprovação do clero sobre essas práticas. Talvez por isso esses hábitos não fossem populares também entre os camponeses.
Surpreendentemente, até mesmo na Idade Média, algumas mulheres pintavam os cabelos — e alguns homens tingiam a barba. Há registros de receitas de tintas para cabelo que sobreviveram até os dias de hoje. Podemos supor que, com isso, a nobreza demonstrava o desejo de parecer deslumbrante mesmo dentro das muralhas de pedra frias e escuras das fortalezas.
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